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Um novo Google vem aí: saiba o que muda na reformulação do buscador

O Google deve aposentar a lista com os 10 links mais buscados da primeira página de resultados; a mudança, que deve facilitar a busca ao usar inteligência artificial, pode impactar a receita via anúncios de quem produz conteúdo suportado por visualizações

Google em reconstrução: mudança para resultados de pesquisa gerados por IA diminuirá o tráfego que o Google envia a outros sites (ROBYN BECK/Getty Images)

Google em reconstrução: mudança para resultados de pesquisa gerados por IA diminuirá o tráfego que o Google envia a outros sites (ROBYN BECK/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 12 de maio de 2023 às 16h04.

Última atualização em 13 de maio de 2023 às 14h14.

No cemitério de serviços do Google atualmente existem mais de 40 produtos. Alguns deles, dignos de saudade, como Google Reader e Orkut. Outros, ninguém notou quando se foram. Na lista, apenas para rememorar, Google+ e YouTube Gaming, que sucumbiram frente à concorrência de Facebook e Twitch, respectivamente.

Mas agora, prestes a achar um jazigo para chamar de seu, está a primeira página do buscador com seus top 10 links mais buscados, que depois de 25 anos deverá ser substituída por uma forma mais rentosa de apresentar resultados de pesquisa: texto gerado por inteligência artificial (IA).

Chamada de Search Generative Experience (SGE), ou "experiência de busca generativa", na tradução para o português, a nova interface faz com que, quando o usuário fizer uma consulta na caixa de pesquisa, os links que direcionam para sites apareçam apenas por um breve momento antes de serem empurrados para fora da página por informações geradas por IA. O sites ainda ainda estarão acessíveis, mas é preciso rolar a tela muito abaixo do que atualmente funciona a página.

Ainda que funcione de forma semelhante ao Bing, da Microsoft, e a versão atual da página de resultados de pesquisa do Google não ser perfeita — muitas vezes, é confuso e cheio de links de sites que burlaram o sistema para chegar lá —, a nova versão muda completamente como uma grande parte da humanidade obtém informações todos os dias.

Essas mudanças podem ser para melhor, com a rapidez com a qual o buscador entregará um resultado filtrado pelas milhões de vezes que usuários o validaram — mas também há o risco de o pior acontecer, quando as fontes forem escassas ou pouco confiáveis para determinar informações precisas.

O caminho era um só

Não há como negar que a controlada da Alphabet já indicava essa direção. A empresa promove continuamente mudanças na interface de busca, com o intuito de que os usuários não tenham de sair de seu site, e quando precisem, de preferência seja para a página de um anunciante.

Bons exemplos que promoveram isso são Knowledge Graph, a ficha de informações que aparece ao lado direito da primeira página com descrições, datas e outros assuntos relacionados (lançado em 2012), e os snippets, que no Brasil aparece como ''as pessoas também perguntam''.

A SGE é o próximo passo lógico neste processo. Para ver como a nova tecnologia pode ser transformadora, basta olhar para a demonstração do Google na quarta-feira, 10, durante o evento para desenvolvedores I/O. Funcionando como uma vitrine que exibe a tecnologia em seu estado da arte, antes de se posta à prova na mão selvagem dos usuários, o funcionamento se mostrou fluído, centrado na resposta mais desejada e, claro, resultados de anunciantes.

“Com esta nova e poderosa tecnologia, podemos revelar tipos totalmente novos de perguntas que você nunca pensou que a pesquisa poderia responder e transformar a maneira como as informações são organizadas, para ajudá-lo a classificar e entender o que está por aí”, escreveu Elizabeth Reid, VP de Pesquisas do Google, no blog da empresa

Sites com menos acesso

A SGE, se implementada de forma mais ampla, provavelmente também terá um efeito dramático no ecossistema de mídia suportado por anúncios. Esse mercado depende da relação entre pessoas que clicam nos links exibidos pelo Google e acessam conteúdo envolto de propaganda, muitas vezes, vendida pelo próprio Google.

Se a SGE agrupar todas essas informações em um resumo confiável no topo dos resultados e elas forem entendidas como suficiente, as pessoas podem não clicar em nenhum outro link, diminuindo a receita de quem produz conteúdo.

Isso é preocupante em um ambiente que pouco se recuperou de outras mudanças da plataforma, e é uma dinâmica para qual a big tech tem respondido pouco. Afinal, quem alimenta a SGE com informações confiáveis será pago por isso? A empresa ainda não se posicionou sobre o assunto.

Felizmente, considerando que o sites precisam de tempo para se adaptar, a SGE não será imposta a todos, pelo menos no início. Atualmente, funciona como um recurso experimental acessível após a inscrição em uma lista de espera.

Dito isso, considerando quanto o Google falou sobre IA nas últimas semanas, não é difícil imaginar um futuro em que a empresa integre a novidade totalmente à experiência de pesquisa — especialmente com a Microsoft em seu encalço.

E afim de tranquilizar aqueles que não se afeiçoam por IA, considere que o Google cravava, há pouco tempo, precisamente no I/O de 2016, que a busca por voz através de assistentes virtuais seria o futuro da pesquisa e até dos smartphones. Amazon, Apple e outros gigantes embarcaram na onda e hoje pouco se fala no uso e penetração da tecnologia. Até se provar funcional, a SGE segue sempre com um pé no cemitério de ideias do Google.

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