Uber vence em NY, mas fica em debate sobre desigualdade
A Uber ganhou sua maior batalha política até agora, mas recebeu golpes políticos que poderiam prejudicar sua reputação a longo prazo
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2015 às 19h43.
A Uber Technologies Inc. acabou de ganhar sua maior batalha política até agora, pressionando com sucesso o prefeito de Nova York a recuar em sua luta contra a empresa de reserva de táxis.
Ao longo do caminho, contudo, a Uber recebeu golpes políticos que poderiam prejudicar sua reputação a longo prazo.
O prefeito Bill de Blasio perdeu esse round, mas colocou sob os holofotes um argumento liberal contra o serviço: a Uber prejudica trabalhadores, ignora deficientes, entope as ruas e sobrecarrega os motoristas com uma política de preços injusta.
Ele comparou a Uber a empresas como Exxon Mobil Corp. e Wal-Mart Stores Inc., basicamente colocando a Uber do lado errado do ajuste de contas dos EUA com a desigualdade de riqueza, uma questão que já está agitando a campanha presidencial de 2016.
“Pelo fato de a Uber ser uma empresa impetuosa, nova e em crescimento, ela pode muitas vezes se tornar o ponto central de uma discussão polarizada”, disse Arun Sundararajan, professor da Faculdade Stern de Negócios da Universidade de Nova York. “É fácil ser a favor ou contra a Uber”.
A administração Blasio planejou restringir o crescimento das frotas de reserva de táxis com 500 ou mais carros a 1 por cento, enquanto autoridades municipais realizam um estudo sobre os congestionamentos.
Blasio abandonou a limitação, mas a cidade ainda estudará como a Uber e outros serviços de carros de aluguel afetam o trânsito e o ambiente. Além disso, as autoridades não descartam a imposição de um limite no futuro.
A batalha entre a Uber e a administração Blasio tem sido rancorosa e bastante pública.
Enquanto os dois lados brigavam, a Uber se viu atrelada ao debate da desigualdade. Ao responder à acusação de Blasio, de que quanto mais veículos da Uber nas ruas, menores são as oportunidades para que seus motoristas tenham uma vida decente, a empresa com sede em São Francisco divulgou um vídeo de 30 segundos no qual argumenta que está levando transporte seguro a bairros não atendidos.
Postura da Uber
“Os táxis muitas vezes recusam pessoas em bairros de minorias, mas a Uber está lá, transportando mais pessoas de e para comunidades fora de Manhattan do que qualquer outra empresa”, disse o vídeo.
Muitos dos motoristas da Uber são liberais que vivem na cidade, e a empresa não quer ser vista como um fator que impulsiona a desigualdade. Se os táxis forem posicionados como o padrão comercial justo do mundo do transporte, isso prejudicaria a Uber entre os motoristas de tendência esquerdista.
Além disso, quanto mais a Uber for associada a grandes empresas e ao capitalismo, e não a uma onda populista em prol dos trabalhadores, mais difícil será para a empresa de compartilhamento de corridas conquistar governos regionais nos EUA e no exterior.
A chamada economia do compartilhamento – da qual a Uber é a menina dos olhos – se tornou parte dos debates nacionais sobre a desigualdade de renda.
Empresas como a Uber estão enfrentando contestações judiciais, que questionam se elas remuneram os motoristas de forma justa.
Processos de motoristas
A Uber diz que seus trabalhadores são contratados de forma independente e, por isso, não têm direito a benefícios previdenciários e a outras proteções ao trabalhador.
Alguns motoristas discordam e estão processando a Uber, a Lyft e outros serviços para conseguirem que a Justiça os classifique como funcionários.
O candidato presidencial republicano Jeb Bush já começou a se posicionar como amigo; usou carros da Uber para ir a reuniões em São Francisco e elogiou o serviço por ajudar um motorista a pagar um curso de medicina sem contrair dívidas.
A democrata Hillary Clinton, por sua vez, tem dito que a Uber levanta “questionamentos difíceis”, declarações que foram recebidas com frieza no setor tecnológico.
Blasio está “tentando se posicionar como o líder mais esquerdista do país”, disse David Plouffe, um membro do conselho e estrategista da startup com sede em São Francisco e ex-conselheiro do presidente dos EUA, Barack Obama, antes de o prefeito abandonar a imposição de limites a esse tipo de serviço.
Em um artigo de opinião no New York Daily News, no auge da briga, Blasio escreveu: “Nenhum fundo de guerra político e multibilionário de uma empresa lhe garante um cheque em branco para contornar as proteções vitais e a fiscalização dos nova-iorquinos”.
Talvez esta não seja a última vez em que a Uber ouve falar do prefeito.
A Uber Technologies Inc. acabou de ganhar sua maior batalha política até agora, pressionando com sucesso o prefeito de Nova York a recuar em sua luta contra a empresa de reserva de táxis.
Ao longo do caminho, contudo, a Uber recebeu golpes políticos que poderiam prejudicar sua reputação a longo prazo.
O prefeito Bill de Blasio perdeu esse round, mas colocou sob os holofotes um argumento liberal contra o serviço: a Uber prejudica trabalhadores, ignora deficientes, entope as ruas e sobrecarrega os motoristas com uma política de preços injusta.
Ele comparou a Uber a empresas como Exxon Mobil Corp. e Wal-Mart Stores Inc., basicamente colocando a Uber do lado errado do ajuste de contas dos EUA com a desigualdade de riqueza, uma questão que já está agitando a campanha presidencial de 2016.
“Pelo fato de a Uber ser uma empresa impetuosa, nova e em crescimento, ela pode muitas vezes se tornar o ponto central de uma discussão polarizada”, disse Arun Sundararajan, professor da Faculdade Stern de Negócios da Universidade de Nova York. “É fácil ser a favor ou contra a Uber”.
A administração Blasio planejou restringir o crescimento das frotas de reserva de táxis com 500 ou mais carros a 1 por cento, enquanto autoridades municipais realizam um estudo sobre os congestionamentos.
Blasio abandonou a limitação, mas a cidade ainda estudará como a Uber e outros serviços de carros de aluguel afetam o trânsito e o ambiente. Além disso, as autoridades não descartam a imposição de um limite no futuro.
A batalha entre a Uber e a administração Blasio tem sido rancorosa e bastante pública.
Enquanto os dois lados brigavam, a Uber se viu atrelada ao debate da desigualdade. Ao responder à acusação de Blasio, de que quanto mais veículos da Uber nas ruas, menores são as oportunidades para que seus motoristas tenham uma vida decente, a empresa com sede em São Francisco divulgou um vídeo de 30 segundos no qual argumenta que está levando transporte seguro a bairros não atendidos.
Postura da Uber
“Os táxis muitas vezes recusam pessoas em bairros de minorias, mas a Uber está lá, transportando mais pessoas de e para comunidades fora de Manhattan do que qualquer outra empresa”, disse o vídeo.
Muitos dos motoristas da Uber são liberais que vivem na cidade, e a empresa não quer ser vista como um fator que impulsiona a desigualdade. Se os táxis forem posicionados como o padrão comercial justo do mundo do transporte, isso prejudicaria a Uber entre os motoristas de tendência esquerdista.
Além disso, quanto mais a Uber for associada a grandes empresas e ao capitalismo, e não a uma onda populista em prol dos trabalhadores, mais difícil será para a empresa de compartilhamento de corridas conquistar governos regionais nos EUA e no exterior.
A chamada economia do compartilhamento – da qual a Uber é a menina dos olhos – se tornou parte dos debates nacionais sobre a desigualdade de renda.
Empresas como a Uber estão enfrentando contestações judiciais, que questionam se elas remuneram os motoristas de forma justa.
Processos de motoristas
A Uber diz que seus trabalhadores são contratados de forma independente e, por isso, não têm direito a benefícios previdenciários e a outras proteções ao trabalhador.
Alguns motoristas discordam e estão processando a Uber, a Lyft e outros serviços para conseguirem que a Justiça os classifique como funcionários.
O candidato presidencial republicano Jeb Bush já começou a se posicionar como amigo; usou carros da Uber para ir a reuniões em São Francisco e elogiou o serviço por ajudar um motorista a pagar um curso de medicina sem contrair dívidas.
A democrata Hillary Clinton, por sua vez, tem dito que a Uber levanta “questionamentos difíceis”, declarações que foram recebidas com frieza no setor tecnológico.
Blasio está “tentando se posicionar como o líder mais esquerdista do país”, disse David Plouffe, um membro do conselho e estrategista da startup com sede em São Francisco e ex-conselheiro do presidente dos EUA, Barack Obama, antes de o prefeito abandonar a imposição de limites a esse tipo de serviço.
Em um artigo de opinião no New York Daily News, no auge da briga, Blasio escreveu: “Nenhum fundo de guerra político e multibilionário de uma empresa lhe garante um cheque em branco para contornar as proteções vitais e a fiscalização dos nova-iorquinos”.
Talvez esta não seja a última vez em que a Uber ouve falar do prefeito.