Tecnologia

TikTok com Oracle e Walmart: entenda o negócio bolado por Trump

O acordo do aplicativo com a empresa de software e a varejista americana prevê a criação de uma nova companhia baseada nos EUA

TikTok (Hollie Adams/Bloomberg/Getty Images)

TikTok (Hollie Adams/Bloomberg/Getty Images)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 20 de setembro de 2020 às 11h03.

Criado em 2016 pela empresa de software chinesa ByteDance, aplicativo TikTok se viu no meio de uma disputa geopolítica entre os Estados Unidos e a China nos últimos meses. Em agosto, o presidente Donald Trump chegou a publicar um decreto que proibia o aplicativo nos Estados Unidos caso a ByteDance não se desfizesse da sua operação americana e vendesse o controle do aplicativo a uma empresa americana até o dia 20 de setembro.

Depois de uma negociação intensa, o aplicativo finalizou um acordo com a empresa de software Oracle e a varejista Walmart que agradou o presidente Donald Trump. Com isso, uma ordem que bania o TikTok das lojas de aplicativos a partir deste do domingo (20) foi adiada por uma semana, e a rede social criada pela ByteDance ganhou mais tempo para buscar uma solução para o embate.

O TikTok será vendido?

Os detalhes do acordo do TikTok com a Oracle e o Walmart não são públicos, mas o que se sabe até agora é que a Oracle concordou em uma parceria com o aplicativo para se tornar um “fornecedor tecnológico confiável”.

De acordo com o TikTok, os servidores da companhia serão usados para armazenar e gerenciar os dados dos usuários americanos do aplicativo, uma base de 100 milhões de pessoas.

A iniciativa pretende reduzir as preocupações do governo americano em relação à segurança nacional, para evitar que autoridades da China tenham acesso aos dados dos usuários americanos.

No caso do Walmart, ainda não está claro qual será o papel da varejista  americana na nova empresa.

O TikTok será controlado por americanos?

O acordo prevê a criação de uma nova empresa, a TikTok Global, que terá sede nos Estados Unidos e será responsável pelas operações do aplicativo no país.

De acordo com a imprensa americana, o acordo prevê que a Oracle terá uma participação de 12,5% na nova empresa, e o Walmart outros 7,5%, somando 20% ao todo.

O restante do capital da nova companhia (80%) continuará nas mãos da ByteDance, que tem entre os seus sócios fundos americanos e europeus, como as empresas de private equity General Atlantic, Sequoia Capital e Softbank.

Segundo a imprensa americana, no total, investidores e sócios americanos terão no final o controle de 53% da nova companhia dona do TikTok. No entanto, os fundadores chineses da ByteDance e os funcionários continuarão tendo participação no negócio.

É o fim das tensões?

Ainda não. O acordo com a Oracle e o Walmart ainda precisa ser avaliado e aprovado formalmente pelas autoridades americanas, apesar de o presidente Trump ter dito que estava satisfeito com o negócio “em teoria”.

A ordem que obrigava a retirada do TikTok das lojas de aplicativos nos Estados Unidos foi adiada em uma semana, para o próximo domingo, dia 27 de setembro, até que seja tomada uma decisão sobre o futuro do aplicativo.

Outra incerteza é a posição de Pequim no acordo do TikTok com a Oracle e o Walmart. Em agosto, o governo chinês fez uma mudança nas regras de exportação do país e incluiu uma nova regulamentação que proíbe a venda de tecnologias de inteligência artificial usadas para fazer a recomendação de conteúdo para empresas estrangeiras – uma medida que afeta diretamente o TikTok.

Embora a negociação com as empresas americanas não parece incluir uma venda da tecnologia original do TikTok para a nova companhia sediada nos Estados Unidos, ainda não se saber se as autoridades chinesas de fato vão estar de acordo com o negócio.

Acompanhe tudo sobre:ChinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)OracleRedes sociaisTikTokWalmart

Mais de Tecnologia

Apple Watch vai completar 10 anos: qual o futuro do dispostivo?

Microsoft obriga funcionários na China a usarem iPhones

De lavador de pratos a CEO bilionário: a jornada de Jensen Huang na Nvidia

Lançado há um ano, Threads ainda quer ser o novo Twitter

Mais na Exame