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Tempestade faz o Vale do Silício parar

Quando uma das tempestades mais fortes que já atingiram a Califórnia alagou São Francisco, empresas de tecnologia tiveram que deixar as inovações de lado

Mulher caminha por rua alagada na Califórnia: quando as pessoas perceberam que não tinham conexão à internet, uma loucura disparatada tomou conta rapidamente (Mike Blake/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 20h58.

São Francisco -O Vale do Silício está enfrentando a mais recente interrupção do setor tecnológico: a chuva .

Quando uma das tempestades mais fortes a atingir o norte da Califórnia em uma década alagou ontem a região da baía de São Francisco, as empresas de tecnologia tiveram que deixar as inovações de lado e arregaçar as mangas à moda antiga para manter tudo seco e conseguir energia elétrica.

Alguns programadores tiveram que participar de conferências munidos de lanternas depois que a luz acabou, enquanto outros resmungavam pelo aumento repentino dos preços para reservar um carro no aplicativo da Uber Technologies Inc., e todos tinham dificuldades para chegar a seus compromissos.

Muitos desabafaram as frustrações no Twitter com distintas hashtags, como #BayAreaStorm (TempestadeNaBaía), #hellastorm (tempestadeetanto) e #stormageddon (chuvagedom).

“No momento em que a luz acabou e as pessoas perceberam que não tinham conexão à internet, uma loucura disparatada tomou conta rapidamente”, disse Erin Nelson, diretora de comunicação e estratégia de marca da Location Labs, fabricante de aplicativos de segurança móvel, em Emeryville, Califórnia.

Quando a luz foi embora no escritório dela – e só voltou duas horas depois –, as pessoas da equipe de criação desistiram de trabalhar e começaram a fazer aviõezinhos de papel, a pendurá-los pelo escritório e a entrar na fila para jogar pingue-pongue, disse ela.

“Com certeza, uma visão do apocalipse”, brincou Nelson.

Gotas de chuva

Coisas assim aconteceram em todo o Vale do Silício, o que destaca o quanto a capital americana da inovação está despreparada para lidar com uma tempestade.

O dilúvio, provocado por um fenômeno meteorológico de movimento lento conhecido como Pineapple Express, iria verter de 10 a 15 centímetros cúbicos de chuva na região, de acordo com o Centro de Previsão Meteorológica dos EUA.

A chuva e os ventos fortes fizeram com que pelo menos 90.000 clientes da área ficassem sem luz, de acordo com a Pacific Gas Electric Co., a unidade de serviço da PG&E Corp., inclusive partes do centro de São Francisco e de outros lugares.

O Twitter ficou inundado de queixas pelo aumento dos preços no Uber, e a filial local da CBS informou em seu site que os preços durante o horário matinal de ida ao trabalho chegou a 3,8 vezes a tarifa normal. “Com o aumento da tarifa do Uber, meu bolso está achando que eu tive um filho”, brincou um homem.

Um representante da Uber não respondeu a um pedido de comentário.

Os executivos da Shyp, empresa que ajuda as pessoas a embalar e entregar itens usando uma equipe de mensageiros que são chamados de “heróis”, sabiam que talvez tivessem que interromper o serviço, pois a maioria dos funcionários faz as entregas de bicicleta. No entanto, foi uma decisão difícil, porque a empresa de um ano vinha de três dias com o maior volume desde que abriu, disse Lauren Sherman, diretora de marketing da Shyp.

“Acabamos decidindo que seria melhor para nossos heróis se interrompêssemos o serviço até que a tempestade acabasse”, disse ela.

Caldo de frango

Sherman agradeceu que os serviços de outras startups não tenham sido interrompidos. Ela pôde surpreender o namorado, que estava doente em casa, com a entrega de um caldo de frango. Ela usou o serviço de mensageiros Postmates Inc., com sede em São Francisco.

A Postmates teve um pico de atividade, como costuma acontecer quando o clima está ruim, disse a porta-voz April Conyers.

“Acho que nunca me senti tão em São Francisco: o aumento do @Postmates valeu a pena só por receber meus burritos @PapaloteSF em casa”, tuitou Amy Saper, estudante de MBA em Stanford.

A mensagem teve repercussão: “Para grandes males, grandes remédios!”.

Talvez o sofrimento ainda não tenha acabado. Bob Oravec, meteorologista do Centro de Previsão Meteorológica dos EUA em College Park, Maryland, disse que a chuva vai se espalhar pela Califórnia até o final desta semana. Depois que o fenômeno se afastar, o estado poderia receber outra tempestade na próxima semana, disse ele.

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Alguns programadores tiveram que participar de conferências munidos de lanternas depois que a luz acabou, enquanto outros resmungavam pelo aumento repentino dos preços para reservar um carro no aplicativo da Uber Technologies Inc., e todos tinham dificuldades para chegar a seus compromissos.

Muitos desabafaram as frustrações no Twitter com distintas hashtags, como #BayAreaStorm (TempestadeNaBaía), #hellastorm (tempestadeetanto) e #stormageddon (chuvagedom).

“No momento em que a luz acabou e as pessoas perceberam que não tinham conexão à internet, uma loucura disparatada tomou conta rapidamente”, disse Erin Nelson, diretora de comunicação e estratégia de marca da Location Labs, fabricante de aplicativos de segurança móvel, em Emeryville, Califórnia.

Quando a luz foi embora no escritório dela – e só voltou duas horas depois –, as pessoas da equipe de criação desistiram de trabalhar e começaram a fazer aviõezinhos de papel, a pendurá-los pelo escritório e a entrar na fila para jogar pingue-pongue, disse ela.

“Com certeza, uma visão do apocalipse”, brincou Nelson.

Gotas de chuva

Coisas assim aconteceram em todo o Vale do Silício, o que destaca o quanto a capital americana da inovação está despreparada para lidar com uma tempestade.

O dilúvio, provocado por um fenômeno meteorológico de movimento lento conhecido como Pineapple Express, iria verter de 10 a 15 centímetros cúbicos de chuva na região, de acordo com o Centro de Previsão Meteorológica dos EUA.

A chuva e os ventos fortes fizeram com que pelo menos 90.000 clientes da área ficassem sem luz, de acordo com a Pacific Gas Electric Co., a unidade de serviço da PG&E Corp., inclusive partes do centro de São Francisco e de outros lugares.

O Twitter ficou inundado de queixas pelo aumento dos preços no Uber, e a filial local da CBS informou em seu site que os preços durante o horário matinal de ida ao trabalho chegou a 3,8 vezes a tarifa normal. “Com o aumento da tarifa do Uber, meu bolso está achando que eu tive um filho”, brincou um homem.

Um representante da Uber não respondeu a um pedido de comentário.

Os executivos da Shyp, empresa que ajuda as pessoas a embalar e entregar itens usando uma equipe de mensageiros que são chamados de “heróis”, sabiam que talvez tivessem que interromper o serviço, pois a maioria dos funcionários faz as entregas de bicicleta. No entanto, foi uma decisão difícil, porque a empresa de um ano vinha de três dias com o maior volume desde que abriu, disse Lauren Sherman, diretora de marketing da Shyp.

“Acabamos decidindo que seria melhor para nossos heróis se interrompêssemos o serviço até que a tempestade acabasse”, disse ela.

Caldo de frango

Sherman agradeceu que os serviços de outras startups não tenham sido interrompidos. Ela pôde surpreender o namorado, que estava doente em casa, com a entrega de um caldo de frango. Ela usou o serviço de mensageiros Postmates Inc., com sede em São Francisco.

A Postmates teve um pico de atividade, como costuma acontecer quando o clima está ruim, disse a porta-voz April Conyers.

“Acho que nunca me senti tão em São Francisco: o aumento do @Postmates valeu a pena só por receber meus burritos @PapaloteSF em casa”, tuitou Amy Saper, estudante de MBA em Stanford.

A mensagem teve repercussão: “Para grandes males, grandes remédios!”.

Talvez o sofrimento ainda não tenha acabado. Bob Oravec, meteorologista do Centro de Previsão Meteorológica dos EUA em College Park, Maryland, disse que a chuva vai se espalhar pela Califórnia até o final desta semana. Depois que o fenômeno se afastar, o estado poderia receber outra tempestade na próxima semana, disse ele.

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