Pagamento por celular Mastercard: foco são as classes C, D e E, justamente as que possuem mais clientes desbancarizados, mas com grande penetração de telefonia móvel (Brian Ach/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2013 às 11h56.
São Paulo - Anunciada em novembro do ano passado como uma joint-venture entre a Telefónica International e a MasterCard, a Mobile Financial Services (MFS) está com quase tudo pronto para começar a operar sua plataforma de pagamentos móveis no País.
O serviço, ainda sem um nome comercial divulgado, deverá ter o pré-lançamento ainda em maio nas cidades paulistas de Sorocaba, Osasco, Jundiaí, Mogi e Guarulhos, além de Belo Horizonte.
Segundo o presidente da MFS, Marcos Etchegoyen, a inclusão da capital mineira acontece como uma espécie de teste para entrar em cidades maiores, como São Paulo, o que não deve demorar. "Não chegamos lá ainda, então tinha de haver um contraponto. A gente vai atrás da base da Vivo, e em São Paulo é onde ela tem a melhor posição", explica.
O roll-out começará a partir de janeiro de 2014, com o lançamento feito "em ondas" até cobrir todo o território nacional no decorrer do próximo ano.
"Vai demorar um pouquinho; não porque a gente não quer, mas porque é novo". Segundo o executivo, o que define as regiões iniciais de atuação, além da cobertura da Telefônica/Vivo, são a distribuição de agentes de recarga e uma concentração de clientes desbancarizados. Mas ainda há um grande caminho pela frente.
O foco da plataforma de mobile payment da MFS são as classes C, D e E, justamente as que possuem mais clientes desbancarizados, mas que conta com grande penetração de telefonia móvel. O serviço utiliza o USSD para comunicação, o que permite a compatibilidade com virtualmente qualquer tipo de aparelho do mercado, sem precisar trocar handsets ou SIMcards, oferecendo microtransações como recargas de celular, compras pequenas e transferências de baixo valor.
"Às vezes é difícil de explicar de tão simples que é",diz Etchegoyen. Ele garante que a vantagem do sistema é ser rápido, seguro e intuitivo, permitindo também o controle das despesas tanto pelo caráter pré-pago quanto pelo registro de histórico de transações via SMS.
"Conseguimos levar ao mercado uma tecnologia de pagamento por celular através de uma tecnologia simples. Eu quero concorrer com o dinheiro", declara o executivo.
Ecossistema informal
Outra vantagem é o aspecto de inclusão com pontos de venda. Segundo o diretor de marketing e produtos da MFS, Eduardo Abreu, os clientes poderão realizar transações em lugares onde não existe acesso fácil a agências bancárias.
"Eles conseguem chegar a regiões onde talvez outros não estejam; lugares muito simples, onde provavelmente (o usuário) não irá encontrar uma máquina POS de cartão, mas há um POS de recarga. A abrangência da telefonia é muito maior", diz.
Abreu cita um público-alvo desbancarizado, com algum tipo de renda informal, "que se resolve em um raio de 500 metros da casa, entre amigos". O executivo afirma que esse consumidor conta atualmente com três tipos principais de pagamentos mensais: água, energia e TV a cabo.
O telefone não aparece justamente por ser em um esquema pré-pago, e a ideia é buscar algum tipo de fidelização com esse cliente da Vivo, oferecendo mais formas de contato além da prestação de serviço de telefonia.
"Tem um ecossistema informal, esses caras não precisam de banco. Eles já se resolveram", avalia. Outra vantagem para esse tipo de consumidor, explica Abreu, é a oferta de um cartão de plástico da MasterCard que, por ser pré-pago, não exige avaliação de crédito.
Gigantes regionais
A estratégia da companhia também envolve parcerias com adquirentes, como a GetNet (com 400 mil pontos de venda no País), a epay (com mais de 22 mil pontos) e outras empresas do ramo.
"Já temos mais oito com quem estamos conversamos e, de alguma forma, queremos trazer para dar capilaridade a nosso produto", diz Marcos Etchegoyen.
Juntando todas as adquirentes, a MFS afirma contar com mais de 500 mil pontos de venda, número bem superior à quantidade de caixas automáticos (ATMs, na sigla em inglês), que totalizaram 182 mil unidades em 2011, segundo último estudo da Federação Nacional de Bancos.
O presidente da MFS espera ainda a parceria com o que chama de "gigantes regionais": empresas que dominam determinadas regiões do País, mas não tem alcance nacional.
"É diferente em comparação com outros adquirentes, como GetNet, Cielo e Redecard, que são inclusive importantes para nosso sistema", diz. "Mas em recarga tem 200 (empresas) equivalentes. Não quer dizer que são tão fortes; são pequenas, mas dominam a região".
O fato é que o negócio está caminhando independente do que se resolve no Banco Central para regulamentar os pagamentos móveis, mas Etchegoyen afirma que uma definição seria benéfica para a empresa. "A gente quer muito isso, porque qualifica o mercado e se evitam os aventureiros", diz.
A MFS acredita que isso também traria mais segurança ao usuário, apesar de já dar garantias ao consumidor. "O dinheiro do cliente vai estar separado em uma conta da MFS em nome dele, e esse valor não faz parte do ativo da MFS", afirma.