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Startup Buser cria bootcamp de programação para evitar escassez do mercado

Curso Buser-Camp oferece auxílio mensal de até R$ 3.500 para ensinar programação; no total, 13 de 19 alunos já foram contratados

Aula do Buser-Camp, na sede da startup em São José dos Campos (SP) (Buser/Reprodução)
LP

Laura Pancini

Publicado em 18 de abril de 2021 às 08h00.

Última atualização em 18 de abril de 2021 às 19h22.

Para atender a crescente demanda por profissionais de tecnologia , a Buser , plataforma digital de transporte rodoviário brasileira, decidiu formar seus programadores dentro de casa.

Por meio do Buser-Camp, programa de capacitação de desenvolvedores cuja primeira edição acaba de ser concluída, a empresa treinou 13 jovens profissionais, dos quais oito foram contratados pela startup. Considerando o projeto piloto, já foram capacitados pela iniciativa 19 alunos e 13 contratados.

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O programa, voltado a jovens com 16 anos ou mais, surgiu do interesse em “moldar o profissional” de acordo com as necessidades da startup. Ele teve início em janeiro e terminou na última semana de março e, durante os três meses de atividades, os alunos contaram com um auxílio mensal de até R$ 3.500. Parte do curso foi ministrado remotamente e outra parte presencialmente em São José dos Campos (SP), onde a empresa está sediada.

Usando o formato de bootcamp - curso imersivo em que o aluno pratica todos os dias, durante várias horas, tudo o que aprendeu até aquele momento -, a programação incluiu temas e programas conhecidos no universo dos “devs”, como construção de aplicações web para o mundo real de forma rápida e escalável, por meio de Python/Django, Javascript/Vue, Docker, NUXT e outros softwares.

No total, eles receberam mais de 3.500 inscrições para o bootcamp. Para entrar no programa, não houve nenhum pré-requisito de conhecimento na área e as provas de seleção foram de lógica e matemática.

Para Tony Lâmpada, diretor de tecnologia da Buser, o programa foi uma grande contribuição da empresa ao mercado - que enfrenta escassez de mão-de-obra qualificada na área de tecnologia digital. “A solução que o ensino superior oferece hoje em dia não encaixa no problema. A impressão que tenho é que o único caminho viável que temos para resolver esse problema é a iniciativa privada tomar as rédeas e decidir ser uma parte fundamental na formação de pessoas”, afirma Lâmpada em entrevista para a EXAME .

Além da parte de conteúdo, que durou as primeiras quatro semanas, os alunos tiveram a oportunidade de presenciar a rotina diária da equipe de tecnologia da Buser, aprendendo a lidar com os problemas reais da empresa. Eles também foram desafiados a desenvolver um projeto ao longo do treinamento, que poderia ser um aplicativo ou desenvolvimento de um sistema com temática livre. “Mesmo sem ter muito conhecimento prévio, eles conseguiram pegar rápido conceitos super novos e complexos”, relembra Lâmpada.

No total, a Buser conta com 38 colaboradores divididos em duas áreas de tecnologia: desenvolvimento web e engenharia e ciência de dados. Os formados pelo Buser-Camp são conhecidos como profissionais “Full Stack”, aqueles que têm conhecimento de infraestrutura, front-end e back-end para a área de desenvolvimento web, raros no mercado de trabalho.

Entre os jovens programadores efetivados, parte se juntou ao time de dados, parte ao desenvolvimento do Buser Passagens - serviço de marketplace de passagens de ônibus da plataforma -, além dos que foram remanejados a squads, como são chamados os grupos multidisciplinares na empresa, específicos, seja voltado a segurança, crescimento de negócio ou operações.

“Eu estou aqui para ser um facilitador para a pessoa se encontrar dentro do que ela gosta de fazer", comenta Lâmpada sobre seu papel no Buser-Camp. “Muitas das pessoas que entraram são jovens e ainda estão avaliando suas possibilidades de direção de carreira. O programa ajuda eles a terem mais clareza dos caminhos que podem seguir.”

Tony Lâmpada, diretor de tecnologia da Buser, durante aula do Buser-Camp (Buser/Reprodução)

Nas palavras de um ex-aluno

Para os participantes, o programa foi mais que um curso: ele representou a oportunidade única de realizar um sonho muitas vezes distante pela falta de experiência. João Marcos Cardoso, 25, estava finalizando seu curso de Engenharia Mecânica quando soube da oportunidade do bootcamp.

“Tive interesse e pensei que não tinha nada a perder”, conta João, que ressalta que a bolsa foi um fator essencial para dar esse passo. “Normalmente o esperado do curso é pagar para aprender e, nesse caso, estávamos ganhando uma bolsa para passar pelo processo de aprendizado.”

“Cheguei ao Buser-Camp com muita vontade e zero experiência em desenvolvimento web, e já na primeira semana coloquei uma aplicação no ar. Um mês depois apresentei um projeto bem grande e com um mês e meio de programa entreguei um sistema bem legal para uma área vital da Buser. Nada disso era imaginável para mim antes do Buser-Camp, e a experiência de colocar a mão na massa resolvendo problemas reais com o direcionamento correto, potencializa demais o aprendizado”, conta Cardoso, que agora faz parte do time que dá apoio a novos negócios.

“Mesmo sendo aluno, tínhamos acesso ao código inteiro da Buser. Aprendemos muito na prática e tínhamos uma relação de confiança muito grande”, conta. “O Buser-Camp foi uma aposta para mim e acabou sendo algo que reformou totalmente minha visão de carreira e meu rumo profissional.”

Com os resultados positivos do programa, a Buser está agora trabalhando na próxima edição do projeto, que pode acontecer ainda este ano, mas ainda sem prazo para abertura de inscrições.

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