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Startup brasileira lança creme antisséptico que promete aposentar o álcool gel

O Phitta Cream promete proteção prolongada contra vírus, bactérias e superbactérias; produto foi derivado de uma máscara de covid que vendeu 85 milhões de unidades na pandemia

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 1 de agosto de 2024 às 07h25.

Última atualização em 5 de agosto de 2024 às 15h07.

A pandemia de Covid-19 impulsionou a criação de diversas soluções para combater a disseminação do vírus. Um dos produtos inovadores que surgiu nesse período foi uma máscara que neutralizava o vírus, batizada de Phitta Mask. Idealizada pelo empreendedor Sérgio Betucci, enquanto as máscaras cirúrgicas comuns deveriam ser trocadas a cada 2 ou 3 horas, a Phitta prometia proteção durante 12 horas. Na época, a empresa viu seu faturamento saltar de 1,2 milhão de reais em 2020 para 30 milhões de reais em 2021, com mais de 85 milhões de máscaras vendidas.

Com o fim das restrições da Covid-19, o negócio perdeu a força e Betucci encarou a necessidade de criar um novo empreendimento. Após encerrar a operação e a relação com seus outros dois sócios, partiu para a missão de investigar se o princípio ativo que permitia a durabilidade da máscara de Covid-19, o Phtalox, que age como uma “água oxigenada” quando interage com o oxigênio no tecido e faz com que ele oxide vírus e bactérias, poderia ser utilizado em outros contextos. A pergunta era: onde mais ele poderia ser usado?

"Ao investigar outras formas de contaminação, descobri que 98% das transmissões ocorrem pelas mãos", contou Betucci. "Como todo mundo não gosta do álcool em gel, pensei em usar essa tecnologia em um creme", disse o empresário.

Sérgio Bertucci: fundador da Phitta (Reprodução/Divulgação)

O desenvolvimento do produto passou por diversos testes no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, sob a coordenação do doutor Edson Durigon, renomado cientista da instituição.

As análises mostraram que o creme foi capaz de inativar instantaneamente 99,8% para bactérias causadoras de doenças como leptospirose, difteria, coqueluche, meningite, gastroenterites, infecções urinarias, cólera; e 100% para vírus causadores de doenças como gripe, sarampo, rubéola, poliomielite, hepatite A e varíola do macaco.

Do teste para o mercado não levou muito tempo. Betucci lançou o creme há cerca de um mês e já está em processo de validação para outras funcionalidades, como a cicatrização de feridas em diabéticos e a eliminação do vírus da herpes.

"Estamos iniciando um piloto na academia Bodytech e pretendemos levar o produto também para o setor alimentício, onde pode ser usado para higienizar as mãos de funcionários e clientes. O plano é aposentar o álcool gel nesses espaços", explica Betucci.

Mercado e expectativas

O empresário tem grandes expectativas para a aceitação do produto no mercado. "O e-commerce já está em funcionamento e fechamos acordos com grandes redes de farmácias, como Drogaria São Paulo e Drogaria Venâncio. Além disso, estamos em negociações com empresas de facilities, como a JLL, que operam em gigantes da tecnologia como Google, Meta e Microsoft".

Para Betucci, o diferencial do creme está na sua inovação e na capacidade de oferecer proteção prolongada sem causar danos à saúde. "Somos o primeiro creme antisséptico, hidratante e vegano do mundo", destaca. Ele acredita que o produto pode revolucionar a forma como as pessoas lidam com a higiene das mãos, não só em contextos de pandemia, mas como uma prática cotidiana de saúde e bem-estar.

Desafios e aprendizados

Ao longo de sua trajetória, Betucci enfrentou diversos desafios, desde validar a eficácia do produto até garantir que ele não fosse tóxico ou inflamável. "Foram 14 meses de testes e laudos, cada novo teste era uma expectativa", conta. "No início, era difícil convencer os parceiros sobre a viabilidade do produto, mas os resultados falaram por si", relembra.

Agora, Betucci se prepara para introduzir o produto em hospitais e maternidades, onde a higiene é crucial. "A ideia é que visitantes e funcionários utilizem o creme para evitar a propagação de vírus e bactérias", explica. "Queremos que o uso do nosso produto se torne uma rotina de segurança para todos".

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