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Sony SmartWatch 3

Reza o velho adágio que não se deve julgar um livro pela capa. No entanto, pelo menos quando o assunto é Smartwatch, esse tipo de julgamento é válido por enquanto. Depois de uma renascença iniciada pelo Pebble, o hardware interno e o software desses eletrônicos convergiu amplamente, de modo que o design se tornou um […]

SmartWatch 3 1

SmartWatch 3 1

DR

Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2015 às 20h10.

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Reza o velho adágio que não se deve julgar um livro pela capa. No entanto, pelo menos quando o assunto é Smartwatch, esse tipo de julgamento é válido por enquanto. Depois de uma renascença iniciada pelo Pebble, o hardware interno e o software desses eletrônicos convergiu amplamente, de modo que o design se tornou um de seus principais diferenciais. Isso é particularmente verdade para os vários aparelhos que rodam o Android Wear e explica porque os fabricantes estão experimentando com formatos novos que ostentam telas redondas e curvas.

Esse não é o caso do SmartWatch 3, cujo design lembra alguns modelos antigos da Casio em vez de inspirar imagens futuristas. Quem puder olhar além do design convencional encontrará um relógio competente com alguns recursos interessantes para esportistas.

Chipset

Versão curta: Na prática, o SmartWatch 3 tem um desempenho quase idêntico ao da concorrência, mas se diferencia pelo GPS e pelo Wi-Fi.

O SoC do SmartWatch 3 é diferente do popular Snapdragon 400, mas é provável que ninguém note esse fato sem ler a lista de especificações.  O chip Broadcom (BCM23550) que habita este relógio se vale de 4 núcleos Cortex A7 rodando a 1,2 GHz, exatamente como o Snapdragon 400. O processamento gráfico é conduzido por uma VideoCore IV que é inferior à solução equivalente da Qualcomm, mas a GPU é quase irrelevante no mundo de baixa resolução dos smartwatches. 

Subjetivamente, o desempenho é basicamente idêntico ao de relógios recentes como LG G Watch R. Como a última versão do Android Wear já está bem otimizada, o único smartwatch que talvez frustre um eventual consumidor por questões de performance é o Moto 360 por causa de seu SoC antigo.  Portanto, é difícil apontar o processador como um diferencial do SmartWatch 3. Reconhecimento de voz e tempo de abertura de aplicativos são as facetas do Android Wear que estão mais expostas à lentidão de processamento, mas o aparelho da Sony não se destaca em nenhuma delas para bem ou para mal. A parte interessante do silício do Smartwatch 3 na verdade está além da CPU e da GPU.

Todos os relógios com Android Wear possuem chips com controladores de Wi-Fi pelo simples fato de que eles usam SoCs de smartphone, mas nem todos eles têm antenas de Wi-Fi. O G Watch R e o Asus ZenWatch, por exemplo, não têm antenas. Isso quer dizer que ele não podem se aproveitar da última versão do Android Wear, que libera a conexão direta a redes sem fio para que o relógio exiba notificações sem a ajuda de um celular. O mesmo não acontece com o SmartWatch 3, que se conecta sem problemas.

Outro ponto curioso do SoC é que ele suporta mais padrões de geolocalização que o normal. Além do usual GPS e Glonass, Beidou, QZSS e SBAS também marcam presença. Isso não quer dizer que a localização do Smartwatch 3 é necessariamente mais precisa ou que seu sinal é mais estável, mas ele suporta sistemas focados em outras regiões do mundo além de América e Europa.  O próprio fato de o relógio ter um GPS dedicado já é algo diferente quando se considera o universo maior dos smartwatches.

O que realmente faz falta no conjunto de chips e sensores do aparelho é o hardware para medir batimentos cardíacos. Pode-se argumentar que nem todo mundo precisa desse recurso, mas sua ausência é estranha em um aparelho que, no restante, tem uma vocação forte para os esportes. Isso é especialmente notável porque a maioria dos outros relógios oferece alguma forma de medição. Pelo que pudemos notar até agora, tais soluções têm se aproximado relativamente bem do grau de precisão de um equipamento dedicado de academia, logo não há porque omitir esse recurso.     

Tela

Versão curta: o display de LCD é inferior à média em quase todos os sentidos, mas é muito superior quando o assunto é legibilidade sob luz solar.

Assim como o hardware interno, a tela do Smartwatch 3 é facilmente subestimada. A primeira impressão para quem já utilizou relógios como o Apple Watch e o G Watch R é negativa. É fácil notar, por exemplo, que os pretos do SmartWatch 3 se aproximam mais de um cinza escuro e que as cores em geral são mais pálidas do que nas telas OLED da concorrência. Um ponto particularmente negativo é o ângulo de visão: não é preciso observar o relógio a partir de um ângulo muito obtuso para que as cores sejam distorcidas.

Tudo isso se deve ao fato de que a Sony optou por um display de LCD TFT simples. A princípio pode parecer que a Sony simplesmente quis economizar nesse ponto, mas há uma razão funcional por trás dessa escolha: a tela é transflexiva. 

Foto por: INFOlab

Mesmo nas telas OLED com contraste e brilho acentuado, a legibilidade continua sendo ruim sob luz solar (ou qualquer fonte de luz intensa). No SmartWatch 3 isso não é um problema porque seu LCD especial reflete e transmite a luz de modo que o contraste se mantém basicamente constante com a variação de luminosidade. Em outras palavras, você pode estar sob o sol do Saara e o relógio da Sony continuará mais legível que a média.

Software

Os recursos do Android idênticos em todos os relógios (excetuando-se a questão do Wi-Fi mencionada acima) já que ainda não existe um sistema de diferenciação por skins como nos smartphones Android, mas vale a pena mencionar as últimas novidades.

A principal delas é a habilidade de se conectar a redes Wi-Fi diretamente. Isso quer dizer que o relógio pode receber notificações mesmo quando o celular não está por perto ou simplesmente está desligado. Por si só, esse recurso já torna relógios como o Smartwatch 3 mais independentes do que a média atual, incluindo aparelhos como o Apple Watch.

O processo de conexão foi bem pensado. Em vez de ser forçado a digitar senhas na tela minúscula do relógio, o Android Wear puxa todas as informações sobre as redes que o usuário já se conectou com seu smartphone. Por outro lado, isso quer dizer que você não pode ser conectar a redes novas sem a presença de seu celular. Seguindo o detalhismo técnico típico do Android de celular, o Android Wear exibe tanto o IP que o relógio assume em cada rede quanto seu MAC Address. O Google também se preocupou com a perda de bateria que o novo recurso causaria e fez com que o sistema só ativasse o Wi-Fi em intervalos regulares ou quando o usuário pede especificamente para que ele seja ativado.

Ao contrário das primeiras versões do sistema, agora é possível visualizar todos os aplicativos instalados em uma lista vertical. As respostas rápidas também ganharam suporte a emojis – basta que o usuário desenhe uma aproximação do emoji desejado na tela.

A interface do Android Wear, baseada nas cartas do Google Now, parece se acomodar melhor em telas retangulares como a SmartWatch 3. O relógio da Sony também se sai muito bem na hora de se conectar a fones com Bluetooth.

Por fim, como no Apple Watch, as faces de relógio se tornaram mais customizáveis. É possível, por exemplo, alterar a cor e até incluir um widget de previsão de clima em algumas delas.

Design e bateria

Versão curta: O SmartWatch 3 não é muito atraente, mas tem certificação IP68 e tem um design mais pragmático

Esteticamente, o design de qualquer produto é uma questão pessoal, mas é difícil imaginar o SmartWatch 3 como um aparelho que chama a atenção por ser atraente. O Moto 360 quase eliminou a moldura de sua tela, o Apple Watch é muito bem acabado e surpreendentemente pequeno, o Watch Urbane parece um relógio analógico... O SmartWacht 3 é um retângulo preto, grande e com bordas grossas.

Mas o que falta em personalidade sobra em funcionalidade neste relógio. O exemplo mais óbvio disso é a presença do microUSB para recarregar a bateria diretamente no corpo do aparelho. A maioria dos fabricantes opta por carregamento por indução ou por algum acessório com contatos metálicos mais discretos por dois motivos: manter um design sem interrupções e evitar problemas de infiltração. A Sony, por sua vez, decidiu que era mais importante garantir que o processo de recarregamento do aparelho fosse mais simples e rápido.

A presença do USB também não prejudicou o nível de proteção do SmartWatch 3. É verdade que a maioria dos smartwatches têm algum nível de proteção contra água e poeira, mas eles costumam parar no IP67 (imersão a até 1 m na água). No SmartWatch 3, contudo, a certificação é IP68, o que implica um teste de imersão além de 3 m na água por tempo indeterminado.

Da mesma forma que o microUSB, a Sony preferiu instalar uma bateria maior em vez de desenhar um relógio mais fino. A bateria do SmartWatch 3 tem 420 mAh e é a atual campeã de capacidade entre os aparelhos com Android Wear. Apesar disso, ele não se saiu tão bem quanto o G Watch R, provavelmente por culpa do GPS: 19h de duração em uso moderado não é o bastante para ser o melhor nesse aspecto, mas não deixa de ser uma boa marca.

Por fim, é importante notar que a pulseira do SmartWatch 3 segue o tamanho padrão de 24 mm e pode ser trocada. No entanto, os pinos ficam bem escondidos, então é melhor deixar um relojoeiro profissional dar conta desse serviço. O corpo do relógio fica preso apenas a uma moldura de plástico (no exterior há versões metálicas), mas essa moldura contém também parte do botão Home/Power, o que quase impossibilita o uso do aparelho sem ela.

Vale a pena?

É provável que o SmartWatch 3 não arranque suspiros de ninguém pelo design, mas ele é competente dentro de sua proposta. Com um GPS dedicado, uma tela LCD transflexiva e certificação IP68, ele é o Smartwatch atual mais indicado para quem pratica atividades ao ar livre, como corridas. Sua única falta nesse ponto é a ausência de um sensor de batimentos cardíacos. A presença de uma antena de Wi-Fi também faz com que ele aproveite todas as novidades da versão mais recente do Android Wear e seja mais independente do smartphone do que a média. Para quem quer um smartwatch de uso geral, no entanto, existem opções melhores no mercado.

Ficha técnica

Tela1,6"; LCD TFT transflexivo
SoCBroadcom BCM23550 quad core Cortex A7
Armazenamento4 GB
RAM512 MB
SensoresGPS, acelerômetro, giroscópio, bússola, luminosidade
ProteçãoIP68
Peso45 g
Bateria420 mAh

Avaliação técnica

PrósGPS integrado; Wi-Fi; Tela transflexiva;
ContrasDesign convencional; Tela com qualidade de imagem inferior; Não tem sensor de batimentos cardíacos;
ConclusãoIndicado para quem pratica atividades ao ar livre
Configuração7.8
Usabilidade8.5
Bateria7.8
Design7.4
Média7.9
Preço1.300,00
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