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Rede 4G no Brasil só deve chegar em 2013

A expectativa é que a realização de eventos de grande porte no país, como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016, acelere os investimentos

A Polônia foi um dos países que já confirmou a adoção da tecnologia 4G chinesa (WIKIMEDIA COMMONS)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2011 às 22h53.

São Paulo - O aumento no consumo de dados pelos brasileiros pode acelerar a implementação de conexões banda larga móveis de alta velocidade no país. Porém, com muitas cidades ainda enfrentando problemas com o atual 3G, a evolução natural à tecnologia 4G deverá levar alguns anos para chegar ao Brasil.

Segundo dados da consultoria Teleco, as operadoras ainda adotam estratégias diferenciadas na implementação do 3G no Brasil. A Vivo é que a mais investe na expansão dessa tecnologia e oferece cobertura em 1448 cidades brasileiras. Em contrapartida, suas principais concorrentes, Claro (cobertura 3G em 411 municípios), TIM (250 municípios) e Oi (211 municípios), apresentam melhor desempenho em capitais e grandes cidades.

A expectativa média do mercado telecon é que a realização de eventos de grande porte no país, como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016, acelere os investimentos das teles em redes móveis de quarta geração.

Para isso acontecer, no entanto, será necessário que a Anatel, agência que regula o setor, determine quais faixas de frequência poderão ser exploradas pelo 4G. Projetos de redes móveis no padrão LTE (Long Term Evolution) e com tecnologia WiMAX, ambos chamados de 4G, ainda aguardam a definição de regras pela Anatel, como por exemplo a liberação de novas faixas de frequência.

Segundo a agência, um leilão de faixas de 2,5GHz (que serão utilizadas para projetos de 4G) será realizado em abril de 2012. Se confirmada a data, as operadoras precisariam de pelo menos seis meses para iniciar a construção de redes 4G no país.

Para a maior parte dos especialistas, a tecnologia LTE aparece como a melhor opção para as operadoras, pois é considerada a evolução natural do 3G, exige menor volume de investimentos e pode trabalhar em uma faixa de frequência (2,5GHz), mais baixa que o WiMax (3,5GHz), o que garante um espectro maior para as teles.


Já a tecnologia WiMAX deveria ser implementada em faixas de 3,5 GHz, o que gerou reclamações das emissoras de TV. As redes de televisão reclamam que o uso dessa faixa causará interferência em antenas parabólicas.

“A operação dos sistemas de banda larga WiMAX teria um altíssimo potencial de interferências sobre a recepção por parabólicas em banda C, tanto as profissionais, como as domésticas. No Brasil há milhões de pessoas que têm na parabólica em banda C sua única forma de ver TV, e elas seriam as mais prejudicadas. Entretanto, agora que a Anatel já dispõe de relatórios que demonstram esse problema (interferência), ela certamente tomará as devidas providências para garantir que ele [leilão] não se concretize”, afirma Liliana Nakonechnyj, diretora de Engenharia de Transmissão e Afiliadas da Rede Globo.

Essa informação, no entanto, é contestada pelos promotores da tecnologia WiMAX, como a Intel. Para a desenvolvedora, as TVs devem investir mais em transmissão digital e em redes analógicas de qualidade, dispensando os consumidores de precisar recorrer a uma parabólica para ver TV aberta, algo que deveria ser grátis. A Intel afirma ainda que há no Brasil um risco de “apagão de dados” caso novos leilões de faixas de frequências não aconteçam, privilegiando o interesse das TVs em detrimento da banda larga.

Apesar das pequenas diferenças técnicas entre o LTE e o WiMAX, como por exemplo as taxas de upload e download, esses não são os aspectos decisivos para as operadoras. O que pesa para essas empresas é o modelo de negócios mais viável.

“A indústria tradicional de celulares que apoia o LTE quer assegurar seus lucros. Os novos participantes que optam pelo WiMAX querem espaço para negociar em um ambiente mais aberto. “É notável que o WiMAX tem mais tempo de mercado que o LTE. Uma prova disso é que há mais de 500 implementações desta rede em todo o mundo. Devido ao modelo de negócios, no entanto, a maioria das operadoras em todo o mundo está optando pelo LTE”, explica Carlos Cordeiro, membro sênior do IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers).

Na prática, fabricantes que desenvolvem tablets e smartphones compatíveis com LTE pressionam pela popularização dessa tecnologia, enquanto fabricantes de produtos no padrão WiMax, como Intel e Motorola, se esforçam para emplacar este tipo de rede.

De qualquer forma, o uso dessas tecnologias exigirá a implementação de toda uma nova infraestrutura de rede, o que poderá levar tempo para ser feito. Isto ocorre porque o 3G tradicional possui uma estrutura de voz e dados (em velocidades de até 7 Mbps) totalmente distintos do 4G, que exige uma topologia multimídia e de entretenimento distantas para alcançar velocidades de até 100 Mbps. Ou seja, é preciso trocar praticamente todos os equipamentos de uma rede 3G para fazê-la funcionar nos padrões do 4G.


E esse poderá ser o principal empecilho para uma larga adoção do 4G no Brasil, se considerarmos que a rede 3G, que existe desde 2008, tem apenas 14% de penetração no país. Embora ainda esteja dentro da média continental (a América Latina tem uma penetração média de 10%), na Europa, por exemplo, as taxas são superiores a 20%, dependendo do país, segundo dados da consultoria 4G Américas.

“Achamos que para o Brasil poder pensar em 4G é preciso que as operadoras comecem, antes, a implementar o HSPA+, porque a mesma rede de transmissão de backhaul utilizada pelo LTE é necessária para o HSPA+. Isto ajudaria na transição para o 4G quando o leilão da Anatel fosse promovido”, afirmou Erasmo Rojas, diretor da 4G Américas para a América Latina e Caribe. Na prática, o diretor propõe que as teles já iniciem o investimento em uma tecnologia intermediária (o HSPA+), ficando aptas a migrar para o 4G.

Backhaul é o nome que os engenheiros de telecon são à porção de uma rede hierárquica de telecomunicações responsável por fazer a ligação entre o núcleo da rede, ou backbone, e as subredes periféricas. Por exemplo, em uma rede de telefonia celular, enquanto uma única torre de célula constitui a subrede local, a conexão dessa torre ao restante do mundo é feita por um link backhaul ao núcleo da rede da companhia telefônica.

O upgrade do atual 3G para o HSPA+ seria ideal para operadoras que já utilizam o padrão WCDMA, afinal são tecnologia compatíveis. A utilização do HPSA+ exigiria uma capacidade adicional na rede backhaul (pois a tecnologia trabalha com velocidade de até 21 Mbps), mas já seria possível tirar proveito desta melhoria em telefones compatíveis com 3G.

No Brasil, a Vivo é a única operadora que possui rede 3G 100% compatível com HSPA+ e afirma que pretende expandir essa rede para até 2832 cidades ainda este ano (cerca de 85% do território nacional). Mas, segundo a empresa, o principal problema para essa expansão é a ampliação do backhaul atual, o que também é um empecilho para o 4G.

“Estamos reforçando esse backhaul nas cidades e também toda a parte do backbone nacional, inclusive com a parceria das outras operadoras, com a ampliação da rede de fibra óptica, para permitir trazer todo o tráfego de dados até os principais pontos de interconexão de saída de internet. E essa mesma base utilizada para o 3G também servirá ao 4G, que terá de ter um reforço maior de capacidade, mas a estrutura da rede já está sendo preparada para esta demanda”, afirma Leonardo Capdeville, Diretor de Tecnologia e Planejamento da Vivo.

Além disso, outro problema para uma larga expansão do 4G no país é a falta de aparelhos compatíveis com esta tecnologia. O único modelo disponível no Brasil com estas características é o Motorola Atrix, porém devido a falta de regulamentações desta tecnologia por aqui, o smartphone não está habilitado para conectar-se ao LTE.


De acordo com os especialistas, em 2013, quando teriam início os investimentos no 4G, as primeiras cidades a receber essa infraestrutura seriam as principais capitais e subsedes da Copa do Mundo, pois esta é a estratégia do governo e das operadoras em sanar os gargalos com transmissão de dados já encontrados em muitos desses locais onde o 3G já não dá mais conta.

“Acredito que, assim como aconteceu nos Estados Unidos, inicialmente o 4G vai ser usado mais nos pequenos modems para desafogar a rede 3G. Primeiro, as pessoas compram modems 4G para usar em seus notebooks. Só depois é que começam a se popularizar smartphones compatíveis com a nova tecnologia”, afirma Eduardo Tude, presidente da Teleco.

Assim como os aeroportos, as estradas e os projetos de mobilidade urbana, as redes 4G seguem em compasso de espera da Copa.

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São Paulo - O aumento no consumo de dados pelos brasileiros pode acelerar a implementação de conexões banda larga móveis de alta velocidade no país. Porém, com muitas cidades ainda enfrentando problemas com o atual 3G, a evolução natural à tecnologia 4G deverá levar alguns anos para chegar ao Brasil.

Segundo dados da consultoria Teleco, as operadoras ainda adotam estratégias diferenciadas na implementação do 3G no Brasil. A Vivo é que a mais investe na expansão dessa tecnologia e oferece cobertura em 1448 cidades brasileiras. Em contrapartida, suas principais concorrentes, Claro (cobertura 3G em 411 municípios), TIM (250 municípios) e Oi (211 municípios), apresentam melhor desempenho em capitais e grandes cidades.

A expectativa média do mercado telecon é que a realização de eventos de grande porte no país, como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016, acelere os investimentos das teles em redes móveis de quarta geração.

Para isso acontecer, no entanto, será necessário que a Anatel, agência que regula o setor, determine quais faixas de frequência poderão ser exploradas pelo 4G. Projetos de redes móveis no padrão LTE (Long Term Evolution) e com tecnologia WiMAX, ambos chamados de 4G, ainda aguardam a definição de regras pela Anatel, como por exemplo a liberação de novas faixas de frequência.

Segundo a agência, um leilão de faixas de 2,5GHz (que serão utilizadas para projetos de 4G) será realizado em abril de 2012. Se confirmada a data, as operadoras precisariam de pelo menos seis meses para iniciar a construção de redes 4G no país.

Para a maior parte dos especialistas, a tecnologia LTE aparece como a melhor opção para as operadoras, pois é considerada a evolução natural do 3G, exige menor volume de investimentos e pode trabalhar em uma faixa de frequência (2,5GHz), mais baixa que o WiMax (3,5GHz), o que garante um espectro maior para as teles.


Já a tecnologia WiMAX deveria ser implementada em faixas de 3,5 GHz, o que gerou reclamações das emissoras de TV. As redes de televisão reclamam que o uso dessa faixa causará interferência em antenas parabólicas.

“A operação dos sistemas de banda larga WiMAX teria um altíssimo potencial de interferências sobre a recepção por parabólicas em banda C, tanto as profissionais, como as domésticas. No Brasil há milhões de pessoas que têm na parabólica em banda C sua única forma de ver TV, e elas seriam as mais prejudicadas. Entretanto, agora que a Anatel já dispõe de relatórios que demonstram esse problema (interferência), ela certamente tomará as devidas providências para garantir que ele [leilão] não se concretize”, afirma Liliana Nakonechnyj, diretora de Engenharia de Transmissão e Afiliadas da Rede Globo.

Essa informação, no entanto, é contestada pelos promotores da tecnologia WiMAX, como a Intel. Para a desenvolvedora, as TVs devem investir mais em transmissão digital e em redes analógicas de qualidade, dispensando os consumidores de precisar recorrer a uma parabólica para ver TV aberta, algo que deveria ser grátis. A Intel afirma ainda que há no Brasil um risco de “apagão de dados” caso novos leilões de faixas de frequências não aconteçam, privilegiando o interesse das TVs em detrimento da banda larga.

Apesar das pequenas diferenças técnicas entre o LTE e o WiMAX, como por exemplo as taxas de upload e download, esses não são os aspectos decisivos para as operadoras. O que pesa para essas empresas é o modelo de negócios mais viável.

“A indústria tradicional de celulares que apoia o LTE quer assegurar seus lucros. Os novos participantes que optam pelo WiMAX querem espaço para negociar em um ambiente mais aberto. “É notável que o WiMAX tem mais tempo de mercado que o LTE. Uma prova disso é que há mais de 500 implementações desta rede em todo o mundo. Devido ao modelo de negócios, no entanto, a maioria das operadoras em todo o mundo está optando pelo LTE”, explica Carlos Cordeiro, membro sênior do IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers).

Na prática, fabricantes que desenvolvem tablets e smartphones compatíveis com LTE pressionam pela popularização dessa tecnologia, enquanto fabricantes de produtos no padrão WiMax, como Intel e Motorola, se esforçam para emplacar este tipo de rede.

De qualquer forma, o uso dessas tecnologias exigirá a implementação de toda uma nova infraestrutura de rede, o que poderá levar tempo para ser feito. Isto ocorre porque o 3G tradicional possui uma estrutura de voz e dados (em velocidades de até 7 Mbps) totalmente distintos do 4G, que exige uma topologia multimídia e de entretenimento distantas para alcançar velocidades de até 100 Mbps. Ou seja, é preciso trocar praticamente todos os equipamentos de uma rede 3G para fazê-la funcionar nos padrões do 4G.


E esse poderá ser o principal empecilho para uma larga adoção do 4G no Brasil, se considerarmos que a rede 3G, que existe desde 2008, tem apenas 14% de penetração no país. Embora ainda esteja dentro da média continental (a América Latina tem uma penetração média de 10%), na Europa, por exemplo, as taxas são superiores a 20%, dependendo do país, segundo dados da consultoria 4G Américas.

“Achamos que para o Brasil poder pensar em 4G é preciso que as operadoras comecem, antes, a implementar o HSPA+, porque a mesma rede de transmissão de backhaul utilizada pelo LTE é necessária para o HSPA+. Isto ajudaria na transição para o 4G quando o leilão da Anatel fosse promovido”, afirmou Erasmo Rojas, diretor da 4G Américas para a América Latina e Caribe. Na prática, o diretor propõe que as teles já iniciem o investimento em uma tecnologia intermediária (o HSPA+), ficando aptas a migrar para o 4G.

Backhaul é o nome que os engenheiros de telecon são à porção de uma rede hierárquica de telecomunicações responsável por fazer a ligação entre o núcleo da rede, ou backbone, e as subredes periféricas. Por exemplo, em uma rede de telefonia celular, enquanto uma única torre de célula constitui a subrede local, a conexão dessa torre ao restante do mundo é feita por um link backhaul ao núcleo da rede da companhia telefônica.

O upgrade do atual 3G para o HSPA+ seria ideal para operadoras que já utilizam o padrão WCDMA, afinal são tecnologia compatíveis. A utilização do HPSA+ exigiria uma capacidade adicional na rede backhaul (pois a tecnologia trabalha com velocidade de até 21 Mbps), mas já seria possível tirar proveito desta melhoria em telefones compatíveis com 3G.

No Brasil, a Vivo é a única operadora que possui rede 3G 100% compatível com HSPA+ e afirma que pretende expandir essa rede para até 2832 cidades ainda este ano (cerca de 85% do território nacional). Mas, segundo a empresa, o principal problema para essa expansão é a ampliação do backhaul atual, o que também é um empecilho para o 4G.

“Estamos reforçando esse backhaul nas cidades e também toda a parte do backbone nacional, inclusive com a parceria das outras operadoras, com a ampliação da rede de fibra óptica, para permitir trazer todo o tráfego de dados até os principais pontos de interconexão de saída de internet. E essa mesma base utilizada para o 3G também servirá ao 4G, que terá de ter um reforço maior de capacidade, mas a estrutura da rede já está sendo preparada para esta demanda”, afirma Leonardo Capdeville, Diretor de Tecnologia e Planejamento da Vivo.

Além disso, outro problema para uma larga expansão do 4G no país é a falta de aparelhos compatíveis com esta tecnologia. O único modelo disponível no Brasil com estas características é o Motorola Atrix, porém devido a falta de regulamentações desta tecnologia por aqui, o smartphone não está habilitado para conectar-se ao LTE.


De acordo com os especialistas, em 2013, quando teriam início os investimentos no 4G, as primeiras cidades a receber essa infraestrutura seriam as principais capitais e subsedes da Copa do Mundo, pois esta é a estratégia do governo e das operadoras em sanar os gargalos com transmissão de dados já encontrados em muitos desses locais onde o 3G já não dá mais conta.

“Acredito que, assim como aconteceu nos Estados Unidos, inicialmente o 4G vai ser usado mais nos pequenos modems para desafogar a rede 3G. Primeiro, as pessoas compram modems 4G para usar em seus notebooks. Só depois é que começam a se popularizar smartphones compatíveis com a nova tecnologia”, afirma Eduardo Tude, presidente da Teleco.

Assim como os aeroportos, as estradas e os projetos de mobilidade urbana, as redes 4G seguem em compasso de espera da Copa.

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