Quase 100 corpos permanecem em balsa sul-coreana após 15 dias do naufrágio
Com a balsa virada e submersa a 30 metros de profundidade, os operários estabeleceram cordas de guia nos arredores do quarto piso
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2014 às 06h58.
As equipes de resgate da embarcação Sewol, cujo naufrágio com 302 mortos e desaparecidos completam 15 dias nesta quarta-feira, incorporaram hoje a seus trabalhos um sino de mergulho para auxiliar na recuperação dos quase 100 corpos que ainda estão em seu interior.
Com a balsa virada e submersa a 30 metros de profundidade, os operários estabeleceram cordas de guia nos arredores do quarto piso da popa do navio e uma base para operar o chamado "sino de mergulho" assim que a maré baixar, informou a Guarda Costeira sul-coreana.
Além disso, o governo iniciou hoje uma auditoria preliminar sobre as agências estatais que tiveram algum tipo de relação com o desastre marítimo para saber se suas ações foram apropriadas tanto em matéria de prevenção - incluídas as revisões de segurança do navio - como na resposta ao naufrágio.
A inspeção preliminar, que caso encontre irregularidades dará lugar a uma investigação mais profunda, afetará os Ministérios de Assuntos Marítimos e da Segurança Pública, assim como a Guarda Costeira e a Administração Marítima e Portuária da Coreia do Sul.
Hoje completam exatamente duas semanas desde que a balsa afundou no litoral sudoeste do país depois de virar com 476 pessoas a bordo, entre elas 325 estudantes com entre 16 e 17 anos que realizavam uma viagem escolar.
No dia do acidente, 176 pessoas foram evacuadas e os dias que seguiram foram cruciais para buscar possíveis sobreviventes em bolsões de ar, mas as duras condições do mar dificultaram o resgate e apenas alguns poucos corpos sem vida foram recuperados.
Após uma melhora nas condições das águas uma semana depois, a maioria dos corpos foram retirados, mas, desde o domingo passado, as fortes ondulações e correntes voltaram a dificultar os trabalhos dos mergulhadores.
Assim, foram recuperados apenas mais cinco corpos nesta madrugada, situando o número de mortos confirmados em 210, enquanto os desaparecidos são 92 e já não há mais esperanças de se encontrar sobreviventes.
À espera que os resultados da investigação esclareçam as causas do naufrágio, acredita-se que a embarcação fez uma manobra brusca que deslocou todo o peso de sua carga para um lado, o que desequilibrou a embarcação e a fez virar em pouco mais de uma hora.
O alto número de mortos foi atribuído ao fato de que tanto o capitão quanto a tripulação hesitaram na hora de ordenar a evacuação do navio e, ao invés disso, pediram que os passageiros não saíssem de seus lugares.
O capitão e vários membros da tripulação foram detidos por terem abandonado o navio antes dos passageiros.
O naufrágio também criou instabilidade política na Coreia do Sul, onde o primeiro-ministro renunciou e a presidente, Park Geun-hye, pediu perdão ontem devido às fortes críticas pela falta de prevenção e pelo gerenciamento inadequado do acidente por parte do governo.