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Primeiro "banco digital" usa blockchain em transações

Nova empresa quer promover a adoção da tecnologia que registra operações de forma imutável

 (Pitaia Bank/Divulgação)

(Pitaia Bank/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 05h55.

Última atualização em 14 de dezembro de 2018 às 05h55.

São Paulo – Muito se fala sobre blockchain, especialmente no setor financeiro. Todos os bancos que atuam no Brasil fazem testes com esse livro razão digital, que promete eliminar custos de operações e dar agilidade a transferências monetárias, mesmo que internacionais. Nesta semana, o Pitaia Bank chega ao mercado brasileiro como o primeiro "banco digital" que usa blockchain em suas transações para garantir a integridade e autenticidade dos valores.

Neste primeiro momento, transferências para outros não podem ser feitas, em razão do uso do blockchain nas operações. A partir do ano que vem, a empresa vai fechar parceria com um banco para viabilizar esse serviço aos clientes. Para usar o dinheiro que está na conta, o Pitaia Bank oferece um cartão de débito–o crédito é um lançamento futuro. Com saldo em reais, não em Bitcoins, o cartão é pré-pago e segue um modelo parecido com o do Acesso Card Mastercard.

O modelo de negócio da empresa se complementa com a cobrança de taxas em transações (não há cobrança de manutenção) e com maquininhas de pagamentos para lojas. De acordo com o Pitaia Bank, você pode depositar o dinheiro hoje e retirar daqui a dois anos. Se você não transacionar esse valor, você não paga nada. A taxa existe apenas quando houver alguma operação.

Funcionando há dois meses, o Pitaia Bank foi criado pelos os empresários Augusto Santos e Simone Abravanel, que hoje contam com 43 pessoas na equipe–a maioria são profissionais de TI.

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(Pitaia Bank)

A estratégia para atrair novos clientes é concentrada no fato de não existirem taxas de manutenção na conta, apesar de o uso do blockchain ser o principal diferencial da companhia. Para os fundadores, a tecnologia de livro de registro virtual criptografado é uma tendência inegável. "Tentar barrar o blockchain é como tentar segurar o vento com a mão. É uma tendência sem volta", afirmou Abravanel, CEO do Pitaia Bank, em entrevista a EXAME.

O potencial do blockchain

De acordo com previsão da consultoria Gartner, o valor da inovação da tecnologia nos negócios é de 176 bilhões de dólares globalmente em 2025 e vai passar de 3,1 trilhões em 2030. A IDC prevê que os gastos em soluções de blockchain chegarão a 11,7 bilhões de dólares em 2022, crescendo 73,2% ao ano até lá. A previsão de gastos en 2018 é de 1,5 bilhão, o que é o dobro de 2017.

Para a consultoria McKinsey, o blockchain chamou a atenção de governos e da indústria com o pico de valorização da criptomoeda Bitcoin, em 2017, quando o valor de mercado dessa tecnologia saltou de 20 milhões de dólares para 200 milhões de dólares. Um levantamento do Fórum Econômico Mundial estima que 10% do produto interno bruto global estará em blockchain até 2027.

Ainda assim, a McKinsey avalia que a tecnologia ainda está em estágio imaturo e ainda não há uma receita clara de sucesso. "A experimentação não estruturada de soluções blockchain sem avaliação estratégica do valor em questão ou a viabilidade de capturá-lo significa que muitas empresas não terão retorno sobre seus investimentos", de acordo com a consultoria.

Os bancos e o blockchain

O blockchain pode trazer agilidade para transações internacionais e mudar a forma como acontecem transações como DOCs e TEDs. Um dos seus benefícios é que ele permite o rastreamento de valores sem a análise de terceiros. Por isso, os bancos estão de olho nessa tendência. A Frebraban já estuda a tecnologia há quatro anos. Segundo reportagem da Reuters, um dos problemas que trava a sua adoção é um racha entre bancos sobre qual sistema será usado.

No começo de dezembro, o Itaú captou 100 milhões de dólares em operação uma inédita usando blockchain. O banco Santander já tem um sistema de pagamentos entre países baseado no blockchain, chamado One Pay FX, para enviar libras do Brasil ao Reino Unido. O Bradesco e a B3 anunciaram, neste ano, que iniciaram discussões para o desenvolvimento de uma aplicação em blockchain.

Como bem aponta a McKinsey, o caminho para adoção real do blockchain ainda não está claro, apesar de suas possibilidades em razão da criptografia de dados e da rastreabilidade que essa tecnologia permite.

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