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Brasil tem os planos de celular mais caros da América Latina

Mercado brasileiro oferece planos de até R$ 1 mil, enquanto no argentino o teto das ofertas é de R$ 123, diz pesquisa


	Planos de celular: o comparativo da empresa levou em consideração 118 planos vigentes no Brasil e comercializados por oito operadoras
 (Fred Dufour/AFP)

Planos de celular: o comparativo da empresa levou em consideração 118 planos vigentes no Brasil e comercializados por oito operadoras (Fred Dufour/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2015 às 09h50.

O Brasil tem os planos de telefonia móvel mais caros dentre os países latinos, de acordo com um levantamento realizado pela desenvolvedora de aplicativos de comparativos tarifário WePlan.

A pesquisa, que foi realizada com sete países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru) e Espanha, constatou que o mercado brasileiro oferece planos de até R$ 1 mil, enquanto no argentino o preço máximo fica em R$ 123.

É importante ressaltar que esse dado se trata apenas de análise de teto do preço das ofertas.

Considerando o gasto médio dos planos, ainda de acordo com a WePlan, empresa que tem um aplicativo de comparação de preços, o Brasil fica em quarto com R$ 85 (os preços são considerados com IVA - Imposto sobre o Valor Acrescentado), atrás de Espanha (R$ 56,7), Chile (R$78,3) e Peru (R$ 81,2); e à frente de México (R$ 85,2), Argentina (R$ 90,8), Colômbia (R$ 91,9) e Equador (R$ 96,7).

O comparativo da empresa levou em consideração 118 planos vigentes no Brasil e comercializados por oito operadoras. O CEO da WePlan, Pablo Reaño, chama atenção para a diferença dentre os preços praticados.

"Os planos na América Latina são muito caros, são duas ou três vezes mais caros do que na Europa; e no Brasil é ainda mais caro", disse ele, em conversa com jornalistas em São Paulo, comparando também a desvantagem da renda do brasileiro em relação a dos europeus. "É um mercado grande no qual os consumidores não estão satisfeitos".

Reaño afirma que, em planos pós-pagos com planos de dados de 1 GB, por exemplo, o Brasil é o mais caro, com ofertas em cerca de R$ 50. "Isso reforça a necessidade de economizar, além de mostrar espaço para planos ficarem mais baratos", diz. 

Destaca ainda a evolução da penetração de smartphones no País, o que leva a um aumento na demanda por planos pós-pagos – em janeiro, segundo dados da Anatel, os acessos pré-pagos totalizavam 213,40 milhões (75,75% do total) e os pós-pagos, 68,30 milhões (24,25%).

Modelo de negócios

Reaño afirma que a intenção da companhia é "adicionar transparência ao mercado", e busca parcerias com operadoras.

"Não nos colocamos como inimigos das telcos, elas não deveriam nos ver assim. O que temos é um motor de comparação", defende-se.

Atualmente, ao se escolher um plano mais em conta dentro do aplicativo, o consumidor é redirecionado à homepage da operadora, e não à contratação do plano específico. A ideia é que, no futuro, as teles usem o app para redirecionar o consumidor, pagando uma comissão à WePlan.

O CEO reconhece, no entanto, que é necessário criar uma base maior para que as empresas queiram tais acordos. Atualmente, a WePlan conta com cerca de 150 mil downloads na Espanha, país de origem da empresa, e 20 mil na América Latina.

A expectativa do executivo é de chegar a ter cerca de 500 mil globalmente até o final do ano.

Outro modelo de negócios é de oferecer suporte no plano corporativo, que traz informação às empresas com um portal Web onde é possível verificar em tempo real o consumo de cada aparelho.

"Estamos pensando em vender na Espanha e, no futuro, traremos aqui", diz. "As operadoras já fazem isso, mas nunca é em tempo real. Além disso, não fazem para empresas médias, apenas as grandes. Somos independentes e visualizamos por funcionários", completa.

Aplicativo

A companhia pretende usar os dados levantados para mostrar as possíveis economias utilizando o próprio aplicativo WePlan.

Ainda de acordo com o levantamento, 94,2% dos consumidores brasileiros poderiam economizar utilizando a plataforma, que oferece outros planos - da mesma operadora ou mesmo da concorrência.

É o terceiro país com maior percentual, atrás de Argentina (97,6%) e Chile (96,2%).

O app conta com um algoritmo que busca na base de dados critérios como minutos on-net e off-net; franquia de dados; SMS; e, de uma forma menor, combos com TV e Internet.

No caso do teste realizado por Pablo Reaño para este noticiário, o WePlan analisou dados de últimos 109 dias, 86 ligações e SMS e comparativo com 117 planos das oito operadoras (incluindo virtuais) do mercado.

A plataforma não oferece ainda a opção de incluir multiplano, como um segundo celular dependente, por exemplo, mas isso está nos planos.

O executivo nega que o foco do aplicativo seja em oferecer planos apenas baseado em vantagens de ligações on-net. Vale lembrar que a Anatel tem como plano a redução da VU-M, o que deverá provocar uma diminuição nas tarifas de interconexão e, consequentemente, a importância disso nas contas.

Além disso, há a tendência observada por operadoras de diminuição de uso de SMS em favor de mensageiros over-the-top, como o WhatsApp, Viber e iMessage.

"Fazemos duas coisas, também controlamos o consumo. Sabemos que no futuro o megabit será mais importante", destaca. "É importante controlar (os dados na conta), mas também colocamos isso em informações em Reais. Assim, se exceder a cota, você sabe o quanto paga a mais."

Além de permitir fazer os comparativos, o WePlan traz como funcionalidade uma previsão de próxima fatura baseada no consumo - claro, a partir da data em que o aplicativo foi instalado.

Até o momento, o aplicativo, que é gratuito, está disponível apenas para Android e iOS, e Reaño diz não haver planos de versões para BlackBerry ou Windows Phone.

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