Até o momento, os cientistas estão muito satisfeitos (ESA/Rosetta/MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de novembro de 2014 às 13h50.
O robô Philae se encontra no modo inativo no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, à espera de dias melhores, mas antes de entrar em repouso conseguiu transmitir os dados científicos coletados desde o pouso histórico.
"Recebemos tudo. Tudo transcorreu exatamente como estava previsto", declarou o cientista responsável Jean-Pierre Bibring.
Os dados incluem as informações da perfuração do cometa, realizada na véspera.
"Inclusive conseguimos fazer a rotação para otimizar a recepção da luz nos painéis solares", disse Bibring em uma entrevista telefônica no centro de controle do Philae em Colônia, na Alemanha.
Três dias depois de seu pouso no cometa, a mais de 500 milhões de km da Terra, a bateria do Philae acabou, conforme estava previsto.
"Concluiu sua primeira missão científica depois de 57 horas no cometa", informou a Agência Espacial Europeia (ESA) em comunicado.
"É um sucesso enorme. Toda a equipe está encantada", declarou Stephan Ulamec, responsável pelo pouso na agência espacial alemã (DLR).
Os primeiros resultados científicos devem ser divulgados nas próximas semanas.
O robô Philae se encontra no "modo inativo", à espera de que o segundo sistema de abastecimento energético, baterias recarregáveis por pequenos painéis solares, funcionem.
Sua situação é parecida com a de um telefone celular que fica sem bateria: não funciona, mas não está morto.
"O importante é poder sobreviver até [que cheguem] momentos melhores", explica Bibring.
"É fabuloso"
Os engenheiros e os cientistas têm esperança de que o cometa se aproxime do sol e assim as baterias se recarreguem o suficiente para que o Philae possa voltar ao modo ativo.
A Rosetta continuará tentando restabelecer o contato com o Philae.
"A comunicação por rádio com o Philae é possível até 60, 100 km ou quem sabe mais", disse Andrea Accomazzo, diretor de voo da missão Rosetta.
Até o momento, os cientistas estão muito satisfeitos.
"Concluímos esta primeira fase absolutamente fabulosa. Temos muita vontade de continuar explorando", declarou Bibring.
"Trabalhamos, não paramos, é fabuloso. Em uma palavra é fabuloso", disse entusiasmado.
"Percebemos que é muito diferente do que imaginávamos, é fantástico", afirmou, sem querer entrar em detalhes.
"Os resultados do Philae são extraordinários", disse na sexta-feira Marc Pircher, o diretor do CNES, a agência espacial francesa, em Toulouse. "Os 80% do trabalho do robô foi feito", garantiu.
Sua missão era encontrar moléculas orgânicas que tenham desempenhado algum papel na aparição da vida na Terra, na medida em que os cometas são os corpos mais antigos do sistema solar.
Philae radiografou o interior do cometa, estudou seu magnetismo, fez imagens do sol e analisou moléculas complexas emitidas pela superfície.
E a sonda Rosetta, com mais de 6,5 bilhões de quilômetros no contador desde o seu lançamento em 2004 ao espaço, se encontra em órbita a 30 km do cometa. Está previsto que volte a se posicionar a 20 km do cometa no dia 6 de dezembro, dando continuidade ao estudo.
Nos meses seguintes, a Rosetta tomará distância, mas continuará sobrevoando a área e deve chegar a até 8 km do centro do núcleo. De acordo com os cientistas, 80% do programa científico da missão estão a cargo da Rosetta e 20% do Philae.
No dia 13 de agosto de 2015 o cometa estará mais perto do sol, mas a missão da Rosetta continuará por mais alguns meses, até dezembro de 2015.
A missão tem conquistado o público: a Rosetta têm 264.000 seguidores em sua conta Twitter, e Philae, 350.000.