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Partidos se organizam para capitalizar redes em 2014

2014 é o ano que consolidará nas eleições brasileiras a importância do marketing político digital

Internet: redes sociais são a aposta dos partidos para o diálogo com jovens eleitores insatisfeitos que não se dispõem a participar do projeto político (Marcos Santos/USP Imagens)
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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2014 às 18h25.

São Paulo - Com 83 milhões de brasileiros acessando a internet, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o estrondoso impacto das redes sociais nas manifestações populares de junho e julho no ano passado, 2014 é o ano que consolidará nas eleições brasileiras a importância do marketing político digital.

"A presidente Dilma e os outros candidatos que concorrem à Presidência - o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB) - já começaram a se organizar. Há uma necessidade de se comunicar com essa juventude", avalia o sociólogo e consultor de marketing político, Mauro de Lima.

Na avaliação do PSDB, que recentemente lançou o portal http://www.mineirobrasileiroaecio.com.br, projetado para ser a plataforma de convergência das mídias digitais da campanha do senador mineiro, há um contingente de cerca de 30 a 40 milhões de brasileiros nas redes sociais que não estão vinculados ou não gostam de política.

Xico Graziano, responsável pela área de internet da campanha tucana nessas eleições, diz que o desafio é transformar a estratégia digital em votos, inserindo no mundo político essas pessoas que reivindicam mudanças e transformações no país.

"As pessoas querem participar do destino do Brasil e não conseguem, o desafio é atingir esses jovens insatisfeitos que não se dispõem a participar do projeto político."

E as redes sociais são a aposta dos partidos para o diálogo com esses eleitores. Um dos casos bem sucedidos nesse campo, lembrados na pré-campanha deste ano até pelos opositores, é o da ex-senadora Marina Silva na eleição presidencial de 2010.

Naquele pleito, com pouco mais de um minuto no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, Marina obteve cerca de 20 milhões de votos.

O então o coordenador de Mídia Digital da campanha de Marina, Caio Túlio Costa, reconheceu que a internet teve papel decisivo na performance da candidata e representou o maior diferencial naquela campanha presidencial, pois foi uma ferramenta imprescindível na disseminação de suas ideias, com papel estratégico na composição do volume expressivo de votos que a ex-senadora teve no primeiro turno.


O PT é um dos partidos que investem firme nessa área e, na semana passada, anunciou um evento dedicado a treinar a militância do partido, sem estar oficialmente relacionado às eleições.

O próprio presidente estadual da sigla, Emídio de Souza admitiu, contudo, que as atividades de oficina serão muito úteis como modelo para as campanhas e quaisquer atividades futuras do PT.

Inspirado na Campus Party, o Camping Digital ocorrerá no meio do feriado de Páscoa, de 18 a 20 de abril, em São José dos Campos, no interior paulista. Terá oficinas sobre tecnologia, inovação e redes sociais. Gratuito e aberto, o evento foi idealizado para atrair o maior número possível de partidários e simpatizantes do PT, que vão acampar ao longo dos três dias.

Gatilho

Antes canais de mero apoio para as estratégias de comunicação dos partidos, redes como Facebook, Twitter e blogs passam a contar nesta campanha com iniciativas próprias, envolvendo principalmente futuros candidatos a disputas majoritárias e configurando a tendência. Para Mauro de Lima, as manifestações de rua de 2013 foram um gatilho importante, bem como os chamados "rolezinhos" .

Referências que também foram apontadas pelo cientista político e professor do Insper, Humberto Dantas. "É uma tendência, inclusive porque o Brasil parou via internet em 2013 e os políticos querem saber como pensam essas pessoas (que se manifestaram nas ruas)", disse Dantas.

O presidenciável Eduardo Campos tem usado o microblogging do Twitter para dar entrevistas abertas aos internautas. Com a hashtag #EduardoResponde, o pessebista falou, no dia 7 de fevereiro, sobre propostas para saúde, política de incentivo à indústria e combate à corrupção, entre outros temas.


E apesar de ter a ex-senadora Marina Silva ao seu lado neste pleito - ela deve ser vice em sua chapa majoritária - um dos principais colaboradores da ex-senadora na área da internet, Maurício Bruzadin, foi escalado para trabalhar com os tucanos nessas eleições.

Dilma

A própria presidente Dilma Rousseff já tinha usado recurso semelhante ao de Campos no ano passado, porém de forma mais reservada. Dilma cedeu a entrevista via Twitter somente à personagem "Dilma Bolada", paródia criada por Jeferson Monteiro e que ganhou fama com posições simpáticas ao governo da presidente. Monteiro e Dilma tuitaram lado a lado, por cerca de uma hora no Palácio do Planalto, no dia 27 de setembro.

À época, a entrevista trouxe críticas da presidente à reportagem da revista "The Economist" que atacou a economia brasileira. Falou ainda da espionagem norte-americana e de programas do governo, como o Mais Médicos. A ação marcou a volta de Dilma ao Twitter, já que sua conta estava inativa desde 2010.

Apesar de toda essa movimentação, os especialistas ressaltam que é importante ter consciência de que a estratégia digital na campanha brasileira é ainda algo muito incipiente no Brasil, pois as redes sociais são ainda um meio novo na política mundial.

"É um território de incertezas e precisamos lembrar que importamos a ideia (dos EUA), mas não importamos os eleitores", disse Humberto Dantas. Mauro de Lima também ressalva que o movimento de estratégias elaboradas para as redes ainda é fraco no país.

"Quando falamos em estratégia de comunicação política para redes sociais, candidatos no Brasil ainda estão engatinhando, ainda está muito desorganizado". (Colaborou Elizabeth Lopes)

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"A presidente Dilma e os outros candidatos que concorrem à Presidência - o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB) - já começaram a se organizar. Há uma necessidade de se comunicar com essa juventude", avalia o sociólogo e consultor de marketing político, Mauro de Lima.

Na avaliação do PSDB, que recentemente lançou o portal http://www.mineirobrasileiroaecio.com.br, projetado para ser a plataforma de convergência das mídias digitais da campanha do senador mineiro, há um contingente de cerca de 30 a 40 milhões de brasileiros nas redes sociais que não estão vinculados ou não gostam de política.

Xico Graziano, responsável pela área de internet da campanha tucana nessas eleições, diz que o desafio é transformar a estratégia digital em votos, inserindo no mundo político essas pessoas que reivindicam mudanças e transformações no país.

"As pessoas querem participar do destino do Brasil e não conseguem, o desafio é atingir esses jovens insatisfeitos que não se dispõem a participar do projeto político."

E as redes sociais são a aposta dos partidos para o diálogo com esses eleitores. Um dos casos bem sucedidos nesse campo, lembrados na pré-campanha deste ano até pelos opositores, é o da ex-senadora Marina Silva na eleição presidencial de 2010.

Naquele pleito, com pouco mais de um minuto no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, Marina obteve cerca de 20 milhões de votos.

O então o coordenador de Mídia Digital da campanha de Marina, Caio Túlio Costa, reconheceu que a internet teve papel decisivo na performance da candidata e representou o maior diferencial naquela campanha presidencial, pois foi uma ferramenta imprescindível na disseminação de suas ideias, com papel estratégico na composição do volume expressivo de votos que a ex-senadora teve no primeiro turno.


O PT é um dos partidos que investem firme nessa área e, na semana passada, anunciou um evento dedicado a treinar a militância do partido, sem estar oficialmente relacionado às eleições.

O próprio presidente estadual da sigla, Emídio de Souza admitiu, contudo, que as atividades de oficina serão muito úteis como modelo para as campanhas e quaisquer atividades futuras do PT.

Inspirado na Campus Party, o Camping Digital ocorrerá no meio do feriado de Páscoa, de 18 a 20 de abril, em São José dos Campos, no interior paulista. Terá oficinas sobre tecnologia, inovação e redes sociais. Gratuito e aberto, o evento foi idealizado para atrair o maior número possível de partidários e simpatizantes do PT, que vão acampar ao longo dos três dias.

Gatilho

Antes canais de mero apoio para as estratégias de comunicação dos partidos, redes como Facebook, Twitter e blogs passam a contar nesta campanha com iniciativas próprias, envolvendo principalmente futuros candidatos a disputas majoritárias e configurando a tendência. Para Mauro de Lima, as manifestações de rua de 2013 foram um gatilho importante, bem como os chamados "rolezinhos" .

Referências que também foram apontadas pelo cientista político e professor do Insper, Humberto Dantas. "É uma tendência, inclusive porque o Brasil parou via internet em 2013 e os políticos querem saber como pensam essas pessoas (que se manifestaram nas ruas)", disse Dantas.

O presidenciável Eduardo Campos tem usado o microblogging do Twitter para dar entrevistas abertas aos internautas. Com a hashtag #EduardoResponde, o pessebista falou, no dia 7 de fevereiro, sobre propostas para saúde, política de incentivo à indústria e combate à corrupção, entre outros temas.


E apesar de ter a ex-senadora Marina Silva ao seu lado neste pleito - ela deve ser vice em sua chapa majoritária - um dos principais colaboradores da ex-senadora na área da internet, Maurício Bruzadin, foi escalado para trabalhar com os tucanos nessas eleições.

Dilma

A própria presidente Dilma Rousseff já tinha usado recurso semelhante ao de Campos no ano passado, porém de forma mais reservada. Dilma cedeu a entrevista via Twitter somente à personagem "Dilma Bolada", paródia criada por Jeferson Monteiro e que ganhou fama com posições simpáticas ao governo da presidente. Monteiro e Dilma tuitaram lado a lado, por cerca de uma hora no Palácio do Planalto, no dia 27 de setembro.

À época, a entrevista trouxe críticas da presidente à reportagem da revista "The Economist" que atacou a economia brasileira. Falou ainda da espionagem norte-americana e de programas do governo, como o Mais Médicos. A ação marcou a volta de Dilma ao Twitter, já que sua conta estava inativa desde 2010.

Apesar de toda essa movimentação, os especialistas ressaltam que é importante ter consciência de que a estratégia digital na campanha brasileira é ainda algo muito incipiente no Brasil, pois as redes sociais são ainda um meio novo na política mundial.

"É um território de incertezas e precisamos lembrar que importamos a ideia (dos EUA), mas não importamos os eleitores", disse Humberto Dantas. Mauro de Lima também ressalva que o movimento de estratégias elaboradas para as redes ainda é fraco no país.

"Quando falamos em estratégia de comunicação política para redes sociais, candidatos no Brasil ainda estão engatinhando, ainda está muito desorganizado". (Colaborou Elizabeth Lopes)

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