Torcedor paga ingresso para jogo de futebol com o seu celular em um terminal com leitor NFC, a opção preferida por operadoras e bancos (Kenzo Tribouillard/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de março de 2012 às 11h40.
Barcelona - Pagar as compras com o celular será, em breve, uma realidade para os consumidores, mas resta saber a quem beneficiará este novo mercado, aos bancos, às operadoras de telefonia ou aos novos personagens da internet.
O pagamento com o aparelho celular utiliza diferentes tecnologias. Em uma das possibilidades, o comprador pode pagar a sua mercadoria graças a uma carteira eletrônica localizada na internet; outra opção, mais segura, é passar o celular na frente de um leitor NFC, sem contato ou senha.
Esta última solução obriga o comprador a dispor de um telefone especialmente equipado, ou carregar seu chip, enquanto que o vendedor terá de se equipar com um terminal de pagamento especial. É a opção preferida por operadoras e bancos, mas parece estar voltada principalmente para os países desenvolvidos.
Contudo, embora algumas cidades já tenham feito "experiências de tamanho real (...) constatamos que ainda estamos longe de uma utilização generalizada pelos consumidores e de uma implantação industrial pelos varejistas", disse Patrick Flamant, responsável pela empresa Ogone, operadora de pagamento online.
O Congresso Mundial de Telefonia Móvel, que acontece nesta semana em Barcelona, foi a ocasião para os fabricantes de celular anunciarem a saída do mercado de vários terminais compatíveis NFC (Near Field Communication) e para os fabricantes dos cartões Gelmalto, INSIDE Secure ou STMicroelectronic de apresentar suas propostas neste terreno.
Além disso, segundo analistas, a função de pagamento com telefones NFC pode ser superada por outras mais úteis para o consumidor: cartões de transportes públicos, crachás ou cartões de fidelidade.
"Na minha opinião, o NFC não vai decolar, porque eu acredito muitos mais nas soluções de pagamento através de redes sociais: Facebook credit ou PayPal", opinou Gilles Blanc, diretor de estudos do Grupo de Benchmark.
Para o Paypal, especialista em pagamento pela internet com 106 milhões de usuários ativos, o pagamento com celular já é uma realidade que alcançou 4 bilhões de transações em 2011 e deve chegar a 7 bilhões em 2012.
"É importante seguir os nossos usuários para todos os lugares onde realizam compras", explica o vice-presidente da Paypal Mobile, David Marcus. "Vamos investir agora nos comércios convencionais", já que "oferecemos soluções para qualquer método de pagamento".
As gigantes companhias americanas Visa e MasterCard optaram por investir em ambos os campos: o NFC e seus sofisticados telefones e as soluções de pagamento móvel por celulares mais simples e melhor adaptado aos países em desenvolvimento.
"O celular é uma ferramenta que nos permite fazer coisas diferentes em diferentes mercados", disse Hannes van Rensburg, chefe da subsidiária de pagamentos móveis do Visa em países emergentes.
Orange Money, uma filial da operadora de telefonia francesa Orange, chegou a um acordo com Visa para oferecer aos seus clientes em sete países da África e do Oriente Médio, a maioria dos quais nunca tiveram uma conta bancária, contas pré-pagas móveis para que possam comprar em lojas.
A Mastercad continua com uma política de associação com entidades bancárias e operadoras para oferecer pagamento móvel. Em colaboração com a operadora Turkcell, da Turquia, lançará no mercado uma carteira eletrônica utilizado por 13 bancos locais.
"O importante não é a tecnologia utilizada, mas a proposta de serviço oferecida para o consumidor", explica o chefe do Santander Card, Javir Herraiz, sócio da Mastercard.