nuvem (Morguefile.com)
Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2013 às 06h10.
As operadoras de telecomunicações do Brasil ampliaram sua oferta de serviços de computação em nuvem para clientes corporativos, mas apesar dos esforços, ainda engatinham para ganhar a confiança dos clientes num mercado dominado por gigantes internacionais de tecnologia e empresas especializadas em data centers.
A computação em nuvem (ou cloud computing, em inglês) é o uso de memória e poder de processamento de computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da Internet.
O uso dessa tecnologia tem se intensificado nos últimos anos, mas ainda se trata de um mercado pequeno no país, disse diretor da empresa de pesquisas IDC, Alexandre Campos Silva.
O mercado é atualmente dominado por gigantes como Microsoft, IBM, SAP e Oracle, e por empresas especializadas, como Alog, Locaweb e Totvs.
"Como para oferecer cloud é preciso links de Internet, providos pelas operadoras, elas vislumbraram oportunidade de entrar num mercado crescente em que podem obter receitas", disse Silva.
A expectativa é que o cloud computing movimente 257 milhões de dólares no Brasil em 2013, podendo atingir 798 milhões de dólares em 2015, segundo o IDC.
Para os clientes corporativos, a vantagem da nuvem é o custo menor na comparação com um servidor físico, além de ser um serviço flexível, em que a companhia pode aumentar ou diminuir a capacidade de armazenamento e processamento de acordo com suas necessidades e a sazonalidade do negócio.
A Vivo entrou no segmento em abril de 2012 com foco em companhias de grande porte. A operadora não informou o número de clientes, mas disse ter mais de 3 mil servidores virtualizados, segundo o diretor do segmento de empresas da Telefonica/Vivo, Maurício Azevedo.
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"Com o cloud, a empresa pode alterar a configuração com muita agilidade, pagando pelo uso. Na solução tradicional, essas características são fixas", disse Azevedo, contando que a maior parte dos clientes são varejistas, que aumentam a demanda por processamento e armazenamento de dados no fim do ano.
Indústria e o setor financeiro também adotam a tecnologia de nuvem em diferentes níveis, disse Azevedo. "O setor que menos utiliza é o de governo, devido ao tradicionalismo e à percepção de necessidade de segurança para as informações."
O principal desafio da computação em nuvem é justamente a ideia de que essa tecnologia é menos segura que um servidor físico tradicional, segundo executivos das operadoras. Para Azevedo, essa percepção é errônea e só o tempo irá mudá-la.
As pequenas e médias empresas, no entanto, foram pioneiras em ganhar confiança para utilizar os serviços cloud, disse o diretor-executivo de serviços de valor adicionado da Embratel, Ney Acyr. "Já as grandes empresas que hoje já têm seus próprios equipamentos ou servidores hospedados em data centers começam a exercitar aos poucos ter soluções em nuvem", completou.
Com 2 mil clientes corporativos, principalmente de pequeno e médio portes, a operadora está em fase final de contratação de uma empresa para construir um data center no Rio de Janeiro, que atuará de forma complementar ao servidor existente em São Paulo, inaugurado em outubro do ano passado.
"Antes pensávamos somente no portfólio tradicional de voz, dados e Internet. A nova estratégia é complementar essas ofertas já consolidadas com os serviços de TI", disse Acyr.
A proposta de ampliar a oferta de serviços em nuvem tem sido conduzida globalmente pela controladora da Embratel, a mexicana America Movil, e também está sendo adotada em outros países da América Latina como Argentina e Colômbia.
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Desconfiança Apesar de as operadoras terem entrado nesse mercado há menos dois anos, elas ainda despertam desconfiança por parte dos diretores de TI, que ainda preferem contratar serviços de nuvem de companhias especializadas, explicou o analista de TI da consultoria Frost & Sullivan, Bruno Tasco.
Estudo realizado no início do ano pela consultoria mostrou que apenas 30 por cento dos diretores de TI consultados confiam nas operadoras de telecomunicação quando o assunto é cloud. O levantamento foi feito com 121 empresas brasileiras que já adotavam tecnologia de nuvem.
Para Tasco, o resultado é positivo, tendo em vista que as operadoras entraram há pouco tempo no segmento. "O mercado demora algum tempo para ser 'evangelizado'", disse.
Jeff Gordon, presidente da empresa neozelandesa OpenCloud, fornecedora de aplicativos para empresas de telecom, explicou que originalmente o termo "nuvem" referia-se às redes de telecomunicações, e que somente recentemente esse termo foi relacionado aos serviços de TI entregues pela Internet.
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Oi Em evento semana passada, o presidente da Oi, Zeinal Bava, disse que existe uma tendência internacional de transição dos clientes corporativos para a tecnologia de cloud.
A operadora diz ter sido a primeira a oferecer nuvem de forma comercial no Brasil, em fevereiro de 2012, como foco em grandes empresas. Com cinco data centers no país, a operadora trabalha em aliança técnica com a Portugal Telecom -- com a qual está em processo de fusão.
"Antes, quando se falava em cloud, havia muito medo em relação à segurança e ao preço. E a gente vem evoluindo, e hoje começa a haver uma adoção mais intensa por parte das empresas", disse o diretor corporativo da Oi, Maurício Vergani.
Os produtos de TI representaram no ano passado 6 por cento do total das receitas do setor corporativo da Oi, que somou 2,15 bilhões de reais no segundo trimestre. A expectativa é que essa participação suba para 15 por cento em 2015.
"Para desenvolver serviço de cloud, o segredo é saber fazer a tarifação por uso. E as operadoras já fazem isso no telefone", disse Vergani.