Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h34.
Agosto de 2001. A empresa em que o administrador de redes Danilo Affonso, de 23 anos, trabalhava nos últimos cinco anos estava à beira da falência. Em vez de cair em depressão ou correr atrás dos classificados, ele juntou seu capital ao do pai e ao do irmão mais velho para abrir uma franquia em família. A eleita foi a Monkey, nome badaladíssimo dos jogos em rede. Em apenas dois meses, a loja, no bairro do Brooklin, em São Paulo, já estava funcionando. O investimento foi de 180 mil reais. "Era cliente da Monkey e via as lojas sempre lotadas. Achamos que valia investir numa marca conhecida", explica Affonso.
Colocar a empresa em operação rapidamente com um nome já familiar aos clientes, contar com uma estrutura de apoio e enfrentar riscos bem menores do que quando se começa do zero são as principais vantagens do modelo de franquia. Mas isso tem seu preço - e, às vezes, bem alto. Para ter direito a usar a marca o empreendedor tem de arcar com uma série de taxas, que variam de acordo com a rede, e cumprir rigorosamente as regras do franqueador. Na maior parte dos casos, existe uma taxa de franquia na adesão, royalties mensais em cima do faturamento e fundo de propaganda. Na rede de treinamento de informática Bit Company, por exemplo, a taxa de franquia varia de 8 mil a 20 mil reais e a de instalação, de 40 mil a 80 mil reais, somados a royalties mensais de 12%.
Isso não quer dizer que basta ter dinheiro no bolso para abrir uma franquia. Assim como os investidores de capital de risco, as redes analisam cuidadosamente o perfil dos candidatos. "Gostar de informática não é suficiente. É preciso ter perfil para tocar o negócio no dia-a-dia", avalia Carla Chimeri, consultora da Cherto Networking, especializada em franquias. Outro engano dos futuros franqueados é achar que logo haverá tempo para feriadões prolongados e fins de semana na praia. Nada de mordomias. Principalmente nos primeiros anos do negócio, o envolvimento exigido do empreendedor é altíssimo.
Em muitos casos, a carga de trabalho extra não tem hora para acabar. O engenheiro William Barbosa de Oliveira, de 41 anos, entrou como sócio numa franquia da Microsiga na cidade de Campinas em 1994. "Conhecia tão bem o produto que, no início, era o principal técnico da equipe", conta. Sua jornada de trabalho? Catorze horas diárias, que se mantêm uma rotina até hoje. A compensação é que em apenas um ano Oliveira conseguiu o retorno sobre o investimento realizado. "Optei por colocar menos dinheiro e uma carga de trabalho maior", diz. E não se arrepende: acabou montando outra unidade em São José dos Campos.
A franquia também é um caminho comum para quem se aventurou a abrir um negócio do zero e quebrou a cara. Aos 22 anos, o administrador de empresas Cristiano Gionco montou uma escola de informática - que também começou a vender equipamentos e, depois, desenvolver sistemas. Durou apenas cinco anos. "Não tinha experiência para gerenciar o negócio e acabei perdendo o foco", diz ele. Para aproveitar a estrutura que já tinha, pesquisou várias redes de treinamento e entrou como franqueado na Bit Company, na cidade de São Paulo. Agora, está abrindo mais uma filial em Jundiaí, no interior do Estado.
Opções da hora
Microsiga
O QUE É: consultoria em sistemas de gestão
QUANTO: R$ 30 mil a 50 mil
FRANQUIA DESDE: 1991
UNIDADES PROPRIAS: nenhuma
NUMERO DE FRANQUIAS: 54
SOS Computadores
O QUE É: treinamento em informática
QUANTO: a partir de R$ 70 mil
FRANQUIA DESDE: 1994
UNIDADES PROPRIAS: 1
NUMERO DE FRANQUIAS: 93
Monkey
O QUE É: lan-house (jogos em rede e acesso à web)
QUANTO: R$ 160 mil a 190 mil FRANQUIA DESDE: 1999
UNIDADES PROPRIAS: 1
NUMERO DE FRANQUIAS: 21
Bit Company
O QUE É: treinamento em informática
QUANTO: R$ 80 mil a 120 mil
FRANQUIA DESDE: 1993
UNIDADES PROPRIAS: 1
NUMERO DE FRANQUIAS: 116
De olhos bem abertos
Segundo o último censo do Instituto Franchising, realizado no ano passado, existem no país 39 redes de franquia de informática - das quais 23 estão na área de treinamento. Antes de aderir a uma delas, tome alguns cuidados básicos:
- Avalie a fundo a saúde financeira da rede e de suas franquias.
- Converse com vários franqueados para saber se a rede oferece um suporte adequado - e não deixa o empreendedor na mão justamente quando ele mais precisa.
- Cheque se o negócio realmente tem a sua cara. Seu envolvimento será fundamental para ter sucesso.
- Nunca invista toda a sua reserva financeira. É preciso ter pelo menos uma vez e meia o valor do capital necessário para abrir a franquia.
- Disciplina é essencial.