Tecnologia

O revolucionário Mac comemora 30 anos

Décadas antes de revolucionar o mundo com o iPhone e o iPad, a Apple transformou a computação pessoal com a criação do Macintosh

Modelos do Macintosh juntos com flores num loja da Apple, em razão da morte de Steve Jobs: Mac abriu as portas da computação para os não-especialistas (Stephane Jourdain/AFP)

Modelos do Macintosh juntos com flores num loja da Apple, em razão da morte de Steve Jobs: Mac abriu as portas da computação para os não-especialistas (Stephane Jourdain/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de janeiro de 2014 às 21h51.

São Francisco - Décadas antes de revolucionar o mundo com o iPhone e o iPad, a Apple transformou a computação pessoal com a criação do Macintosh.

A possibilidade de controlar o simpático computador, conhecido carinhosamente como Mac, clicando em ícones com um "mouse" abriu as portas da computação para os não-especialistas, da mesma forma que as telas sensíveis ao toque deixaram praticamente qualquer um confortável com smartphones ou tablets.

O Macintosh, cuja apresentação faz 30 anos nesta sexta-feira, foi a base da lendária rivalidade entre o fundador da Apple, Steve Jobs, e o dono da Microsoft, Bill Gates.

Milhares de fãs da Apple são esperados para uma festa de aniversário nesse fim de semana num centro de artes no Vale do Silício, próximo da sede da empresa, que fica na cidade de Cupertino.

"O Mac foi um salto quântico", disse o ex-emprego da Apple Randy Wigginton à AFP.

"Nós não inventados nada, mas fizemos tudo ficar acessível e fácil", continuou ele. "Foi o primeiro computador que a pessoas usaram e pensaram "Isso é legal"".

Antes do Mac ser apresentado com sua interface gráfica, no dia 24 de janeiro de 1984, os computadores eram máquinas usadas no trabalho, comandados por textos que pareciam uma língua estrangeira para quem era não programador de softwares.

"O impacto causado pelo Mac foi trazer a interface gráfica para "o resto de nós", como a Apple costumava dizer", explicou Dag Spicer, chefe de conteúdo do Museu da História do Computador, no Vale do Silício, à AFP.

"A interface do Mac foi copiada pela Microsoft, que chamou ela de Windows", continuou.

Lembrado hoje como um mágico do marketing, Steve Jobs, na época com 27 anos, estava amedrontado ao subir no palco para revelar o Mac, segundo conta o então executivo-chefe John Sculley, numa postagem no site de notícias de tecnologia "CNET".


"Ele ensaiou repetidamente cada fala, gesto e expressão visual", disse Sculley, "Mas, mesmo assim, quando estaca no palco fez tudo parecer tão espontâneo".

A Apple antecipou a chegada do Mac com um comercial na televisão, baseado no livro "1984", mostrando um ataque ao mecanismo de controle da sociedade mostrado no livro, para representar a inovação que computador trazia.

O anúncio, dirigido por Riddley Scott, foi ao ar num horário caro e concorrido da televisão americana, o intervalo do Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano. Foi um "grande ataque" à IBM, na opinião de Daniel Kottke, que fazia parte da equipe original do Mac.

"Dentro da Apple havia uma forte impressão de que aquilo não era apropriado, foi uma grande disputa", disse Kottke à AFP.

"Felizmente, Steve Jobs e seu campo de distorção da realidade ganharam a batalha, e aquilo deixou uma memória marcante em quem viu."

Houve uma intenção de deixar o preço do Mac acessível ao consumidor, numa época que computadores custando $10.000 eram comuns.

Apesar de um clique para abrir um arquivo parecer uma coisa simples, a demanda de memória e processamento era enorme, dentro dos limites da computação naquela época.

Por isso, a ideia original de lançar o Macintosh com uma memória RAM de 64kbs ao preço de US$1.000 foi substituída por um de 128kbs e US$2.500.

"Steve era realmente maluco com os detalhes", Wigginton disse. "Ele queria que tudo estivesse exatamente certo. Comparado com um computador da IBM daqueles dias, era maravilhoso."

"O Macintosh trouxe um novo nível de acessibilidade para a computação pessoal para um mercado muito maior, assim como o iPad fez 25 anos depois", Kottke acrescentou.


A excelência do Mac nos layouts e na edição de fotos lhe rendeu a devoção de artistas. O lançamento do "hypercard" é responsável pela lealdade fanática pelos Macs.

"Era a ideia de que você podia abrir uma página na sua tela e criar links para outras páginas", explicou Kottze.

"Você podia fazer com que toda sua rede de computadores compartilhasse informação, era como uma internet privada."

Os adeptos fanáticos do Mac passaram a ser chamados de "Mac person".

O Macintosh vendeu bem desde sua estreia, mas o Windowns, lançado em 1985, teve a vantagem de ter um preço mais baixo.

A posterior rivalidade entre as duas empresas virou uma lenda no Vale do Silício.

"Acho que Steve Jobs cultivou a ideia da disputa Windows x Mac", diz Kottze.

"Jobs estava sempre dando golpes na Microsoft, mas a coisa pegou fogo quando eles lançaram o Windows. Ele dizia que eles tinham nos copiado."

A Microsoft assumiu a liderança do mercado ao se concentrar nos softwares, enquanto empresas parceiras lançavam computadores com Windows com preços mais baixos que os do Mac.

"Se a Apple tivesse saído do mercado no final dos anos 90 não seria uma surpresa", na opinião de Kottke.

A concorrência entre as duas não chegou à era do celulares móveis, quando o Google e o seu sistema Android foi eleito como o novo rival, numa época que a smartphones e tablets são centrais no estilo de vidas das pessoas.

O Mac original, quadrado e com uma abertura embaixo da tela para discos, evoluiu para uma linha fina, poderosos laptops e um Mac Pro cilíndrico.

"Eu sou feliz de ter feito parte disso", declara Wigginton.

"Uma vez que você passa por uma experiência dessas, e foi extremamente doloroso, você olha pra trás e todo o sacrifício vale a pena. Quando a Apple ultrapassa etapas na tecnologia, ela é bem-sucedida."

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