Zuckerberg: presidente do Facebook é bombardeado pelos senadores americanos (Leah Millis/Reuters) (Leah Millis/Reuters)
Lucas Agrela
Publicado em 14 de abril de 2018 às 05h55.
Última atualização em 14 de abril de 2018 às 05h55.
São Paulo – Mark Zuckerberg se apresentou perante ao Congresso dos Estados Unidos para esclarecer dúvidas e se explicar sobre o caso de vazamento de dados de 87 milhões de usuários do Facebook para a empresa de marketing político Cambridge Analytica, que atuou na campanha eleitoral de Donald Trump. No Brasil, o caso atingiu 443 mil pessoas.
Nas quase dez horas de depoimento, divididas em dois dias, o CEO, fundador e presidente do Conselho do Facebook fez afirmações importantes sobre como sua plataforma funciona, como ganha dinheiro e quais dados pessoais possui de seus usuários. Para entender em detalhes o problema entre a rede social e a Cambridge Analytica, veja esta matéria.
Por que o Congresso convocou Zuckerberg para essa sabatina pública? Porque o vazamento pode mesmo ter impactado no resultado das eleições.
Para Felipe Oliva, CEO da empresa de marketing de influência Squid, as companhias de tecnologia devem encarar as redes sociais como um grande banco de dados que precisa ser manipulado com o máximo de cuidado. "O uso indevido de dados poderia manipular a opinião pública de alguma forma, uma vez que tais informações não foram coletadas ou autorizadas para essa finalidade. Dados, hoje, são os ativos mais importantes que circulam pela internet e, caindo em mãos erradas, podem causar danos", afirmou Oliva a EXAME.
Veja a seguir os principais pontos que conhecemos sobre como o Facebook funciona e detalhes sobre o caso da Cambridge Analytica que o mundo ficou sabendo nesta semana, no depoimento de Zuckerberg no Congresso.
Zuckerberg deixou claro que a empresa coleta dados de pessoas que não têm conta na rede social. Isso acontece, segundo ele, por razões de segurança. A ideia é prevenir a coleta de dados públicos da rede social por essas pessoas, de maneira mal-intencionada.
Os botões de compartilhamento no Facebook embutidos em sites podem ter algo a ver com isso.
O CEO disse que a empresa não monitora seus usuários pelo microfone do celular, nem compra dados de empresas que têm alto-falantes inteligentes, como a Alexa, da Amazon.
Vale notar que a rede social adiou o lançamento do seu próprio alto-falante inteligente, segundo a Bloomberg.
O Facebook vai rever sua política de coleta de dados de crianças. Na rede social, a idade mínima para criação de contas é de 13 anos. Vale lembrar que também existe o Messenger Kids. Zuckerberg admitiu que o assunto merece sua atenção, apesar de acreditar que não seja necessário que haja uma lei específica para isso.
Para evitar a propagação de fake news, notícias falsas que podem levar pessoas a mudar de opinião sobre um tema ou personalidade, o CEO disse que vai usar algoritmos aprimorados de inteligência artificial. O objeto é evitar que conteúdos enviesados prejudiquem ou alterem os resultados das eleições em países como o Brasil, que tem votações importantes neste ano.
Zuckerberg afirmou que a sua empresa vai analisar campanhas de publicações de cunho político ou relacionadas à política. Dados como localização e identidade serão solicitados pela companhia para evitar casos como os que aconteceram nos EUA: russos teriam promovido publicações para manipular a opinião pública.
A falha na plataforma de desenvolvedores do Facebook permitiu a coleta maliciosa de dados no Facebook e a empresa sabe disso. Zuckerberg afirmou que deveria ter cuidado melhor dos dados dos usuários e disse que suas próprias informações também foram afetadas pelo problema.
Nesta semana, o Procon-SP notificou o Facebook devido à falha que prejudicou a privacidade dos usuários da rede social.
“A fundação quer saber como e quando ocorreram os vazamentos, assim como o tipo de dados expostos, além de descrever as providências já tomadas”, diz o comunicado.
A empresa se comprometeu a colaborar com o Procon-SP neste caso.