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O Google comprou uma Moto-encrenca?

A Motorola está em confronto judicial contra Apple e Microsoft e há indícios de que o acerto final deve ser negativo para a empresa que o Google comprou

Apesar de seu amplo acervo de patentes, a Motorola não está tão bem posicionada como parece para enfrentar Apple e Microsoft (Reprodução)

Apesar de seu amplo acervo de patentes, a Motorola não está tão bem posicionada como parece para enfrentar Apple e Microsoft (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2011 às 09h57.

São Paulo -- Esqueça o discurso do Google sobre como a aquisição da Motorola Mobility vai ajudar a dar uma supercarga no Android. A compra será um baita problema para a companhia. 

De acordo com o posicionamento oficial, o principal motivo para a decisão foi o vasto portfólio de patentes ligadas à telefonia móvel da Motorola Mobility. Cada vez mais acuado por Apple e Microsoft, que acusam fabricantes do Android de ferir propriedade intelectual, o Google precisava se defender de alguma maneira. Os processos judiciais multiplicam-se e podem ser exigidas licenças de quem produz os celulares com o sistema operacional.

Para Florian Muller, especialista em patentes e autor do blog FOSS Patents, o argumento não faz o menor sentido. Em um post publicado nesta segunda-feira (15), ele afirma que a Motorola já está em confronto litigioso contra a Apple e a Microsoft. Os processos ainda estão em andamento, mas, até o momento, a Motorola não foi capaz de superar as rivais no número de patentes que diz terem sido copiadas. Isso significa que, nos dois casos, há grande probabilidade de um futuro acordo judicial ser desfavorável para a Motorola.

O Google imita a Apple

O que, então, o Google deseja? É bem provável que tenha decidido adquirir um fabricante de hardware para fornecer aparelhos com maior integração com o software. Seria uma maneira de copiar o modelo adotado pela Apple e, ao mesmo tempo, manter aberta a possibilidade para que outros fabricantes também produzam smartphones com Android. Só que a Samsung, a HTC e a LG não vão gostar nem um pouco disso.


De parceiro, o Google tornou-se um concorrente delas. Embora diga que a operação da Motorola será independente, é lógico que haverá comunicação intensa entre os executivos. É natural. Ninguém compra uma empresa e depois a coloca dentro de uma bolha. Existirá um cuidado todo especial com telefones produzidos ali, para que a experiência seja a melhor possível. Afinal, agora o nome do Google estará associado aos produtos, e não vai adiantar nada dizer que são empresas diferentes. Samsung, HTC e LG ficaram em segundo plano.

Windows Phone

De uma hora para a outra, o Google jogou as três no colo da Microsoft. O Windows Phone 7.5 já estava no mapa delas, mas sem dúvida será analisado com mais carinho. A Nokia terá mais concorrência do que espera, o que é bom para Bill Gates. Como haverá mais variedade de aparelhos e mais marketing no sistema da Microsoft, isso poderá impulsionar o crescimento de uma terceira força no mundo dos smartphones. Ninguém quer virar refém de um concorrente.

Os problemas não terminam aí. A Motorola quase faliu poucos anos atrás. Só conseguiu um pouco de tempo para respirar por causa do Android. Mesmo assim, as coisas não estão boas. Dentre os principais fabricantes de celulares com o sistema do Google, foi a única empresa cuja participação no mercado diminuiu no segundo trimestre do ano, segundo o Gartner. Sem contar que o Google não tem a menor experiência em produção em larga escala e em lidar com consumidores.

Quem mais ganha com essa história toda é a própria Motorola. Não é de se espantar que eles tenham tentado dar uma pressionada para que a venda acontecesse. Nas últimas semanas, a companhia chegou a dizer que estava pronta para aderir ao Windows Phone e também ameaçou processar os outros fabricantes de Android, por violação de patente. Coisa fina.

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