Tecnologia

O futuro da web segundo o criador do Mashable, Pete Cashmore

Para empresário escocês de 26 anos, rede será mais móvel e social

Pete Cashmore: "O futuro da web social estará no filtro de compartilhamento de conteúdos"  (Getty Images / David McNew)

Pete Cashmore: "O futuro da web social estará no filtro de compartilhamento de conteúdos" (Getty Images / David McNew)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 22h18.

São Paulo - Aos 26 anos, o escocês Pete Cashmore faz parte da seleta lista de jovens que inventou negócios milionários na internet e que, por isso, influencia os destinos da rede. Tudo começou em 2005, na cidade de Banchory, na Escócia, quando Cashmore começou a publicar textos sobre redes sociais em um blog recém-criado. O título da página: Mashable. 

Nem de longe, o assunto gozava à época da popularidade que tem hoje. Cashmore, contudo, confiou no potencial de sua escolha e, em pouco tempo, colheu frutos. O blog tornou-se um site e a principal referência em tecnologia e redes sociais no mundo, superando rivais de respeito como o Techcrunch.

Atualmente, suas páginas são vistas 50 milhões de vezes ao mês, e seus conteúdos são lidos em todo o mundo. O Mashable conta com 40 profissionais, divididos em dois escritórios nos Estados Unidos e na Europa. "Hoje, quase uma década depois, minha missão de fornecer novidades e recursos aos jovens conectados permanece idêntica", diz o criador, olhando em retrospectiva. O sucesso trouxe também ofertas.

Recentemente, o site recebeu uma proposta estimada em cerca de 360 milhões de dólares da rede de TV CNN – Cashmore não comenta o assunto. O garoto do interior da Escócia foi eleito uma das cem personalidades do ano pela revista Time neste ano e ganhou um apelido: "galã da blogosfera".

Nesta semana, ele chegou ao Brasil pela primeira vez para participar do Rio+Social, evento que faz parte do calendário da Rio+20 e que discutirá tecnologia, mídia social, sustentabilidade e liderança global na América do Sul – o Rio+Social conta com apoio do site Planeta Sustentável, do Grupo Abril, que edita VEJA. Cashmore falou com exclusividade ao site de VEJA sobre futuro das redes sociais e da própria internet. Confira os principais trechos da conversa.

Veja.com - Por que, aos 20 anos, você decidiu criar um blog de tecnologia?

Pete Cashmore - Sempre acompanhei a revolução digital. Compartilhar essas informações era um desejo antigo. Hoje, quase uma década depois, minha missão de fornecer novidades e recursos aos jovens conectados permanece idêntica.


No percurso, conquistamos uma base fiel de leitores: são mais de 20 milhões de pessoas que leem nossos conteúdos mensalmente, além de 6 milhões de seguidores em redes sociais. Aos poucos, estamos ampliando nossa cobertura editorial para eventos, discutindo estilos de vida dos jovens, além de engajar ainda mais nossa comunidade em outras plataformas de redes sociais de menor popularidade, como o Google+ e Pinterest. No próximo dia 30, comemoraremos o Dia da Mídia Social – nossa criação: estou orgulhoso em dizer que o Brasil participa da festa com uma grande comunidade.

Veja.com - Em entrevista a VEJA, o analista Eric Jackson afirmou que o Facebook terá vida curta. Qual é sua opinião a respeito?

PC - A cada seis meses são criadas novas empresas parecidas ou que buscam ter o status que o Facebook possui. Para a companhia de Mark Zuckerberg, isso é ótimo, uma vez que a inovação provoca competição e, consequentemente, gera novos e melhores produtos para seus usuários. Um ótimo exemplo é a compra bilionária do Instagram: Mark sabe que o futuro da sua rede é móvel. Para se tornar relevante, contudo, é necessário dominar as tendências que envolvem o mundo digital: isso garantirá o futuro de empresas como Google e Facebook.

Veja.com - Quais são os próximos passos no segmento de redes sociais?

PC - O futuro da web social está nos filtros de compartilhamento de conteúdos e na forma de apresentação das informações mais relevantes aos consumidores. Em um mundo com milhões de fotos do Instagram, centenas de milhares de horas de vídeos no YouTube e milhões de tweets publicados diariamente, há uma necessidade profunda de criar guias ou espaços de curadoria para selecionar os melhores conteúdos. Sites como o Pinterest, por exemplo, têm grande futuro na web por agregar informação em caixas – no caso, murais –, além de ser um serviço facilitador de compartilhamento.

Veja.com - Nos próximos dias, o Google+ completa um ano de vida. Qual é sua avaliação do produto?

PC - O Google precisava impor novos rumos a seu negócio. O desenvolvimento do Google+ mostra que o gigante de buscas deseja e quer se aventurar no campo de batalha de um de seus rivais. Até o momento, o Google+ não tem condições de brigar com o Facebook, mas o serviço alimenta certa expectativa de crescimento, uma vez que conta com uma ajuda nada desprezível: a publicidade da nave-mãe. Se conseguirem evoluir com a plataforma, será uma grande vitória para o Google.

Veja.com - Qual é o futuro da web?

PC - É difícil profetizar sobre os próximos passos virtuais, mas é certo que um futuro móvel e social nos aguarda. Nos libertaremos do uso assíduo de dispositivos físicos e de difícil mobilidade, como os desktops e notebooks para dedicar cada vez mais atenção a smartphones, tablets e novos dispositivos conectados, de óculos digitais a relógios.

Veja.com - O Brasil tem potencial para ser um país importante no setor de tecnologia?

PC - Com certeza. O país já está na vice-liderança entre as nações com o maior número de usuários do Facebook. É uma clara mostra de como os brasileiros conectados à rede têm o desejo de compartilhar ideias, conhecimentos. Será a primeira vez que falo com um público da América Latina e sei que, no Rio de Janeiro, encontrarei pessoas interessantes. Durante minha participação no Rio+Social, estarei muito interessado em ouvir opiniões de parte da população: chego ao país para aprender também.

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