Novo Facebook? Rede social da geração Z, Yubo recebe aporte de US$ 47,5 mi
Fundada na França, a rede social já conta com mais de 40 milhões de usuários em todo o planeta. O Brasil é um dos maiores mercados
Rodrigo Loureiro
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 08h00.
A Yubo, rede social francesa fundada em 2015, recebeu um aporte de 47,5 milhões de dólares. Em entrevista exclusiva para a EXAME, Sacha Lazimi, cofundador e presidente da Yubo, conta que a a injeção de capital faz parte de uma rodada de captação de Serie C e que será liderada pelos fundos de capital de risco Alven, IDinvest, Iris Capital e Sweet Capital.
Cofundada por Arthur Patora, Jérémie Aouate, a empresa trabalha com um aplicativo de rede social que ganhou fama entre a geração Z e millennials. São usuários que, em geral, são menores de idade. Adolescentes. O funcionamento é diferente de outras redes, como Facebook, Twitter ou algumas mais moderninhas como Snapchat ou TikTok.
A Yubo vem crescendo de forma agressiva nos últimos anos e já conta com 40 milhões de usuários em todo o planeta. A maior parte, 8,9 milhões, vem dos Estados Unidos. O Brasil é o terceiro maior mercado, com 1,7 milhão de pessoas conectadas na plataforma. O país fica atrás do Reino Unido, que tem 3,6 milhões de usuários na rede social.
O dinheiro será usado para impulsionar o crescimento da companhia nos Estados Unidos e em novos mercados. A Ásia está na mira. Por isso, o aplicativo deve ganhar mais tração em países como Japão, Taiwan e Coreia do Sul, além de outros mercados do sudeste asiático. Novas contratações devem ser feitas para aumentar o time que atualmente tem somente 32 funcionários.
A operação brasileira, que cresceu 1.300% durante os meses de pandemia de covid-19, também deve ser contemplado com parte do dinheiro. “Houve um grande crescimento no Brasil e na América Latina durante a pandemia e este é um mercado muito importante para a Yubo, pois é grande e concentra usuários altamente engajados”, afirma Lazimi.
A empresa pretende faturar 20 milhões de dólares em 2020, dobrando a receita obtida no ano passado. É um valor considerado baixo perto da receita de outras redes sociais (veja no gráfico abaixo). A companhia ainda não é lucrativa. Para Lazimi, entretanto, isto é uma questão de tempo e a empresa pode atingir o breakeven quando desejar.
O modelo de negócio é baseado em compras feitas dentro do aplicativo, que concedem vantagens e funções exclusivas e assinaturas. É possível promover uma transmissão ao vivo para alcançar mais usuários ou tornar o seu perfil no modo “Deslizar” mais visível a outros usuários, o que vai garantir um número maior de interações.
O aporte recente é o maior que a companhia já recebeu. Ao todo, a Yubo já havia captado 19,5 milhões de dólares em investimentos, sendo 12,3 milhões de dólares em uma rodada de Serie B feita em dezembro de 2019 e liderada por IDinvest e Iris Capital. As rodadas anteriores, de Serie A e Seed, foram capitaneadas pela Alven.
Lazimi explica que a companhia não estava planejando realizar um aporte tão cedo apenas um ano depois da rodada de Serie A. A pandemia do novo coronavírus, que acelerou exponencialmente o crescimento da rede social, foi determinante. “É como se todos os dias fossem domingo, quando há um pico de usuários conectados”, afirma.
A nova injeção de capital conta com a participação de Jerry Murdock, cofundador do fundo de capital de risco Insight Partners e que já investiu em empresas como Twitter e Snapchat. “ Yubo tem um modelo de negócios inovador entre outras plataformas de mídia social e gerencia a difícil tarefa de se conectar com a Geração Z em todo o mundo”, diz o investidor.
É uma estratégia oposta a de outras empresas do ramo, que já faturam bilhões de dólares com anúncios veiculados em suas mídias. Lazimi diz que não pretende inserir publicidade dentro da plataforma e negou que esse posicionamento irá mudar. Ao menos num futuro próximo.
Diferente e saudosista
Ao contrário de outras plataformas, que contam com usuários com milhões de seguidores e fomentaram a cultura do like, a Yubo é uma rede social que lembra o funcionamento de salas de chat do início da década passada ou mesmo canais do Internet Relay Chat (IRC). De certa forma, a Yubo traz uma pitada do passado para a geração do futuro.
A ideia surgiu ao longo da última década, quando os cofundadores da Yubo tentaram criar outras plataformas sociais. Na terceira tentativa, em meio ao sucesso estrondoso do Snapchat em 2015, surgiu a Yubo. “As pessoas mostravam seus endereços do Snapchat online e tentavam se conectar umas com as outras. Eram usuários da geração Z”, diz Lazimi.
Não se tratava de uma cópia do serviço criado por Evan Spiegel e que chegou a incomodar tanto o Facebook que a empresa incorporou o recurso de fotos temporárias em todas as suas plataformas, criando os stories do Instagram, por exemplo. Antes disso, a empresa de Mark Zuckerberg tentou comprar a operação do Snapchat, mas a oferta de 3 bilhões de dólares foi rejeitada.
Se o funcionamento é quase saudosista, há um quê de modernidade em toda experiência de uso. Há duas maneiras de interagir com as pessoas, através de lives que são transmitidas para toda a rede social ou em um método semelhante ao Tinder, em que o usuário desliza para o lado buscando por novas conexões e, então, tenta o match. É quase um “Tinder teen”.
Por ser uma plataforma nova, ela ainda apresenta alguns problemas. A EXAME tentou, mas não conseguiu usar o serviço mesmo após o cadastro de duas contas na plataforma e com o uso em dois smartphones diferentes. A rede social simplesmente não encontrava qualquer usuário, em lugar algum do mundo. Este não parece ser um problema inédito, conforme foi apurado.