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Microsoft compra divisão de celulares da Nokia por US$7,2 bi

São Paulo - A Nokia vendeu sua divisão de celulares para a Microsoft por 7,2 bilhões de dólares. O anúncio foi feito dois anos e meio após a fabricante finlandesa...

microsoft (REUTERS/Dado Ruvic)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.

São Paulo - A Nokia vendeu sua divisão de celulares para a Microsoft por 7,2 bilhões de dólares. O anúncio foi feito dois anos e meio após a fabricante finlandesa atrelar seu futuro ao sistema operacional Windows Phone.

A Nokia continuará como fabricante de equipamentos para telecomunicações e detentora de patentes. O presidente da empresa, Stephen Elop, vai retornar à Microsoft como presidente de operações para dispositivos móveis. Especula-se também que ele possa substituir o atual presidente-executivo da Microsoft, Steve Ballmer, que vai se aposentar.

Antes considerada a maior empresa de celulares do mundo, a Nokia foi superada pela Apple e pela Samsung no segmento de smartphones. Em 2011, Elop admitiu que a fabricante estava ficando para trás e não tinha tecnologia para acompanhar o mercado. Nessa época, tomou a decisão de adotar o Windows Phone, no lugar de sua própria plataforma ou do Android, sistema do Google que lidera o mercado.

A fabricante finlandesa chegou a ter uma participação de 40% do mercado de celulares. Atualmente, a empresa tem apenas 15%, com uma presença ainda menor em smartphones, de 3%. O negócio com a Microsoft fez as ações dispararem mais de 40% nesta terça-feira (3), com investidores, antes desanimados, voltando a comprar papéis para limitar perdas. 

Apesar da alta, o valor da ação, de 4,18 euros, é apenas uma fração do pico atingido em 2000, de 65 euros. As mudanças na Nokia fizeram a empresa ser avaliada agora a cerca de 15 bilhões de euros. Mas esta também é apenas uma fração em relação ao auge da companhia, que já chegou a ter valor de mercado de 200 bilhões de euros.

Momento decisivo - O negócio marca um momento crucial para a Microsoft, que ainda gera grandes receitas a partir do sistema operacional Windows, do pacote Office e do console Xbox. Porém, nunca conseguiu montar um negócio rentável em dispositivos móveis. O tablet Surface, por exemplo, tem registrado vendas fracas desde que foi lançado, no ano passado.

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"É um passo ousado em direção ao futuro - uma vitória para os funcionários, acionistas e consumidores de ambas as empresas. Unir esses grandes times vai acelerar as ações e os lucros da Microsoft em celulares, e fortalecer as oportunidades globais para a Microsoft e nossos parceiros em toda a nossa família de dispositivos e serviços", disse Ballmer em comunicado.

O negócio com a Nokia empurra a Microsoft adiante no disputado mercado de celulares. Com a Nokia, a Microsoft pretende alcançar uma fatia de até 15% do mercado global de smartphones em 2018. Se esse percentual for alcançado, a Microsoft estima que poderá gerar uma receita anual de 45 bilhões de dólares com smartphones.

A empresa finlandesa permanece dona da Nokia Solutions and Networks, que compete com empresas como Ericsson e Huawei em equipamentos para redes de telecomunicações. A Nokia também permanece com negócios em mapas e navegação por satélite e um amplo portfólio de patentes, que serão licenciadas para a Microsoft.

Golpe nos finlandeses - O anúncio da venda foi um duro golpe para o país natal da Nokia, a Finlândia. A Nokia espera que 32 mil funcionários, do total de 90 mil trabalhadores da empresa no mundo, sejam transferidos para a Microsoft, incluindo cerca de 4.700 na Finlândia. Além disso, o fato de um ex-executivo da Microsoft ter assumido o comando da Nokia e apostado o futuro da empresa nessa aliança foi um tapa ao orgulho nacional para muitos finlandeses.

"Como finlandês, não posso gostar deste negócio. Ele encerra um capítulo da história da Nokia", disse Juha Varis, gerente de portfólio da Danske Capital. Varis foi um dos muitos investidores que criticaram a decisão de Elop de apostar o futuro da Nokia em smartphones baseados no sistema operacional da Microsoft, que nunca deslanchou entre os consumidores.

Outros finlandeses lamentaram o declínio da Nokia. Alexander Stubb, ministro do Comércio Exterior e para Assuntos Europeus, disse em sua conta no Twitter: "Para muitos de nós, finlandeses, inclusive eu, os telefones da Nokia são parte de um ambiente no qual crescemos. Muitas primeiras reações ao negócio serão emocionais".

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Venda urgente - Para o analista Tero Kuittinen, da consultoria Alekstra, o preço do negócio foi fechado a cerca de um quarto das vendas da empresa no ano passado. Isso representa um "nível de venda urgente". Já Hannu Rauhala, analista do Pohjola Bank, afirma ser difícil dizer se é barato ou caro. "O que deve ser pago por um negócio em declínio, no qual a fatia de mercado tem sido constantemente perdida e a rentabilidade tem sido fraca?"

A Nokia ainda é a segunda maior fabricante de celulares do mundo, atrás da Samsung. Mas não está entre as cinco primeiras no mercado de smartphones, um nicho mais lucrativo e de crescimento mais rápido. As vendas da linha Lumia têm ajudado o Windows Phone a ganhar participação no mercado, alcançando uma fatia de 3,3 por cento, de acordo com a consultoria Gartner. Ainda assim, o Android, do Google, e o sistema iOS, da Apple, respondem por 90 por cento do mercado.

Executivos - A Nokia disse em um comunicado que, além de Elop, espera que executivos do alto escalão como Jo Harlow, Juha Putkiranta, Timo Toikkanen e Chris Weber sejam transferidos para a Microsoft após o negócio ser concluído. Mas não especificou quais papéis teriam na empresa. O presidente do conselho da Nokia, Risto Siilasmaa, assumirá o cargo de presidente-executivo enquanto a companhia procura uma pessoa para o cargo, acrescentou o comunicado.

"Nokia e Microsoft estão comprometidas com o próximo capítulo. Juntos, vamos redefinir os limites da mobilidade", disseram Elop e Ballmer em carta aberta. A venda deve ser concluída no primeiro trimestre de 2014 e está sujeita à aprovação por acionistas da Nokia e autoridades, entre outras condições de fechamento.

*Com informações da agência de notícias Reuters

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