Deputado Marco Feliciano discursa na Câmara dos Deputados: declarações sobre afrodescendentes causam polêmica no twitter (Agência Câmara/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2011 às 18h22.
Brasília - Na mesma semana em que as declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no programa CQC provocaram reações no Congresso, outro parlamentar usou o Twitter para dizer que "os africanos são amaldiçoados". Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) é deputado federal de primeiro mandato e garante que a afirmação vem de um conhecimento teológico. Ele se diz afrodescendente e nega ser racista.
Os primeiros posts tratando do tema foram colocados na página do parlamentar ontem. Segundo ele, foi sua assessoria que colocou o "ensinamento" na internet, mas com seu aval. Entre outras frases, Feliciano diz na rede social que "sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome".
Hoje, ele retornou ao tema: "A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!". Segundo o deputado, a Bíblia sustenta a teoria de que o continente africano foi amaldiçoado. O parlamentar afirma que, pela Bíblia, Cam, filho de Noé, "vê a nudez do pai" em um momento de embriaguez de Noé e ri. Quando Noé volta em si, ele chama Cam e seu neto Canaã e joga uma maldição sobre o neto, que, posteriormente seria o responsável por povoar o continente africano.
Em entrevista hoje, o deputado reafirmou as frases colocadas na rede social. Ele afirmou que tudo isso é um "ensinamento teológico avançado". Feliciano nega que seja racista e diz que "ora pela África". "O problema do continente africano é espiritual e se vence com oração. Isso poderia ter acontecido com outro continente, mas foi lá. Eu apenas citei um texto que é teológico para quem quiser aprender. O resto é maldade das pessoas".
A polêmica relativa à África não é a única da página do parlamentar na rede social. Feliciano faz também ataques a homossexuais. "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, a rejeição", diz ele em um dos posts.
O deputado afirma que o ataque é destinado a homossexuais que têm espalhado críticas a ele no Twitter. Ele afirma ainda que respeita os homossexuais, mas que é contra a "promiscuidade" que está sendo colocada diante de seus filhos. "Dentro de quatro paredes, eles têm liberdade, mas não podem querer que eu aceite um ato que é condenado pela Bíblia Sagrada", diz ele.