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Nintendo sofre pressão para abandonar consoles

Fiasco do Wii U aumenta a pressão para a companhia desistir da fabricação de consoles e liberar seus personagens para smartphones, tablets e concorrentes

Controle do Wii U, da Nintendo: companhia cortou sua previsão anual de vendas para o console, que tem apenas um ano, em mais de dois terços (Akio Kon/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2014 às 15h50.

San Francisco - A Nintendo está sendo pressionada a abandonar a fabricação de consoles de videogames depois das decepcionantes vendas do Wii U , pois uma mudança na demanda dos jogadores casuais interfere com os lucros.

A Nintendo, com sede em Kioto, no Japão, está prestes a sofrer um tombo hoje em Tóquio depois de uma queda de 17 por cento nas ações cotadas na bolsa dos Estados Unidos, o maior declínio em 12 anos. No dia 17 de janeiro a Nintendo previu uma inesperada perda operacional para o ano que termina em março e cortou sua previsão anual de vendas para o Wii U, que tem apenas um ano, em mais de dois terços.

O presidente Satoru Iwata deve assumir a derrota do Wii U, desativar a produção e liberar os icônicos personagens de software Nintendo, como Zelda e Super Mario, para os smartphones, tablets e consoles que desestruturaram a estratégia dele, disse Michael Pachter, analista da Wedbush Securities, em Los Angeles. A Nintendo deveria abandonar de vez a produção de hardware, de acordo com Pachter.

Iwata “tem que assumir a responsabilidade pelo equívoco do Wii U”, disse Pachter. “Ele será pressionado a realizar mudanças drásticas. Se ele conseguir fazer isso sem perder seu cargo, terá mais poder, mas precisará mudar as coisas”. Iwata, 54, disse que não vai pedir demissão e planeja ajudar a empresa a passar por essa transição ainda indefinida. Ele sempre se recusou a oferecer franquias Nintendo para dispositivos móveis ou sistemas de console concorrentes. No dia 17 de janeiro ele disse que está pensando em modificar seu modelo de negócios, sem dar mais detalhes.

“Não é tão simples”

“Com a expansão dos aparelhos inteligentes, é claro que analisamos como usá-los para aumentar os negócios dos videogames”, disse Iwata em uma entrevista coletiva em Osaka. “Não é tão simples, é preciso mais do que fazer com que Mario se mova em um smartphone”.

A vinculação dos icônicos personagens da Nintendo ao seu hardware aumentou a demanda pelo Wii original, que vendeu mais de 100 milhões de unidades e se tornou o console mais vendido do mundo.

Desta vez, os atrasos de seus próprios títulos prejudicaram as vendas do Wii U. O fiasco do console no mercado está atravancando as vendas de software com margens mais altas. A empresa, que tinha projetado um lucro operacional de 100 bilhões de ienes (US$ 959 milhões) para o ano fiscal, agora estima uma perda operacional de 35 bilhões de ienes.


No dia 17 de janeiro a Nintendo reduziu sua previsão de vendas anuais do Wii U de 9 milhões de unidades a 2,8 milhões e cortou pela metade a projeção de vendas de jogos para este sistema para 19 milhões de unidades. A empresa abateu 25 por cento de sua expectativa em relação ao reprodutor portátil 3DS para 13,5 milhões de unidades, menos que no ano anterior.

Os jogadores ocasionais — que transformaram a Nintendo em um líder do setor que movimenta US$ 93 bilhões — trocaram os sistemas autônomos como o 3DS e o Wii U da Nintendo por downloads baratos que funcionam em telefones Android ou em iPads da Apple Inc. Consoles mais novos e rápidos da Sony Corp. e da Microsoft Corp. conquistaram os jogadores assíduos que ainda estão dispostos a desembolsar US$ 400 ou mais em um aparelho e US$ 60 por um jogo como “Call of Duty”.

O mercado de smartphones

Com mais de 1,5 bilhão de smartphones nas mãos dos consumidores, a Nintendo poderia lançar anualmente 10 jogos de sua biblioteca de 1.500 títulos, cobrar de US$ 5 a US$ 10 por cada jogo móvel e vender pelo menos 50 milhões de cópias de cada um ao seu público cativo, disse Pachter. Só esses produtos gerariam vendas de US$ 2,5 bilhões a US$ 5 bilhões por ano, com uma elevada margem e sem os gastos de fabricação do hardware.

Além disso, a Nintendo poderia continuar lançando títulos mais caros para os consoles, acrescentou Pachter. Como exemplo, citou a abordagem da Electronic Arts Inc., que oferece o jogo “Plants vs Zombies” em diversas plataformas.

Deixar de ser um fabricante de hardware e se tornar um fabricante de software tem seus riscos. A Sega Corp., que já foi líder em consoles de videogames, interrompeu a produção em 2001 e agora é parte de uma empresa que também fabrica máquinas de Pachinko e dirige parques de diversão, a Sega Sammy Holdings Inc.

A Atari Inc., a pioneira dos videogames, que desenvolveu “Pong”, pediu proteção contra falência no ano passado para tentar conseguir autonomia em relação à matriz francesa Atari SA.

“A parte do console Nintendo já era”, disse Pachter em uma entrevista. “Não são sequer concorrentes, já não importam”.

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San Francisco - A Nintendo está sendo pressionada a abandonar a fabricação de consoles de videogames depois das decepcionantes vendas do Wii U , pois uma mudança na demanda dos jogadores casuais interfere com os lucros.

A Nintendo, com sede em Kioto, no Japão, está prestes a sofrer um tombo hoje em Tóquio depois de uma queda de 17 por cento nas ações cotadas na bolsa dos Estados Unidos, o maior declínio em 12 anos. No dia 17 de janeiro a Nintendo previu uma inesperada perda operacional para o ano que termina em março e cortou sua previsão anual de vendas para o Wii U, que tem apenas um ano, em mais de dois terços.

O presidente Satoru Iwata deve assumir a derrota do Wii U, desativar a produção e liberar os icônicos personagens de software Nintendo, como Zelda e Super Mario, para os smartphones, tablets e consoles que desestruturaram a estratégia dele, disse Michael Pachter, analista da Wedbush Securities, em Los Angeles. A Nintendo deveria abandonar de vez a produção de hardware, de acordo com Pachter.

Iwata “tem que assumir a responsabilidade pelo equívoco do Wii U”, disse Pachter. “Ele será pressionado a realizar mudanças drásticas. Se ele conseguir fazer isso sem perder seu cargo, terá mais poder, mas precisará mudar as coisas”. Iwata, 54, disse que não vai pedir demissão e planeja ajudar a empresa a passar por essa transição ainda indefinida. Ele sempre se recusou a oferecer franquias Nintendo para dispositivos móveis ou sistemas de console concorrentes. No dia 17 de janeiro ele disse que está pensando em modificar seu modelo de negócios, sem dar mais detalhes.

“Não é tão simples”

“Com a expansão dos aparelhos inteligentes, é claro que analisamos como usá-los para aumentar os negócios dos videogames”, disse Iwata em uma entrevista coletiva em Osaka. “Não é tão simples, é preciso mais do que fazer com que Mario se mova em um smartphone”.

A vinculação dos icônicos personagens da Nintendo ao seu hardware aumentou a demanda pelo Wii original, que vendeu mais de 100 milhões de unidades e se tornou o console mais vendido do mundo.

Desta vez, os atrasos de seus próprios títulos prejudicaram as vendas do Wii U. O fiasco do console no mercado está atravancando as vendas de software com margens mais altas. A empresa, que tinha projetado um lucro operacional de 100 bilhões de ienes (US$ 959 milhões) para o ano fiscal, agora estima uma perda operacional de 35 bilhões de ienes.


No dia 17 de janeiro a Nintendo reduziu sua previsão de vendas anuais do Wii U de 9 milhões de unidades a 2,8 milhões e cortou pela metade a projeção de vendas de jogos para este sistema para 19 milhões de unidades. A empresa abateu 25 por cento de sua expectativa em relação ao reprodutor portátil 3DS para 13,5 milhões de unidades, menos que no ano anterior.

Os jogadores ocasionais — que transformaram a Nintendo em um líder do setor que movimenta US$ 93 bilhões — trocaram os sistemas autônomos como o 3DS e o Wii U da Nintendo por downloads baratos que funcionam em telefones Android ou em iPads da Apple Inc. Consoles mais novos e rápidos da Sony Corp. e da Microsoft Corp. conquistaram os jogadores assíduos que ainda estão dispostos a desembolsar US$ 400 ou mais em um aparelho e US$ 60 por um jogo como “Call of Duty”.

O mercado de smartphones

Com mais de 1,5 bilhão de smartphones nas mãos dos consumidores, a Nintendo poderia lançar anualmente 10 jogos de sua biblioteca de 1.500 títulos, cobrar de US$ 5 a US$ 10 por cada jogo móvel e vender pelo menos 50 milhões de cópias de cada um ao seu público cativo, disse Pachter. Só esses produtos gerariam vendas de US$ 2,5 bilhões a US$ 5 bilhões por ano, com uma elevada margem e sem os gastos de fabricação do hardware.

Além disso, a Nintendo poderia continuar lançando títulos mais caros para os consoles, acrescentou Pachter. Como exemplo, citou a abordagem da Electronic Arts Inc., que oferece o jogo “Plants vs Zombies” em diversas plataformas.

Deixar de ser um fabricante de hardware e se tornar um fabricante de software tem seus riscos. A Sega Corp., que já foi líder em consoles de videogames, interrompeu a produção em 2001 e agora é parte de uma empresa que também fabrica máquinas de Pachinko e dirige parques de diversão, a Sega Sammy Holdings Inc.

A Atari Inc., a pioneira dos videogames, que desenvolveu “Pong”, pediu proteção contra falência no ano passado para tentar conseguir autonomia em relação à matriz francesa Atari SA.

“A parte do console Nintendo já era”, disse Pachter em uma entrevista. “Não são sequer concorrentes, já não importam”.

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