Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2012 às 19h48.
A Nikon demorou para entrar no mercado das câmeras híbridas, mas quando as primeiras câmeras finalmente atingiram o mercado, o impacto não foi pequeno. A série 1 rompeu com vários paradigmas da categoria das câmeras híbridas (máquinas avançadas sem espelho) ao optar por um sensor menor e uma carcaça maior que a média. Outra quebra deu-se me relação a uma tradição da própria Nikon, que manteve o f-mount para as DSLR e desenvolveu um conector de lente novo para a linha de câmeras híbridas. Veremos a seguir se mudanças tão drásticas produziram um efeito positivo ou negativo.
Assim como 1 J1, que resenhamos há alguns meses, a 1 V1 usa um formato de sensor que a Nikon chama de CX. Trata-se de um CMOS de 1 de diagonal, tamanho que o situa entre o Quatro Terços encontrado das DLSR básicas da Olympus e os sensores que são utilizados em câmeras compactas convencionais. Não existem muitas sutilezas quando o assunto é a relação entre o tamanho do sensor e competência da câmera ao lidar com a luz: um sensor maior produz melhores resultados em condições controladas. De fato, as imagens produzidas pela 1 V1 são quase indistinguíveis da 1 J1, ou seja, superiores às de uma compacta comum mas inferiores às de uma DSLR.
Para sermos mais específicos, falta um pouco de definição às fotos e o ruído logo se torna inaceitável conforme subimos a escala de ISO. Mas fazemos tais observações utilizando a média das híbridas como fiel da balança. Quando comparada a uma compacta, a 1 V1 se sai muito bem ao retratar objetos e pessoas com poucos deslizes até o ISO 800. A partir desse ponto o nível de detalhe cai progressivamente. A Nikon tomou a decisão certa ao manter a contagem de pixels baixa no sensor CX(10,1 MP), mas a densidade de pontos é ainda alta demais para garantir um bom desempenho em ambientes de baixa luminosidade.
Outra consequência do emprego de um sensor pequeno é um fator de corte considerável, da ordem de 2,7 vezes. Resumindo, isto quer dizer que a 1 V1, da mesma forma que a 1 J1, pode utilizar lentes menores e mais leves para alcançar a distância focal padrão de 35 mm. Como boa parte do problema que é carregar uma máquina de lentes intercambiáveis está em como e onde acomodar o kit de objetivas, essa é uma vantagem considerável. Por outro lado, isto também torna as lentes da 1 J1 um pouco mais frágeis que a média.
A lente que utilizamos para os testes era bem básica. Sua distância focal efetiva variava de 27 mm a 81 mm (valores convertidos de 10 mm e 30 mm, respectivamente), o que a torna ligeiramente melhor que a média para fotógrafos que querem capturar uma cena grande, como a paisagem de uma cadeia de montanhas. O restante das especificações não impressiona muito. A abertura máxima só alcança f3,5, uma quantia razoável para se trabalhar com a luz natural.
Mais importante que isto é um fato ao qual já aludimos acima: essas lentes não utilizam o f-mount. Quem já investiu muito dinheiro em lentes Nikkor será obrigado a gastar um pouco mais com um adaptador para usar a 1 V1 como companheira das outras DSLR da Nikon. Quanto às distorções, essa unidade apresentava as mesmas peculiaridades que notamos na resenha da 1 J1: efeito olho de peixe na faixa da grande angular e uma sutil aberração cromática magenta que aplica uma aura dessa cor nos objetos fotografados.
Enquanto a 1 J1 dispensa o obturador mecânico em favor do eletrônico, a 1 V1 faz uso de ambos. O resultado é uma câmera versátil, que pode tanto ser extremamente rápida no modo de disparo contínuo quanto pode ser disciplinada o suficiente para sincronizar os disparos com a iluminação do flash. Quando falamos em extremamente rápida pode ser que estejamos nos valendo de eufemismos: a 1 V1 atinge a velocidade absurda de 10 FPS no modo de disparo contínuo com foto em resolução máxima. Normalmente recomendamos câmeras híbridas para gravar cenas bem movimentadas, como a brincadeira de um grupo de crianças. Mas se o seu hobby é fotografar balas de revolver em movimento, a 1 V1 deve lhe satisfazer.
É possível que o sistema de autofoco passivo também seja um dos responsáveis pelos excelentes resultados da 1 V1 no nosso teste de velocidade. Essa câmera utiliza uma mistura de autofoco por fase com autofoco por contraste, alternando entre cada um desses métodos conforme o nível de luminosidade do ambiente. O processamento de imagem da câmera também foi aprimorado com um circuito que a Nikon batizou de EXSPEED 3, nome que deve indicar qual era a prioridade da empresa ao projetá-lo.
O recurso de filmagem é idêntico ao encontrado na 1 J1, com gravações em 1080p a 30 FPS ou 60i FPS. Os resultados prático também são muito parecidos: filmes de boa qualidade a 30 FPS e quase inúteis a 60 FPS. Os arquivos de vídeo são codificados um formato amigável para a internet e aparelhos móveis, o MP4 (H.264). Tudo é armazenado através de um slot de cartão compatível com SD, SDHC e SDXC. Há ainda a opção de exportar as imagens para a TV com as saídas miniHDMI e AV. Esta última só funciona com um adaptador proprietário.
Na contramão da maioria das câmeras híbridas, a 1 V1 exibe imagens pela tela traseira e por um visor eletrônico de 100% de cobertura. O EVF é incomumente bom, mas pela sua própria natureza é incapaz de agradar fotógrafos acostumados com o visor das DSLR. Por sua vez, o display traseiro é superior ao da 1 J1, o que não constituiu um grande elogio. Há nele 921 mil pontos que garantem uma reprodução razoavelmente fiel da cena. Nossa maior reclamação a respeito da tela se deve à simplicidade das informações que ela exibe: não há sequer um histograma.
A falta de recursos como o histograma sublinha qual é o público que a Nikon procura atingir com a 1 V1 e a 1 J1: os fotógrafos iniciantes que ainda se sentem intimidados pelas DSLR. Não é por acaso que a maioria dos ajustes de imagem é efetuada por uma série de menus simples e atraentes. Também não é por acaso que faltam botões físicos dedicados no corpo da câmera, o que pode frustrar fotógrafos mais experientes. Uma característica que obviamente não foi intencional é o balanço de branco automático sutilmente desregulado. No modo automático as imagens ficam um pouco estouradas, algo estranho para uma máquina que pretende atrair o público amador.
A 1 V1 ignorou boa parte das características que tornaram as câmeras híbridas famosas, mas manteve a estética retrô que costuma revestir as máquina dessa categoria. Fiel à sua tradição, a Nikon produziu uma câmera que é ao mesmo tempo compacta e fácil de segurar. Sobram pontos de apoio para os dedos na 1 V1, que é ligeiramente maior que a média. Só não gostamos de um aspecto no quesito ergonomia: é difícil apoiar as mãos na lente. No entanto, é preciso reconhecer que isto é uma consequência natural do tamanho do sensor e não um erro de design por parte da Nikon.
Afinal de contas, é razoável classificar a 1 V1 como híbrida? Essa câmera provocou um certo embaraço à nossa equipe ao longo do teste porque demoramos para decidir contra qual grupo de câmeras ela deveria ser contrastada. Nossa conclusão é que ela merece a alcunha de híbrida pela quantidade de recursos e tecnologias de captura de imagem que oferece. Isto dito, o preço que tem sido cobrado por ela é um tanto elevado para a qualidade de imagem que ela é capaz de oferecer.
Pixels efetivos | 10,1 MP |
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Zoom óptico | 3x (27 a 81 mm) |
Filmagem | 1080p |
LCD | 3 |
Peso | 492 g |
Prós | Extremamente rápida; compacta; simples de usar; obturador eletrônico e mecânico; tela de boa qualidade; |
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Contras | Não tem flash; qualidade de imagem inferior à média das híbridas |
Conclusão | A 1 V1 é diferente de todas as outras câmeras híbridas sem deixar de fazer parte dessa categoria; se o preço alto não for um impedimento, ela é uma boa opção para iniciantes na arte da fotografia pela facilidade de uso e variedade de recursos; |
Imagem | 7,7 |
Velocidade | 8,3 |
Objetiva | 7,4 |
Visor | 8,2 |
Recursos | 8,4 |
Design | 7,9 |
Média | 7.9 |
Preço | R$ 4799 |