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Módulo lunar de empresa privada americana sofre 'anomalia' após desacoplar

O lançamento, ainda que atribulado, pode marcar a volta dos EUA à Lua

Foguete Vulcan Centaur: criação da United Launch Alliance (ULA) (AFP/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 14h58.

Última atualização em 8 de janeiro de 2024 às 15h48.

A primeira espaçonave americana que pretende chegar à Lua depois de mais de meio século sofreu uma "anomalia", após se desprender do foguete com o qual decolou com sucesso nesta segunda-feira, 8, informou a empresa privada que construiu o dispositivo.

"A equipe responde em tempo real à medida que a situação avança e fornecerá atualizações à medida que os dados forem obtidos e analisados", disse a empresa Astrobotic em sua conta na rede social X (antigo Twitter).

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O foguete Vulcan Centaur, da United Launch Alliance (ULA), decolou da Estação da Força Espacial dos EUA, em Cabo Canaveral, às 2h18 (4h18 no horário de Brasília) em sua viagem inaugural, na qual transporta o módulo de pouso lunar Peregrine da empresa americana.

Todos os sistemas foram ligados e "entraram em status operacional total", escreveu a companhia no X.

Mas, "infelizmente, ocorreu uma anomalia que impediu a Astrobotic de atingir uma orientação estável em direção ao Sol", acrescentou a empresa, o que o impede de apontar seus painéis solares em direção ao Sol para permitir a máxima geração de energia.

O módulo Peregrine foi desenvolvido pela Astrobotic com apoio da Agência Espacial Americana (Nasa), que encomendou à empresa o transporte de material científico até a Lua.

Se a empresa conseguir pousar este dispositivo espacial em uma região de latitude média da Lua chamada Sinus Viscositatis, ou Baía da Aderência, em 23 de fevereiro, pode se tornar a primeira companhia privada a realizar o feito.

Levar os Estados Unidos outra vez à superfície da Lua pela primeira vez desde a Apollo é "uma honra transcendental", disse John Thornton, CEO da Astrobotic.

Até agora, um pouso suave no satélite natural da Terra só foi alcançado por algumas agências espaciais nacionais: a União Soviética foi a primeira, em 1966, seguida pelos Estados Unidos, que continua a ser o único país a ter levado humanos à Lua.

A China tocou a superfície com sucesso três vezes na última década, enquanto a Índia foi a mais recente a alcançar o feito na sua segunda tentativa, no ano passado.

Os Estados Unidos recorrem ao setor privado em um esforço para estimular uma economia lunar mais ampla e enviar suas próprias naves espaciais a baixo custo, no âmbito do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS).

Uma tarefa desafiadora

A Nasa pagou à Astrobotic mais de US$ 100 milhões (R$ 489 milhões na cotação atual) pela missão, enquanto outra empresa contratada, a Intuitive Machines, com sede em Houston, pretende lançar o seu foguete em fevereiro e pousar perto do polo sul da Lua.

"Acreditamos que isso permitirá viagens mais rápidas e econômicas à superfície lunar para se preparar para Artemis", disse Joel Kearns, vice-administrador associado de exploração da Nasa.

Artemis é o programa liderado pela Nasa para voltar a levar astronautas ao solo lunar no final desta década, como preparação para futuras missões a Marte.

O pouso controlado na Lua é um desafio, já que aproximadamente metade de todas as tentativas termina em fracasso. Na ausência de uma atmosfera que permita o uso de paraquedas, uma nave espacial deve navegar por terrenos traiçoeiros usando apenas os seus propulsores para frear a sua descida.

As missões privadas de Israel e do Japão, assim como uma tentativa recente da agência espacial russa, falharam, embora a Agência Espacial Japonesa pretenda conseguir o pouso do seu módulo SLIM, lançado em setembro passado, em meados de janeiro.

Para tornar as coisas ainda mais complicadas, este é o primeiro lançamento do Vulcan da ULA, embora a empresa possua uma taxa de sucesso de 100% em seus mais de 150 lançamentos anteriores.

A companhia, uma empresa conjunta entre a Lockheed Martin e a Boeing, planeja que o novo foguete tenha propulsores de primeira fase reutilizáveis, na tentativa de economizar custos.

A bordo do Peregrine está um conjunto de instrumentos científicos que serão utilizados para estudar a radiação e a composição da superfície lunar, o que abriria caminho para o retorno dos astronautas.

Também carregará um veículo do tamanho de uma caixa de sapatos construído pela Universidade Carnegie Mellon, um Bitcoin físico e, de forma um tanto controversa, restos cremados e DNA, incluindo os do criador de Star Trek, Gene Roddenberry, o lendário autor e cientista de ficção científica, Arthur C. Clarke e um cachorro.

A Nação Navajo, o maior povo indígena dos Estados Unidos, afirma que a missão à Lua profana um corpo que é sagrado para a sua cultura e defendeu a remoção da carga. Embora lhes tenha sido concedida uma reunião final com representantes da Casa Branca, da Nasa e de outros funcionários, as suas objeções foram ignoradas.

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