O Windows Phone 7, da Microsoft, chega ao Brasil neste ano, mas sem o recurso de reconhecimento de voz (Divulgação)
Maurício Grego
Publicado em 24 de maio de 2011 às 15h49.
São Paulo — A Microsoft apresentou, hoje, a nova versão do Windows Phone 7, identificada pelo codinome Mango. Segundo a empresa, ela traz cerca de 500 modificações e aperfeiçoamentos no sistema operacional para celulares.
O anúncio do novo Windows Phone foi feito simultaneamente em Nova York, Londres e São Paulo. Na subsidiária brasileira da Microsoft, quem apresentou o sistema foi Kevin Turner, executivo chefe de operações e número dois na hierarquia da companhia, logo abaixo de Steve Ballmer.
Turner diz que o Mango estará em 38 países até o final do ano, incluindo o Brasil, aonde deve chegar já em português. “O mercado brasileiro tem crescido 35% ao ano e deverá ser o quinto maior do mundo em 2015. É o mercado mais excitante do mundo para nós. A base de usuários é grande e o crescimento é incrível. Vamos continuar investindo aqui”, diz ele.
Junto com o novo sistema operacional, Turner anunciou a implantação de um centro de excelência voltado para o Windows Phone no Brasil. O objetivo do novo laboratório é dar treinamento e consultoria aos desenvolvedores, estimulando a criação de mais aplicativos brasileiros. Implantado em Campinas em parceria com o Instituto de Pesquisas Eldorado, o centro de excelência já está, segundo a empresa, iniciando as operações. Alguns dos seus cursos e seminários serão levados também a outras cidades.
Aplicativos conversam entre si
Entre as novidades do Mango, a mais evidente é a integração entre serviços na internet e entre diferentes aplicativos. Numa janela chamada Cartão de Contato, é possível ver toda a comunicação feita com determinada pessoa. Isso inclui torpedos, mensagens instantâneas, atualizações no Facebook, e-mail e chamadas de voz, por exemplo.
A nova versão do Windows Phone é multitarefa e permite que os aplicativos troquem informações entre si. Um exemplo: o usuário fotografa a capa de um livro com o smartphone. A imagem é usada como base para uma pesquisa no Bing, o buscador da Microsoft na web. Quando o livro é encontrado, o browser oferece a opção de acionar o aplicativo Kindle, da Amazon, para ele seja comprado e lido. Nesse caso, a informação sobre o livro foi sendo passada de um aplicativo ou serviço a outro, sucessivamente.
O Mango também traz a versão móvel do Internet Explorer 9. Além de ter compatibilidade melhorada com padrões emergentes da web, como o HTML 5, essa versão do browser usa o processador gráfico do smartphone para exibir animações com melhor qualidade e, segundo a Microsoft, com menor consumo de energia da bateria.
Comandos só em inglês
A edição em inglês do Windows Phone 7 Mango terá, ainda, um sistema de comando por voz. Ele permite, inclusive, ditar mensagens e outros textos falando ao smartphone. Mas esse é um recurso que não será, ao menos por enquanto, incluído na versão em português.
A Microsoft diz que todos os smartphones atuais com Windows Phone 7 receberão atualização gratuita para o Mango quando ele estiver pronto. No Brasil, serão poucos aparelhos, já que esse sistema operacional, anunciado mundialmente em novembro, ainda não é vendido oficialmente no país.
A empresa não diz exatamente quando as vendas vão começar e nem quais fabricantes vão oferecer os smartphones. As candidatas mais importantes, por ter forte atuação no Brasil, são Samsung e LG. As outras parceiras da Microsoft nessa área são HTC, Acer, ZTE e Fujitsu. A Nokia, maior fabricante do mundo e grande esperança da Microsoft para conquistar uma participação maior no mercado, só deve começar a vender smartphones com Windows Phone em quantidades significativas em 2012.
Com os smartphones, virá também a versão em português do Windows Phone Marketplace. Por enquanto, há 18 mil aplicativos nele, número modesto em comparação com os enormes acervos de programas para iPhone e Android. E nem todos os aplicativos do Windows Phone Marketplace estarão disponíveis para os brasileiros. Segundo a Microsoft, o desenvolvedor escolhe em quais países vai por seus aplicativos à venda. Mas a empresa faz questão de dizer que haverá jogos entre os títulos disponíveis, uma referência velada à App Store, da Apple, onde apenas uma pequena parte dos jogos são oferecidos aos brasileiros.
Muitas fichas na Nokia
As previsões do Gartner Group apontam que, depois de anos perdendo participação no mercado, o Windows Phone deve fechar 2011 com apenas 5%. Mas o Gartner prevê que, até 2015, essa participação deve subir para quase 20%. Isso colocaria o Windows Phone em segundo lugar entre as plataformas de smartphone mais usadas, atrás apenas do Android, do Google.
A razão para esse ganho notável previsto pelo Gartner estaria na aliança da Microsoft com a Nokia, que, mesmo perdendo força, ainda é o maior fabricante do mundo. A empresa de Steve Ballmer parece estar, mesmo, apostando muitas das suas fichas nesse acordo. Kevin Turner diz que a Nokia vendeu 450 milhões de celulares em 2010, sendo 100 milhões smartphones. Para ele, são quantidades capazes de virar jogo nessa disputa.