Tecnologia

Mendigo que virou programador continua sem-teto

Quase seis meses depois de lançar um app de sucesso, Leo Grand, o programador mendigo, continua morando nas ruas de Nova York


	Leo Grand: ele desenvolveu o app Trees for Cars depois de ter aulas com um programador
 (Divulgação/The Journeyman Challenge)

Leo Grand: ele desenvolveu o app Trees for Cars depois de ter aulas com um programador (Divulgação/The Journeyman Challenge)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 27 de maio de 2014 às 14h46.

São Paulo -- A história de Leo Grand correu o mundo no final do ano passado. Ele vivia como mendigo nas ruas de Nova York. Graças à ajuda do programador Patrick McColongue, aprendeu a programar e criou um app de sucesso.

Tudo resolvido? Infelizmente, não. Quase seis meses depois de lançar seu primeiro app para smartphones, Leo Grand ainda vive nas ruas e não recebeu um centavo do que foi arrecadado com o aplicativo.

É uma história cheia de boas intenções. Ela mostra que o problema dos sem-teto não se resolve apenas com o ensino de uma habilidade técnica, ainda que isso possa ser parte da solução. 

McColongue conheceu Leo Grand em sua rota diária a caminho do trabalho. Depois de vê-lo, dia após dia, na calçada, fez uma proposta inusitada. Grand poderia escolher entre receber uma generosa esmola de 100 dólares – ou um notebook e algumas aulas de programação.

Grand aceitou o desafio de aprender a programar e passou a receber lições todas as manhãs. McColongue contou a história num artigo no site Medium e criou uma página no Facebook para divulgá-la. 

Era um exemplo clássico da velha ideia de ensinar a pescar em vez de dar o peixe à pessoa. O aprendizado de Grand foi muito bem sucedido. Depois de alguns meses, ele lançou um app para agendamento de caronas, o Trees for Cars.

A ampla divulgação que a história teve ajudou a tornar o app bem sucedido. Vendido por 0,99 dólar nas lojas Google Play e App Store, ele gerou uma arrecadação cerca de 14 mil dólares.

Descontando a comissão cobrada pelas lojas de aplicativos, sobram pouco menos de 10 mil dólares para Grand. Em outro artigo no Medium, McColongue observa que esse dinheiro seria suficiente para Grand alugar um pequeno apartamento por alguns meses.

Grand continua tendo aulas de programação, agora numa escola que lhe deu uma bolsa de estudos. Poderia arranjar um emprego com o tempo e sua vida mudaria radicalmente.

Mas ele continua morando na rua e não recebeu nem um centavo do dinheiro.  Como ele não tem conta bancária, o valor obtido com a renda do app fica numa conta de McColongue. 

O programador conta que já tentou convencer Grand a abrir uma conta. Mas o sem-teto não tem documentos. Alguma razão psicológica o impede de obter documentos, escreveu McColongue no Medium.

Ele disse ao site Business Insider que deu um prazo a Grand. Se ele não providenciar documentos e conta bancária, vai doar o dinheiro a alguma instituição que acolhe mendigos.

Mas McColongue não desistiu de sua missão de ajudar os sem-teto. No Medium, ele descreve um novo plano, que pretende testar com um grupo de dez pessoas necessitadas. 

A ideia continua sendo ensinar essas pessoas a programar, mas não só isso. Junto com programação, teremos aulas de finanças, aconselhamento pessoal e um programa de colocação no mercado de trabalho, explica. 

O projeto ainda prevê que a escola tenha um alojamento para os mendigos. McColongue está em busca de parceiros para pôr seu plano em ação. Resta esperar que tenha sucesso.

Neste vídeo, Leo Grand apresenta (em inglês) o app Trees for Cars:

//www.youtube.com/embed/vJ2INl29sfc?rel=0

Acompanhe tudo sobre:AppsEducaçãoFilantropiagestao-de-negociosIndústria eletroeletrônicaProgramadoresSmartphones

Mais de Tecnologia

O pedido da Arm que Cristiano Amon, da Qualcomm, chamou de "ultrajante"

Economia de baixa altitude impulsiona carros voadores e GAC lança GOVY AirJet

China conecta projeto Fotovoltaico pioneiro com geração de 6,9 bilhões de kWh anuais

Às vésperas da posse de Trump, TikTok enfrenta embate jurídico para permanecer nos EUA