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Marcelo Braga, da IBM: Apesar do revés, o setor de tecnologia deve crescer 6,2% em 2023

Em entrevista à EXAME, o presidente da IBM no Brasil diz que o mercado brasileiro de tecnologia se orienta à responsabilidade financeira. A nova ordem deve integrar ainda melhor as tecnologias que as empresas abraçaram em um momento de expansão

Marcelo Braga, da IBM: o CEO defende que a nuvem ainda tem muito para entregar às companhias (AMBIPAR/Reprodução)
André Lopes

Repórter

Publicado em 2 de março de 2023 às 17h00.

Última atualização em 14 de junho de 2023 às 20h01.

A busca por soluções tecnológicas e modernizações é o foco das companhias em 2023. Segundo pesquisa global da IBM, 78% das lideranças corporativas realizarão investimentos em tecnologia nos próximos 12 meses – o percentual é maior do que em países como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão

Com essa perspectiva significativa para o cenário brasileiro, os principais fatores externos que estão impulsionando o investimento em tecnologia no país sãoriscos cibernéticos (32%), mudanças de mercado (29%) e pressões ambientais devido à agenda ESG (26%).Entre os fatores que estão dificultando ou desacelerando os investimentos em tecnologia, a inflação lidera com 30%.

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É olhando para essas frentes que a centenária IBM no Brasil trabalha para impulsionar os negócios e expandir o portfólio dos clientes. Segundo Marcelo Braga, presidente da companhia no país, da grande à pequena, as organizações estão ávidas por organizar a casa em um momento de incerteza global.

Ao mesmo tempo, implementam disciplinas novas nos comandos e equipes para dar cabo de aproveitar as tecnologias que absorveram nos últimos anos, e nos quais, aproveitaram de uma digitalização mais intensa.

Da nuvem ao 5G e internet das coisas, até a inteligência artificial (IA), que agora ganha mais força com ferramentas que se popularizaram no uso cotidiano, ao exemplo do ChatGPT.

Na ponta mais extrema dos avanços da IBM, Braga destaca a computação quântica que, em breve, deve ser ofertada a clientes e tratará ainda mais escala para tarefas complexas e para as quais as soluções eram impensáveis na computação convencional.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

No ano passado falávamos sobre digitalização impulsionada pela pandemia, mas o setor de tecnologia está experimentando uma retração global, com uma série de demissões e reformulações, qual é a sua previsão para o cenário brasileiro neste ano?

Muita coisa mudou de lá pra cá. Ainda temos alguns vestígios do que foi experimentado na pandemia, mas atualmente vemos um desequilíbrio na cadeia produtiva global por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia e outras tensões econômicas que ocorrem entre as potencias globais. Mas há boas previsões para o Brasil. Um estudo recente do IDC aponta que o mercado de tecnologia brasileiro vai crescer 6,2%, um número bastante positivo e acima do PIB. Essa previsão nos dá expectativas de bons resultados apesar do cenário inicial do ano.

E quais frentes devem impulsionar esse crescimento?

Temos frentes como ESG com a nuvem verde, mas destaco a cibersegurança, que foi um problema muito grave durante a pandemia e que ainda preocupa muitas empresas no Brasil. O país é um alvo que sofre com a sofisticação dos ataques e das fraudes. Junto disso, a nuvem como serviço de infraestrutura e software ainda tem muito a ser explorado. O amadurecimento ocorreu, e como a própria IBM apontava para o caminho da nuvem híbrida, hoje eu diria que isso já é uma realidade. Também temos dados que amparam que os líderes de tecnologia possuem uma preocupação maior sobre os custo da infraestrutura e seus gargalos. Com mais atenção sobre isso, cria-se estímulo para gerar mais eficiência. E o motivo é que o consumo (de nuvem) se tornou muito simples e, por consequência, há uma preocupação de gestão financeira do uso da tecnologia.

E há tecnologias emergentes que devem movimentar o mercado? Quais são as apostas da IBM?

A questão é o que a gente está chamando de novidade nesse momento: no caso de tecnologias disruptivas e emergentes, aqui podemos citar a inteligência artificial, não são bem discussões novas que chamam a atenção. A IBM, por exemplo, já tem o Watson no Brasil, falando português, e com casos de uso em escala há pelo menos sete anos. Acho que a diferença agora é que empresas de IA generalista vão ganhar espaço e aproximar o uso do cotidiano das ferramentas. Mas já fazemos isso nos bastidores de inúmeras aplicações de atendimento ao cliente a segurança de dados. De toda forma, reforço que tem espaço para muita empresa em diferentes indústrias tirarem proveito da nuvem e recursos que não são tidos como a novidade do momento. Está todo mundo na nuvem, mas cada um na sua jornada até realmente ter a modernização das aplicações.

Mas há um próximo momento tecnológico?

A computação quântica é esse próximo momento. Na IBM temos o processador quântico mais veloz e mais capaz do mundo, com 433 qubits. Nesse caso, esse arquitetura computacionalpermite à máquina um cálculo simultâneo, com o “zero” e o “1” usados no processamento ocorrendo ao mesmo tempo. Apenas falando pode não parecer uma grande coisa, masisso chega em um volume computacional que pode ser aplicado em tarefas que hoje levam muito tempo para serem resolvidas. A nossa solução atende mais de 200 clientes e, até 2025, teremos o lançamento comercial. De fato não vai substituir a computação tradicional, mas coexistindo trarão resoluções para temas complexos como novos medicamentos, biotecnologia e criação de materiais diversos.

Recentemente vimos empresas de diferentes setores realizarem uma série de demissões e isso afetou os times de tecnologia. Ao mesmo tempo, há pouco falávamos de um déficit generalizado de profissionais. A demanda por especialistas no setor atualmente é outra?

Ainda há uma demanda muito grande por profissionais de tecnologia. De desenvolvedores a engenheiros de dados, há uma oferta grande de vagas que não foi e não será preenchida tão rapidamente. A mudança que eu vejo é que, alguns anos atrás, a discussão era somente sobre esses profissionais que iriam trabalhar nos departamentos de tecnologia. Agora, essa demanda começa a se infiltrar em outras aéreas e setores das empresas. E isso vai desde um profissional de marketing que, se não tiver habilidades em ciência de dados, talvez não consiga chegar em potenciais clientes, ou a pessoa de finanças que se não estruturar sua organização com as ferramentas corretas não consegue toda a eficiência que poderia ter se tivesse essas skills. Dado isso, nós temos que buscar novas formas de qualificação que não são mais apenas de profissionais de tecnologia. E essa nova necessidade é que demanda por linguagem natural, como as das IAs, que entra para facilitar o uso desses profissionais que não vem dos departamentos de tecnologia.

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