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Manual oferece dicas e projetos para uso de bicicleta em favelas

O estudo apresenta dicas e soluções de transporte e desenho urbanístico para melhorar as condições desfavoráveis de algumas comunidades no uso da bicicleta

Bike (cassimano/Photopin)

Bike (cassimano/Photopin)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2014 às 05h39.

Andar de bicicleta nas favelas cariocas, cheias de declives e ruelas, pode parecer uma missão impossível. Entretanto, o Manual de Projetos e Programas para Incentivar o Uso de Bicicletas em Comunidades, que será lançado nesta terça-feira (20) na capital fluminense, mostra que 57% dos deslocamentos internos nas comunidades são feitos em bicicleta e a pé. O estudo apresenta dicas e soluções de transporte e desenho urbanístico para melhorar as condições desfavoráveis de algumas comunidades no uso da bicicleta.

O trabalho foi desenvolvido pela organização não governamental (ONG) Embarq Brasil, em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil, e levou dois anos para ser concluído. De acordo com a coordenadora de Projetos de Transporte da Embarq Brasil, Paula Santos da Rocha, o projeto dá ferramentas para arquitetos e urbanistas em intervenções nas comunidades e também para órgãos reguladores que administram a infraestrutura e os programas sociais nesses locais.

"Esperamos que esse guia sirva como uma espécie de padrão a seguir, o que não existe ainda no Brasil. Para que arquitetos de escritórios diferentes façam a mesma coisa e que a cidade do Rio de Janeiro tenha a mesma sinalização e fale a mesma língua em todos os cantos", explicou a pesquisadora.

Embora tenha sido desenvolvido com base na realidade carioca, o manual poder servir como referência para outras cidades, garante Paula. "As questões bem técnicas foram baseadas no Rio, mas  existem comunidades semelhantes em todo o Brasil e também em outros países em desenvolvimento", argumentou. "Por isso, é um manual que serve para comunidades informais ao redor do mundo", disse.

De acordo com o estudo, 77% dos ciclistas e 72% dos pedestres ouvidos não se sentem seguros para pedalar e caminhar nas ruas da cidade. E para melhorar a segurança e a qualidade das pedaladas, o guia apresenta alternativas que englobam desde iluminação e sinalização adequadas, calçamento permeável e nivelado em locais de fácil alagamento até o tipo de material de pavimentação para evitar radiação solar em becos. "A pavimentação de cor clara, com alto nível de refletância, manda a luz para longe da superfície e o calor irradiado é menor, o ambiente fica mais agradável", explica Paula.

Para áreas íngremes, não faltam ideias: sistema de transporte mecanizado de bicicletas, canaletas de concreto para as rodas, bicicletários no pé do morro e até elevadores de bicicletas em que os usuários colocam um pé no pedal da esteira, que os empurra ladeira acima, enquanto permanecem sentados nas bicicletas. O sistema é utilizado há mais de 15 anos, com êxito, em uma cidade da Noruega, que tem muitas ladeiras íngremes, conta a representante da ONG.

Um sistema de compartilhamento de bicicletas por meio do bilhete único é outra proposta do guia: a possibilidade de alugar uma bicicleta, pegar um metrô e um ônibus utilizando um único cartão.  No documento também são apresentados programas de educação sobre uso, manutenção e reciclagem da bicicleta, bem como iniciativas que estimulem a população local a se apropriar da infraestrutura. Paula lembra que qualquer iniciativa de reurbanização e de incentivo ao uso de bicicletas nas comunidades só terá sucesso se houver a participação dos moradores antes e durante o procedimento de reurbanização. "Ninguém melhor do que eles para saber do que precisam, não é? Eles têm de ser ouvidos", ressaltou.

Editor Talita Cavalcante

 

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