Segundo analista, os e-books deixaram de ter um peso simbólico nas contas das editoras (GettyImages)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2013 às 13h47.
São Paulo - Foi um longo período de preparação e especulação até que as empresas de tecnologia Amazon, Kobo e Google entrassem no mercado de livros do País. Mais desconhecida dos brasileiros, a Kobo fez uma parceria com a Livraria Cultura e foi a primeira.
Momentos depois da festa de lançamento, em 5 de dezembro, a loja do Google entrava no ar. E minutos depois disso, a Amazon completava o novo cenário digital. Esse lançamento tardio não atrapalhou o que se esperava ser o primeiro Natal digital do Brasil.
"A venda dos e-books distribuídos pela DLD cresceu exatamente dez vezes de dezembro de 2011 a dezembro de 2012. O crescimento de novembro para dezembro foi de 110%, fruto da entrada em operação da Amazon e do Google ao longo de dezembro", analisa Roberto Feith, diretor da Objetiva e presidente do conselho da DLD, distribuidora de livros digitais que reúne editoras como a própria Objetiva, Record e Novo Conceito, entre outras.
Para Feith, os e-books deixaram de ter um peso simbólico nas contas das editoras. Só a DLD vendeu 50 mil unidades em dezembro. Ele espera um crescimento contínuo em 2013, mas não na velocidade observada neste final de ano (1000%). Os índices devem ficar entre 200% e 300%. Isso, claro, dependendo da compra de e-readers pelos brasileiros.
Na Companhia das Letras, as cifras também foram comemoradas. Fabio Uehara, coordenador de Negócios Digitais, não acredita exatamente em um Natal digital, mas diz que dezembro, sim, foi um mês digital. Nesse período, a editora vendeu 400% mais e-books do que tinha vendido em dezembro de 2011.
O crescimento anual também foi de 400%, e se somarmos as vendas de novembro e dezembro de 2012, ultrapassa-se com folga o total de e-books comercializados em todo o ano de 2011. As vendas no dia 26 de dezembro foram 20% maiores do que a média do mês. Segundo Uehara, elas flutuam muito, e ainda não dá para dizer se esse aumento tem a ver com o fato de as pessoas terem ganhado e-readers e tablets neste Natal.
Mas a Saraiva vendeu mais tablets neste fim de ano. "É um mercado fabuloso no momento. Foi neste Natal que comprovamos a força dessa categoria", diz Frederico Indiani, diretor comercial da maior rede de livrarias do País. A empresa não fala em números nem em porcentual de crescimento. Diz apenas que foi um aumento de dois dígitos na venda dos aparelhos.
Smartphones também têm um papel fundamental. "Foi uma outra categoria que vimos ascender neste final de ano. Tem bastante gente lendo em celular e o aplicativo de leitura da Saraiva tem mais de 1,2 milhão de usuários ativos", conta. Já na área de e-books, o crescimento foi de "três robustos dígitos, com curvas ascendentes verticais".
"O Natal foi um espetáculo, sem comparação com o de 2011. Os números mostram que há um caminho interessante pela frente a percorrer. É um mercado em franca descoberta e teremos muitas alegrias ainda", diz Indiani. Hoje, em volume de vendas, o digital representa a 13.ª loja da rede. Em dezembro de 2011, ocupava a 64.ª posição.
Cresce no digital, mas sem esquecer as lojas físicas. Com 102 livrarias espalhadas pelo Brasil, inaugura, em março, uma em Londrina e outra em abril, em Niterói. Na Livraria Cultura, o crescimento também foi expressivo. Vendeu 250% mais e-books em dezembro de 2012 do que no mesmo período do ano anterior.