Exame Logo

Lições de um mestre em lançamento de livro

Editora Perspectiva lança o livro Norberto Bobbio: trajetória e obra, escrito por Celso Lafer, presidente da Fapesp

Capa e contracapa do livro: Bobbio e Lafer foram amigos até a morte do filósofo, em janeiro de 2004, em uma relação intermediada por Michelangelo Bovero
DR

Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2013 às 14h48.

São Paulo – A Editora Perspectiva lançou ontem (19/08) o livro Norberto Bobbio: trajetória e obra, de Celso Lafer, presidente da FAPESP. Apresentado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o livro reúne 16 textos sobre o filósofo italiano, publicados por Lafer entre 1980 e 2011, organizados em cinco partes: o perfil intelectual de Bobbio e suas contribuições para as relações internacionais, direitos humanos, inovação da reflexão jurídica e para a teoria política.

“Os campos do conhecimento a que Bobbio se dedicou foram aqueles aos quais consagrei minha vida de estudioso”, sublinhou Lafer na introdução do livro.

Lafer conheceu Bobbio pessoalmente em 1982, quando ele veio pela primeira vez ao Brasil para conferências na Universidade de Brasília (UnB) e na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Foram amigos até a morte do filósofo, em janeiro de 2004, em uma relação intermediada por Michelangelo Bovero, sucessor de Bobbio na cátedra de Filosofia Política na Universidade de Turim, a quem Lafer dedica a obra e dá a palavra na contracapa do livro. “Foi com Bovero que discuti todos os textos que escrevi sobre Bobbio desde 1989”, ele conta.

Morto aos 94 anos, Bobbio foi um filósofo militante. Formou-se no período fascista, participou da Resistência – foi membro do Partido da Ação e preso duas vezes – e conheceu “o deletério significado da fúria dos extremos, voltados para a destruição da razão e da glorificação da violência, das quais o regime de Mussolini foi um dos emblemas”, escreve Lafer.

Socialista-liberal de esquerda, opôs-se à violência e aos riscos de seus desdobramentos na política, no Direito, na cultura e na sociedade que, segundo ele, enredava a humanidade num “labirinto de convivências coletivas”, cuja saída só seria iluminada pela razão.

Escreveu dezenas de livros, centenas de artigos e ensaios – “sua obra abrange mais de 5.000 títulos”, conta Lafer – nos quais inspecionou tragédias vividas pela humanidade no fato bélico, como afirmou Roberto Romano em resenha publicada em O Estado de S.Paulo, em 10 de agosto.


Dialogando com os clássicos – Aristóteles, Platão, Cícero e Hobbes –, sua obra tem como fios condutores o Estado de Direito, os direitos humanos, a democracia e a paz. “Iluminista-pessimista”, como o qualifica Lafer, Bobbio foi uma das consciências éticas do século 20.

Definia-se em uma frase, publicada no prefácio ao seu Italia civile: ritratti e testimonianze: “Aprendi a respeitar as ideias alheias, a deter-me diante do segredo de cada consciência, a compreender antes de discutir, a discutir antes de condenar.” E confessava detestar os fanáticos.

Estiveram presentes no lançamento, na Livraria Cultura, em São Paulo, Clóvis Carvalho, ex-ministro da Casa Civil e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, Raymundo Magliano Filho, ex-presidente da BM&FBovespa, Julio Abramczyk, médico e pioneiro do jornalismo científico no Brasil, Horácio Lafer Piva, membro do Conselho de Administração das Indústrias Klabin e conselheiro da FAPESP, Sergio Fausto, superintendente-executivo da Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso, os professores José Jobson de Andrade Arruda e Maria Arminda do Nascimento Arruda, da Universidade de São Paulo, o advogado Modesto Carvalhosa e Flavio Bierrenbach, ex-ministro do Superior Tribunal Militar.

Veja também

São Paulo – A Editora Perspectiva lançou ontem (19/08) o livro Norberto Bobbio: trajetória e obra, de Celso Lafer, presidente da FAPESP. Apresentado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o livro reúne 16 textos sobre o filósofo italiano, publicados por Lafer entre 1980 e 2011, organizados em cinco partes: o perfil intelectual de Bobbio e suas contribuições para as relações internacionais, direitos humanos, inovação da reflexão jurídica e para a teoria política.

“Os campos do conhecimento a que Bobbio se dedicou foram aqueles aos quais consagrei minha vida de estudioso”, sublinhou Lafer na introdução do livro.

Lafer conheceu Bobbio pessoalmente em 1982, quando ele veio pela primeira vez ao Brasil para conferências na Universidade de Brasília (UnB) e na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Foram amigos até a morte do filósofo, em janeiro de 2004, em uma relação intermediada por Michelangelo Bovero, sucessor de Bobbio na cátedra de Filosofia Política na Universidade de Turim, a quem Lafer dedica a obra e dá a palavra na contracapa do livro. “Foi com Bovero que discuti todos os textos que escrevi sobre Bobbio desde 1989”, ele conta.

Morto aos 94 anos, Bobbio foi um filósofo militante. Formou-se no período fascista, participou da Resistência – foi membro do Partido da Ação e preso duas vezes – e conheceu “o deletério significado da fúria dos extremos, voltados para a destruição da razão e da glorificação da violência, das quais o regime de Mussolini foi um dos emblemas”, escreve Lafer.

Socialista-liberal de esquerda, opôs-se à violência e aos riscos de seus desdobramentos na política, no Direito, na cultura e na sociedade que, segundo ele, enredava a humanidade num “labirinto de convivências coletivas”, cuja saída só seria iluminada pela razão.

Escreveu dezenas de livros, centenas de artigos e ensaios – “sua obra abrange mais de 5.000 títulos”, conta Lafer – nos quais inspecionou tragédias vividas pela humanidade no fato bélico, como afirmou Roberto Romano em resenha publicada em O Estado de S.Paulo, em 10 de agosto.


Dialogando com os clássicos – Aristóteles, Platão, Cícero e Hobbes –, sua obra tem como fios condutores o Estado de Direito, os direitos humanos, a democracia e a paz. “Iluminista-pessimista”, como o qualifica Lafer, Bobbio foi uma das consciências éticas do século 20.

Definia-se em uma frase, publicada no prefácio ao seu Italia civile: ritratti e testimonianze: “Aprendi a respeitar as ideias alheias, a deter-me diante do segredo de cada consciência, a compreender antes de discutir, a discutir antes de condenar.” E confessava detestar os fanáticos.

Estiveram presentes no lançamento, na Livraria Cultura, em São Paulo, Clóvis Carvalho, ex-ministro da Casa Civil e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, Raymundo Magliano Filho, ex-presidente da BM&FBovespa, Julio Abramczyk, médico e pioneiro do jornalismo científico no Brasil, Horácio Lafer Piva, membro do Conselho de Administração das Indústrias Klabin e conselheiro da FAPESP, Sergio Fausto, superintendente-executivo da Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso, os professores José Jobson de Andrade Arruda e Maria Arminda do Nascimento Arruda, da Universidade de São Paulo, o advogado Modesto Carvalhosa e Flavio Bierrenbach, ex-ministro do Superior Tribunal Militar.

Acompanhe tudo sobre:LançamentosLiteraturaLivros

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Tecnologia

Mais na Exame