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Liberação da maconha divide médicos-psiquiatras

O psiquiatra Dartiu Xavier defende a descriminalização da maconha há 30 anos sob o argumento de que só 9% dos usuários da droga terão algum problema de saúde

Maconha medicinal (Getty Images)

Maconha medicinal (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 06h56.

A possibilidade da descriminalização da maconha divide médicos-psiquiatras. Ontem, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu a discussão sobre a descriminalização da maconha e afirmou que a droga não transforma os usuários em “pessoas antissociais”.

O plenário julgava os recursos de duas pessoas contra as penas impostas pela Justiça com base na lei antidrogas. Barroso disse que os processos que chegam ao STF sobre tráfico de drogas envolvem, com regularidade, pessoas pobres e flagradas com pequenas quantidades de maconha. 

O psiquiatra Dartiu Xavier, professor titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proad), também defende a descriminalização da maconha há 30 anos sob o argumento de que estudos apontam que só 9% dos usuários da droga terão algum problema de saúde, como diminuição do raciocínio, da concentração, ou desenvolverão alguma dificuldade mental. “"É a exceção, não é regra. O potencial danoso do consumo de álcool é muito maior"”, afirma.

Já o psiquiatra Valentin Gentil Filho, professor titular da Universidade de São Paulo (USP), é contra a descriminalização e afirma que os riscos à saúde existem, como depressão e psicoses, especialmente nas pessoas com alguma predisposição. “

Quanto mais precoce, mais forte e mais frequente o consumo da maconha, maior o risco do surgimento de problemas de saúde, muitos deles irreversíveis, como quadro psicóticos de esquizofrenia”, exemplifica o professor Gentil, que diz que o consumo de maconha não é mais seguro do que o de álcool.

Xavier diz acreditar que a liberação da droga não faria aumentar o número de dependentes. “No começo, aumentaria o consumo pela curiosidade das pessoas. Mas, com o tempo, a tendência é de queda”, afirma.

Já Gentil diz acreditar que haveria sim um aumento no número de dependentes e que o Estado gastaria muito mais para tratar a saúde deles. “Ainda assim, quanto você conseguiria reverter de uma esquizofrenia?”, pergunta.

Os dois defendem que exista um amplo debate sobre o tema. Xavier diz que o fato de apoiar a descriminalização da maconha não significa que faz apologia ao uso da droga. “Ninguém vai parar de usar droga só porque ela é proibida.”

Gentil diz ser favorável ao debate amplo, e não apenas para resolver uma questão do Judiciário. “Não dá para, simplesmente, descriminalizar a maconha sem pensar no impacto disso na saúde das futuras gerações”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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