Ex-CEO da Apple fala das polêmicas com Steve Jobs
John Sculley comandou a Apple e ficou conhecido como o executivo que teria provocado a saída de seu fundador.
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2012 às 14h18.
São Paulo - John Sculley comandou a Apple e ficou conhecido como o executivo que teria provocado a saída de seu fundador.
Mas isso é coisa do passado. Sculley é hoje um investidor com muita história para contar sobre o mundo digital. Antes de vir ao Brasil para o INFOtrends, ele conversou com Info.
John Sculley carrega um estigma. É conhecido como o executivo que provocou a saída de Steve Jobs da Apple, em 1985, fato recentemente desmistificado pela biografia de Jobs escrita pelo jornalista Walter Isaacson.
Mas a relação do americano Sculley com negócios e tecnologia vai muito além da antiga queda de braço com o fundador da empresa da maçã. Sculley é também conhecido como o trainee que virou presidente da Pepsi.
Ou o presidente da Apple responsável pela mítica em torno dos computadores Macintosh. E até como o responsável pelo produto que resultaria na criação dos smartphones.
Aos 73 anos, Sculley acumulou experiência e boas histórias. Boa parte tem como personagens os maiores gênios da indústria da tecnologia das últimas décadas.
Ele fala de Steve Jobs e Bill Gates como pessoas próximas e descreve momentos definidores da indústria de PCs e da economia global como se fossem simples lembranças de um dia qualquer de trabalho. Antes de desembarcar em São Paulo para a palestra de abertura do INFOTrends, evento organizado pela Info que acontece no dia 21 de junho, John Sculley nos deu a entrevista a seguir.
O trainee que virou presidente
Quando comecei, era difícil montar o próprio negócio. E o melhor jeito de aprender foi começar por baixo e suar a camisa. Vesti o uniforme da Pepsi, dirigi caminhões de entrega, repus garrafas nos supermercados. Quando cheguei ao topo da organização tinha uma imagem clara de toda a empresa.
Hoje é muito mais fácil empreender. Com menos de 10 mil dólares alguém pode criar a própria empresa. Meu conselho é suar a camisa antes, aprender como um negócio funciona, desde seus níveis mais elementares, para depois começar a empreender.
A experiência Apple
Steve Jobs ficou fascinado quando disse que as vendas da Pepsi superaram as da Coca-Cola nos Estados Unidos quando paramos de nos preocupar em vender o produto e passamos a vender uma experiência. Era o que ele queria para a marca Macintosh.Até hoje a Apple segue essa estratégia.
O mito dos Macintosh
Ninguém pensava no design dos computadores nos anos 1980. Eram coisas bem feiosas. Steve e eu decidimos ouvir as pessoas que fazem máquinas ficarem bonitas e fomos atrás dos designers das montadoras alemãs e italianas. Foi interessante convertê-los em profissionais de tecnologia e ver como eles conseguiram aplicar seus conceitos para os PCs.
A relação com Jobs
Ninguém gosta de ser associado a uma mentira. Quem leu a biografia de Jobs escrita por Walter Isaacson viu que ele desistiu da Apple por se desmotivar em razão das atitudes dos integrantes do conselho, não por minha causa. Nunca encontramos um jeito ideal de trabalhar juntos. Ele fazia aquilo em que era muito bom, criar os produtos. Minha tarefa era arrumar capital para suas invenções e depois vendê-las. Todos os envolvidos erraram nesse episódio, mas é preciso olhar para a frente.
A origem da mobilidade
Vários produtos chegaram precocemente ao mercado. Foi assim não só com o Newton [o primeiro computador de bolso da Apple, lançado em 1993], mas também com o sistema operacional NeXT, criado por Steve. Ambos não fizeram sucesso na época, mas a base do Mac OS atual usa o NeXT e quase todos os processadores dos smartphones hoje têm a arquitetura ARM, usada pela primeira vez no Newton. Às vezes, partes isoladas são mais valiosas do que um produto.
Steve Jobs x Mark Zuckerberg
Steve sempre tentou reunir os profissionais mais brilhantes para fazer produtos que mudariam a vida das pessoas. Foi um dos gênios da nossa época. Mark parece ter uma paixão em fazer a diferença no mundo. Assim como Steve, é um cara de produtos, não de marketing. Empresas lideradas por gente assim têm sorte. E lembre-se de que sou o contrário deles.
São Paulo - John Sculley comandou a Apple e ficou conhecido como o executivo que teria provocado a saída de seu fundador.
Mas isso é coisa do passado. Sculley é hoje um investidor com muita história para contar sobre o mundo digital. Antes de vir ao Brasil para o INFOtrends, ele conversou com Info.
John Sculley carrega um estigma. É conhecido como o executivo que provocou a saída de Steve Jobs da Apple, em 1985, fato recentemente desmistificado pela biografia de Jobs escrita pelo jornalista Walter Isaacson.
Mas a relação do americano Sculley com negócios e tecnologia vai muito além da antiga queda de braço com o fundador da empresa da maçã. Sculley é também conhecido como o trainee que virou presidente da Pepsi.
Ou o presidente da Apple responsável pela mítica em torno dos computadores Macintosh. E até como o responsável pelo produto que resultaria na criação dos smartphones.
Aos 73 anos, Sculley acumulou experiência e boas histórias. Boa parte tem como personagens os maiores gênios da indústria da tecnologia das últimas décadas.
Ele fala de Steve Jobs e Bill Gates como pessoas próximas e descreve momentos definidores da indústria de PCs e da economia global como se fossem simples lembranças de um dia qualquer de trabalho. Antes de desembarcar em São Paulo para a palestra de abertura do INFOTrends, evento organizado pela Info que acontece no dia 21 de junho, John Sculley nos deu a entrevista a seguir.
O trainee que virou presidente
Quando comecei, era difícil montar o próprio negócio. E o melhor jeito de aprender foi começar por baixo e suar a camisa. Vesti o uniforme da Pepsi, dirigi caminhões de entrega, repus garrafas nos supermercados. Quando cheguei ao topo da organização tinha uma imagem clara de toda a empresa.
Hoje é muito mais fácil empreender. Com menos de 10 mil dólares alguém pode criar a própria empresa. Meu conselho é suar a camisa antes, aprender como um negócio funciona, desde seus níveis mais elementares, para depois começar a empreender.
A experiência Apple
Steve Jobs ficou fascinado quando disse que as vendas da Pepsi superaram as da Coca-Cola nos Estados Unidos quando paramos de nos preocupar em vender o produto e passamos a vender uma experiência. Era o que ele queria para a marca Macintosh.Até hoje a Apple segue essa estratégia.
O mito dos Macintosh
Ninguém pensava no design dos computadores nos anos 1980. Eram coisas bem feiosas. Steve e eu decidimos ouvir as pessoas que fazem máquinas ficarem bonitas e fomos atrás dos designers das montadoras alemãs e italianas. Foi interessante convertê-los em profissionais de tecnologia e ver como eles conseguiram aplicar seus conceitos para os PCs.
A relação com Jobs
Ninguém gosta de ser associado a uma mentira. Quem leu a biografia de Jobs escrita por Walter Isaacson viu que ele desistiu da Apple por se desmotivar em razão das atitudes dos integrantes do conselho, não por minha causa. Nunca encontramos um jeito ideal de trabalhar juntos. Ele fazia aquilo em que era muito bom, criar os produtos. Minha tarefa era arrumar capital para suas invenções e depois vendê-las. Todos os envolvidos erraram nesse episódio, mas é preciso olhar para a frente.
A origem da mobilidade
Vários produtos chegaram precocemente ao mercado. Foi assim não só com o Newton [o primeiro computador de bolso da Apple, lançado em 1993], mas também com o sistema operacional NeXT, criado por Steve. Ambos não fizeram sucesso na época, mas a base do Mac OS atual usa o NeXT e quase todos os processadores dos smartphones hoje têm a arquitetura ARM, usada pela primeira vez no Newton. Às vezes, partes isoladas são mais valiosas do que um produto.
Steve Jobs x Mark Zuckerberg
Steve sempre tentou reunir os profissionais mais brilhantes para fazer produtos que mudariam a vida das pessoas. Foi um dos gênios da nossa época. Mark parece ter uma paixão em fazer a diferença no mundo. Assim como Steve, é um cara de produtos, não de marketing. Empresas lideradas por gente assim têm sorte. E lembre-se de que sou o contrário deles.