Japão testa medicamento revolucionário: regeneração de dentes pode ser alternativa a dentaduras e implantes (Getty Images)
Repórter
Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 10h37.
Um medicamento experimental desenvolvido no Japão está sendo testado em humanos com a promessa de regenerar dentes perdidos. Estudos clínicos já começaram no Hospital da Universidade de Kyoto, com foco em voluntários adultos que possuem ao menos um dente ausente. O objetivo inicial é verificar a segurança da substância, que pode ativar brotos dentários dormentes sob as gengivas.
Pesquisadores acreditam que humanos possuem um terceiro conjunto de dentes latentes, cuja ativação seria possível bloqueando a proteína USAG-1, que inibe o crescimento dentário. Resultados bem-sucedidos em testes com camundongos e furões mostraram que o bloqueio dessa proteína pode levar à formação de novos dentes. A expectativa é que o medicamento esteja disponível até 2030, oferecendo uma alternativa aos tratamentos tradicionais, como dentaduras e implantes.
Atualmente, pacientes com ausência congênita de seis ou mais dentes permanentes são considerados prioridade para o uso da tecnologia. A condição hereditária, que afeta cerca de 0,1% da população, pode dificultar a mastigação e causar impactos sociais significativos. No Japão, adolescentes com esse quadro costumam utilizar máscaras faciais para esconder os grandes espaços entre os dentes.
O medicamento também é apontado como uma possível solução para pessoas com dentes perdidos em decorrência de cáries, traumas ou doenças periodontais. O tratamento, ao permitir o crescimento de dentes naturais, evitaria os custos e os processos invasivos associados às próteses e implantes dentários.
Os experimentos em animais indicam que a proteína USAG-1 é um alvo promissor para tratamentos com anticorpos, como o desenvolvido neste estudo. Publicações científicas destacam que dentes regenerados foram funcionais nesses testes e que essa técnica pode representar um avanço no tratamento de anomalias dentárias.
Embora o crescimento de dentes regenerados ainda não seja o objetivo principal da atual fase de testes, os cientistas não descartam a possibilidade de que os participantes apresentem resultados positivos. Caso isso ocorra, seria uma confirmação precoce do potencial do medicamento também para casos de perda dentária adquirida, o que marcaria um grande progresso.
A regeneração de dentes humanos é vista como um processo desafiador, e especialistas apontam que os resultados em animais podem não se traduzir diretamente em sucesso com humanos. Há dúvidas sobre a funcionalidade e a estética dos dentes regenerados, além de possíveis dificuldades no controle exato de onde os novos dentes cresceriam.
Mesmo assim, há confiança de que ajustes, como ortodontia ou transplantes, podem corrigir eventuais irregularidades. No Japão, onde mais de 90% da população com 75 anos ou mais possui ao menos um dente ausente, a inovação pode contribuir para melhorar a qualidade de vida e estender a expectativa de saúde bucal da população.