baleia (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2014 às 06h18.
O governo do Japão disse nesta terça-feira que "estuda cuidadosamente" a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ) que o obriga a suspender seu programa de caça de baleias no Mar da Antártida e, apesar de acatar a decisão, deixou a porta aberta para futuros programas.
"As baleias são uma importante fonte de alimentação, como qualquer outra espécie marinha. O Japão mantém sua posição de continuar utilizando esses animais de maneira sustentável e com fins científicos", garantiu hoje o ministro da Pesca do país, Yoshimasa Hayashi.
O ministro afirmou, além disso, que o governo estudará "de maneira cuidadosa a decisão e decidirá em breve como responder à proibição do CIJ".
O Japão manteve até agora dois programas de captura de baleias com fins científicos no Oceano Antártico e no Pacífico Norte, além da pesca comercial de espécies menores de cetáceos, como os golfinhos, em seu litoral.
Com isso, Hayashi não descartou hoje a possibilidade de que o Japão proponha um novo programa científico, cujas características diferem das atuais, para pescar na Antártida.
Desde 1987, o Japão capturou uma média de 400 baleias por ano no Oceano Antártico, segundo dados da Agência Japonesa de Pesca.
Em 2005, estabeleceu um objetivo de 935 peças e os baleeiros capturaram um total de 853 naquele ano e de 679 em 2008.
No entanto, suas capturas anuais foram reduzidas até 103 em 2012 devido às ações dos grupos ambientalistas contrários à caça dessa espécie, segundo o governo japonês.
Tóquio sempre garantiu que seu programa de caça de baleias na Antártida buscava, entre outros fins, um controle permanente do ecossistema e da população desses cetáceos, o que permitiu que o país realizasse essa prática com a permissão da comissão baleeira.
No entanto, seus argumentos sempre causaram ceticismo entre muitas associações e países, como a Austrália, que entrou com uma ação contra o Japão na CIJ em maio de 2010, argumentando que as capturas japonesas tinham fins comerciais.
A decisão de ontem assegurava que o Japão não foi capaz de justificar os fins científicos de seu programa de caça e acusou o país asiático de violar a Convenção Internacional para a Regulamentação da Caça de Baleias, assinada em 1946 para promover a conservação dessas espécies de mamíferos.
Após conhecer a sentença, a delegação japonesa em Haia disse que apesar de o Japão estar "decepcionado e lamentar" a decisão, "vai aceitá-la porque tem a obrigação de cumpri-la, já que é vinculativa".
No entanto, não especificou quais serão os passos concretos de Tóquio para cumprir com a decisão, "porque temos que estudar a sentença antes de determinar ações concretas".