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Investida da Disney na OpenAI redefine relação com big techs

Aposta da Disney expõe nova estratégia para um entretenimento moldado pela IA

Lilo & Stitch: usuários poderão fazer vídeos no Sora com os personagens da Disney (Disney/Divulgação)

Lilo & Stitch: usuários poderão fazer vídeos no Sora com os personagens da Disney (Disney/Divulgação)

Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 08h43.

Última atualização em 12 de dezembro de 2025 às 08h44.

O casamento de US$ 1 bilhão da Disney com a OpenAI pode mudar como a inteligência artificial (IA) é usada — além de consolidar uma das alianças mais significativas da nova era da tecnologia.

O acordo, segundo o Wall Street Journal, abre caminho para que mais de 200 personagens do estúdio sejam utilizados no Sora, ferramenta de geração de vídeo da dona do ChatGPT.

De acordo com o jornal, o movimento ocorre em paralelo a uma disputa crescente entre Hollywood e big techs sobre o uso de conteúdos protegidos por direitos autorais no treinamento de modelos de IA — tensão que ganhou novo capítulo com uma carta de "cessar e desistir" enviada pela Disney ao Google um dia antes de anunciar o acordo com a OpenAI.

Aproximação após anos de tensões

O WSJ relatou que as conversas entre as empresas vêm desde o verão, mas que o encontro privado entre o time de estratégia da OpenAI e o principal advogado da Disney, Horacio Gutierrez, em Marina del Rey, foi determinante para destravar o acordo.

Apesar das divergências históricas sobre o uso de material protegido em treinamentos de IA, o diálogo com Tom Rubin, chefe de propriedade intelectual da OpenAI, foi descrito como cordial.

A parceria de três anos permitirá que fãs criem vídeos no Sora com personagens clássicos — de Stitch a heróis da Marvel e figuras de Star Wars. Os usuários poderão, por exemplo, gerar cenas surfando ao lado de Stitch ou empunhando um sabre de luz ao lado de R2-D2.

A Disney planeja exibir vídeos selecionados no Disney+ e futuramente permitir a criação na própria plataforma, disse o CEO da companhia, Bob Iger, em entrevista à CNBC.

Segundo o site, nos bastidores, a Disney se irritava com a falta de controles de conteúdo nos geradores de imagem do Google — como Gemini, Nano Banana e Veo — que viralizavam com representações de personagens como Homer Simpson e Homem-Aranha.

A carta enviada ao Google inclui dezenas de imagens e vídeos considerados infratores. “Temos um relacionamento de longa data e mutuamente benéfico com a Disney e continuaremos a colaborar com eles”, disse um porta-voz do Google em um comunicado. “De maneira geral, usamos dados públicos da internet aberta para construir nossa IA e desenvolvemos controles de direitos autorais inovadores adicionais.”

De acordo com o WSJ, o caminho até esse acordo também foi influenciado pelo avanço de ações judiciais e pelo esforço de Hollywood para controlar o uso de suas propriedades intelectuais.

A Disney e a Universal processaram a empresa Midjourney em junho, acusando-a de facilitar violações ao gerar imagens de personagens protegidos. Antes disso, ambas já haviam enviado alertas e notificações de infração.

“Acho que o cenário jurídico está se esclarecendo”, disse Matthew Sag, professor da Faculdade de Direito da Universidade Emory. “Está bem claro que a resposta sobre o uso justo não é ‘sempre’ ou ‘nunca’, mas sim ‘às vezes’”.

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