Tecnologia

Inteligência artificial: país define plano para avançar em pesquisa

Softex anuncia no MWC, em Barcelona, dois whitepapers em IA e para formação de talentos na indústria 5G, com apoio da Huawei e de representantes do mundo acadêmico

Inteligência artificial (MR.Cole_Photographer/Getty Images)

Inteligência artificial (MR.Cole_Photographer/Getty Images)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 1 de março de 2022 às 09h59.

Última atualização em 1 de março de 2022 às 10h53.

Nos últimos anos, um número crescente de países adotou estratégias de desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA) alinhadas com os respectivos objetivos e características nacionais. Tem sido uma corrida liderada por Estados Unidos e China, não por acaso as duas maiores potências econômicas e de inovação do mundo.

Para o Brasil, o tema também começou a receber maior atenção, mas a avaliação de especialistas é a de que ainda faltam políticas públicas que possam definir as diretrizes para o avanço em pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área.

O Brasil ficou apenas na 40ª colocação, entre 160 países, no mais recente ranking da consultoria Oxford Insigts que mede o quão preparados governos nacionais estão para implementar inteligência artificial a fim de entregar melhores serviços para os seus cidadãos.

Um passo importante foi anunciado nesta quarta-feira, 1º de março, com o lançamento de dois whitepapers (documentos que fazem o diagnóstico e apontam caminhos e prioridades para o desenvolvimento de certas áreas) pela Softex, uma Organização Social Civil de Interesse Público (Oscip) voltada para promover a inovação no país.

Tenha acesso agora a todos materiais gratuitos da EXAME para investimentos, educação e desenvolvimento pessoal

Um dos whitepapers é voltado justamente para IA (I.A. Whitepaper Brasil), e o outro, para a formação de talentos para a indústria 5G (Whitepaper de Desenvolvimento de Talentos Pan-indústria 5G+).

O documento aponta indústrias prioritárias para o desenvolvimento de IA no país, como a saúde, com soluções que melhoram a precisão do diagnóstico e aliviam a problemática distribuição desigual de recursos médicos no Brasil; e o agronegócio, com medidas para desenvolver e disseminar a chamada agricultura de precisão.

Há medidas específicas que devem ser seguidas, como (i) a criação de uma entidade específica responsável por questões relacionadas ao desenvolvimento de IA, (ii), a formulação de políticas para apoiar startups de IA e (iii) e a construção de um ambiente de dados abertos necessários para os cenários de aplicação, entre outras.

Sun Baocheng, CEO da Huawei no Brasil, Ruben Delgado, presidente da Softex, e o ministro Marcos Pontes, de Ciência, Tecnologia e Inovações

Sun Baocheng, CEO da Huawei Brasil, Ruben Delgado, presidente da Softex, e o ministro Marcos Pontes, de Ciência, Tecnologia e Inovações (Huawei/Divulgação)

Fosso digital

Ainda de acordo com o whitepaper dedicado a esse tema, estudos mostram que a Inteligência Artificial pode ampliar a lacuna entre os países no que se refere ao estágio de desenvolvimento digital.

Países líderes em IA podem obter um adicional de 20% a 25% dos benefícios econômicos líquidos, enquanto os países em desenvolvimento só podem receber de 5% a 15%, de acordo com o documento. Para diminuir a distância digital com os principais países do mundo, o Brasil precisa desenvolver rapidamente suas capacidades de IA.

O anúncio se deu no segundo dia do MWC, o principal evento de tecnologia móvel do mundo, em Barcelona (Espanha), em conjunto com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

“É papel da Softex apontar políticas públicas para colocar o país na corrida que o 5G proporciona”, disse Ruben Delgado, presidente da Softex.

Segundo o executivo, os próximos passos caberão agora ao próprio governo federal e aos estaduais para a definição de políticas e para a posterior execução de medidas.

A formulação dos documentos contou com a participação da chinesa Huawei, uma das maiores empresas do mundo em tecnologia de soluções da indústria de tecnologia da informação e de comunicações (ICT).

“As contribuições da Huawei, por meio de centros de pesquisa que abriram para nós e discussões com seus profissionais, foram fundamentais para definirmos as políticas de que precisamos para avançar em IA”, disse Delgado.

“Quanto mais reduzirmos os espaços entre a academia, as empresas do setor produtivo e o governo, mais teremos condições de avançar no tema do desenvolvimento”, disse Delgado.

A Huawei informou no evento que pretende capacitar mais de 40.000 alunos em áreas da tecnologia da informação e de comunicações nos próximos cinco anos, superando a marca de 36.000 do último quinquênio.

Segundo Sun Baocheng, CEO da Huawei Brasil e presente ao evento, "são ações fundamentais tanto a capacitação como o treinamento de talentos em Inteligência Artificial e 5G" para que o país possa construir a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da IA.

“A IA é uma das áreas identificadas como essenciais para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou o ministro de Ciência, Tecnologia e de Inovações, Marcos Pontes, que anunciou no evento que deixará o ministério no fim de março para se candidatar a deputado federal pelo PL (Partido Liberal).

A elaboração dos whitepapers contou ainda com o envolvimento de Wally Menezes, reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), e de Carlos Nazareth, reitor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel).

 

 

Acompanhe tudo sobre:HuaweiInteligência artificialMarcos PontesPesquisa e desenvolvimento

Mais de Tecnologia

Como o Google Maps ajudou a solucionar um crime

China avança em logística com o AR-500, helicóptero não tripulado

Apple promete investimento de US$ 1 bilhão para colocar fim à crise com Indonésia

Amazon é multada em quase R$ 1 mi por condições inseguras de trabalho nos EUA