Inteligência artificial do Google é agressiva quando estressada
Em competição, algoritmo da DeepMind adotou estratégia altamente agressiva para vencer
Lucas Agrela
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 14h22.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2017 às 17h25.
São Paulo – A inteligência artificial da DeepMind, que pertence ao Google , se mostrou altamente agressiva quando estressada ao participar de um jogo de computador.
A equipe de desenvolvimento do Google colocou dois "agentes" com o algoritmo de inteligência artificial para jogar 40 milhões de partidas de um jogo simples de coleta de maçãs. Vencia quem coletasse mais frutas virtuais.
Os agentes virtuais poderiam encerrar o jogo com um número igual de frutas virtuais. Porém, era possível usar um laser para destruir o oponente por alguns segundos para que fosse possível pegar um número maior de maçãs, mas não havia nenhum benefício em atacar o concorrente além do tempo adicional.
Veja como funciona o jogo.
Quando foram usadas redes neurais virtuais menores, a coexistência pacífica foi possível. Já quando utilizaram redes maiores e mais complexas, o resultado foi diferente. A inteligência artificial se mostrou propensa à sabotagem para sair como vencedora da competição.
Os pesquisadores acreditam que as redes neurais mais inteligentes conseguem aprender sobre o ambiente onde estão para se tornarem predominantes.
Em outro jogo, chamado de Wolfpack, os dois agentes tinham uma meta em comum: capturar uma presa. Nesse caso, eles cooperaram e conseguiram capturá-la. Os pesquisadores sugerem que isso aconteceu porque as chances de conseguir capturar a presa eram maiores em dupla do que por conta própria – e as redes neurais virtuais mais inteligentes podem perceber os benefícios da colaboração.
Mesmo após ter pego a presa, protegê-la de outros oponentes seria mais fácil em grupo do que sozinho, ressalta a equipe do Google.
Veja como funciona o jogo:
A DeepMind ainda está distante de causar impactos reais no nosso dia a dia. O Google ainda deve publicar um estudo científico com os dados sobre esses experimentos, que foram relatados nesta semana.
Revolução das máquinas...
Personalidades respeitadas da tecnologia e da ciência já expressaram suas preocupações com o avanço da inteligência artificial. Stephen Hawking, por exemplo, disse o seguinte àBBC: “O desenvolvimento da plena inteligência artificial poderia significar o fim da raça humana”. Ele teme a criação de robôs que igualem ou superem a capacidade humana.
Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, também vê a inteligência artificial como ameaça, não só aos humanos enquanto espécie dominante do planeta, mas também em relação aos seus empregos, que devem ser atingidos antes.
Ele acredita que a humanidade terá que se fundir com máquinas para poder competir com as inteligências artificiais que criaremos no futuro. Fora isso, ele acredita que a combinação de veículos autônomos com redes neurais avançadas podem tirar o emprego de muitos motoristas dentro de poucos anos. Vale lembrar que a Tesla tem veículos com nível intermediário de condução autônoma.
...Mas ainda não hoje
Em entrevista a EXAME.com, Bruno Dalla Fina, country manager da empresa argentina de inteligência artificial Aivo, conta que ainda estamos muito distantes dos filmes de ficção científica nos quais as máquinas dominam o mundo.
"Hoje, não temos a inteligência artificial ao nível de termos robôs falando conosco. Mas há dois anos não tínhamos o Uber. Há 10, não tínhamos a internet como temos hoje. A velocidade da tecnologia é alta, exponencial. Não é porque ela está longe hoje que ela vai demorar a chegar", declarou Fina