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Índia: Empresa cria relógio com GPS para ajudar a reduzir casos de abuso

Cinco jovens decidiram utilizar a tecnologia para combater um problema que aflige a Índia, onde só em 2016 foram denunciados 38.947 estupros

Empresa indiana inventou um relógio que permite enviar a localização e um áudio ao vivo aos seus contatos (Amit Dave/File Photo/Reuters)

Empresa indiana inventou um relógio que permite enviar a localização e um áudio ao vivo aos seus contatos (Amit Dave/File Photo/Reuters)

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EFE

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 10h28.

Nova Délhi - Uma empresa indiana fundada por cinco engenheiros em 2015 recebeu US$ 1 milhão pelo prêmio XPRIZE por inventar um relógio que permite enviar a localização e um áudio ao vivo aos seus contatos sem a necessidade de um telefone, o que pode ajudar a reduzir as agressões sexuais.

Os cinco jovens decidiram utilizar seu forte, a tecnologia, para combater um problema que aflige a Índia, onde só em 2016 foram denunciados 38.947 estupros, segundo dados da Agência Nacional de Registro de Crimes (NCRB).

A trajetória da empresa Leaf Wearables começou há três anos com o Safer Smart Jewellery, um colar com um botão camuflado que funciona com bluetooth e, ao ser pressionado, envia um sinal com a localização da vítima a seus contatos.

Depois veio o Safer Adicional, baseado na "mesma tecnologia", mas muito menor e com bluetooth BLE 4.0, a última versão naquele momento, explicou à Agência Efe um dos cofundadores da Leaf, Avinash Bansal.

A empresa vendeu cerca de 10 mil unidades destes dois produtos na Turquia, Malásia, Estados Unidos e "cerca de outros 15 países", afirmou Bansal.

No entanto, ao buscar a opinião dos clientes, se deram conta de que para melhorar o produto deveriam conseguir que este funcionasse "por si próprio", sem necessidade de um smartphone. E assim nasceu o Safer Pro, a terceira versão.

"Nós nos demos de conta que a maioria das pessoas estava dizendo que a primeira coisa que o agressor vai fazer é pegar o telefone e quebrá-lo pedaços", contou o cofundador.

Também foi comentado que, antes de serem atacadas, as potenciais vítimas tinham um "amplo" espaço de tempo, por isso a Leaf decidiu incorporar um segundo botão que inicia a transmissão de áudio ao vivo às pessoas que vão realizar o resgate, seja um contato ou a polícia.

Desse modo, a vítima pode oferecer detalhes sobre sua localização para facilitar o resgate, como o apartamento do edifício no qual se encontra, algo que o GPS não é capaz de detectar.

Quanto ao design, a Leaf pretende fazer com que o aparelho possa ser colocado em pulseiras de diferentes cores e inclusive planeja colaborar com empresas de joalheria para poder oferecer pulseiras de metal a quem estiver interessado em possuir um produto "mais bonito".

"É o mais simples possível, você abre a tampa, põe um cartão SIM e está pronto para funcionar", afirmou Bansal, ao explicar que espera que o aparelho comece a ser comercializado no início de 2019 por US$ 40 em sites de comércio eletrônico e também em lojas físicas.

"Estamos na fase final de teste do produto, a parte de engenharia está quase completa, agora estamos testando e estamos tentando fazer um lançamento global em quatro ou cinco meses", concluiu.

Graças à "precisão da localização" e à "incrível duração da sua bateria", de até 10 dias, os criadores do relógio ganharam o XPRIZE para a Segurança da Mulher, com um processo que começaram em 2016 e durante o qual foi preciso passar por diferentes etapas para comprovar finalmente em junho deste ano que seu produto era o melhor.

No entanto, a respeitada ativista e diretora do Centro Social de Pesquisa de Nova Délhi, Ranjana Kumari, considera que este é só mais um passo e que o resgate da vítima é o verdadeiro problema.

"Há diferentes tipos de mecanismos de segurança que surgiram, mas a dificuldade não é o processo de passar a informação quando a mulher informa tem que haver uma patrulha policial que chegue ao local ou um familiar. Na maioria dos casos a polícia chega tarde", disse Ranjana.

Além disso, a ativista adverte que os números oficiais registrados pelo NCRB são apenas 20% dos estupros reais, já que a grande maioria das vítimas em zonas rurais não denuncia as agressões pela "vergonha social" ou sua pouca confiança quanto a haver justiça.

A cada cinco casos de estupro, afirmou Ranjana, só um é denunciado.

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