Automóvel Toyota Mirai, movido a hidrogênio (Toyota/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 17 de junho de 2019 às 11h07.
O hidrogênio é apontado como combustível do futuro há cinco décadas. Finalmente, esse potencial está prestes a se converter em realidade.
Governos, fabricantes de veículos e até gigantes de petróleo e gás formam uma coalizão crescente que tenta emplacar um papel mais relevante para o combustível, em um momento em que o mundo todo tenta reduzir as emissões de poluentes, garantir oferta confiável de eletricidade para uma população em expansão e abastecer processos industriais complexos. As conclusões são de um relatório da Agência Internacional de Energia, divulgado na sexta-feira.
O estudo ressalta os desafios — as atuais técnicas de produção são poluentes e custosas, enquanto o gás em si é volátil e altamente inflamável — enfrentados ao passo que a indústria de energia reage à urgência de diminuir as emissões de carbono diante de previsões catastróficas associadas à mudança climática. A agência recomendou a implementação imediata de políticas que apoiem os investimentos iniciais necessários para reduzir os custos e dar corpo a esse segmento.
“Nunca houve tanto interesse internacional e de outros setores no hidrogênio, mesmo em vista dos impressionantes avanços recentes de outras tecnologias energéticas com baixa emissão de carbono, como baterias e energias renováveis”, afirmou a AIE no relatório O Futuro do Hidrogênio. “O nível atual de atenção abriu uma verdadeira janela de oportunidade para políticas públicas e medidas do setor privado."
A AIE sugeriu maneiras de impulsionar o mercado, como:
O hidrogênio pode ajudar a descarbonizar diversos setores, inclusive o transporte de longa distância e a siderurgia, nos quais a redução das emissões de poluentes é particularmente difícil. O hidrogênio também pode ser armazenado, transportado e usado para produzir eletricidade, permitindo que países com pouco espaço para equipamentos eólicos e solares ainda sejam abastecidos com energia livre de carbono
A adoção de políticas de apoio e incentivos agora poderia ajudar a cortar custos a longo prazo, de acordo com a AIE, da mesma forma que décadas de subsídios e capital liberado para células fotovoltaicas e turbinas eólicas ajudaram a tornar muitas tecnologias renováveis competitivas com os combustíveis fósseis em termos de custo.
“Embora a implantação de sistemas fotovoltaicos e turbinas eólicas tenha sido inicialmente apoiada por programas governamentais diretos e outras políticas, o investimento neles agora chega a US$ 124 bilhões por ano, principalmente capital privado”, afirmou a agência. "No caso do hidrogênio, também há fortes argumentos para que os governos usem uma abordagem que ofereça viabilidade.”