Tecnologia

Há espaço para robôs? Eles roubam os empregos dos humanos?

Sim, defendem os cientistas e especialistas ao afirmar que eles possibilitam aos profissionais dar saltos de produtividade. Há, por outro lado, uma corrente que afirma que os robôs estão roubando empregos dos humanos. Quem está certo?


	Chevrolet Classic na linha de montagem do sedã na fábrica da General Motors em São José dos Campos
 (Marcos Issa/Bloomberg)

Chevrolet Classic na linha de montagem do sedã na fábrica da General Motors em São José dos Campos (Marcos Issa/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2013 às 13h38.

São Paulo - O diretor do Centro para Negócios Digitais do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Erik Brynjolfsson, criou uma polêmica que vem repercutindo desde julho entre os maiores especialistas em tecnologia e trabalho do mundo ao afirmar que, nos Estados Unidos, a tecnologia está eliminando empregos em uma velocidade maior do que os está criando.

Brynjolfsson afirma que desde a Segunda Guerra Mundial até o ano 2000, o ganho de produtividade teve como consequência o crescimento econômico, que demandou mais profissionais. A partir de 2000, a produtividade continuou aumentando ano após ano, mas a velocidade de criação de novos postos de trabalho diminuiu drasticamente.

Os robôs, diz Brynjolfsson, tornaram o trabalho humano eficiente a ponto de substituir por completo os profissionais de algumas áreas em serviços financeiros e jurídicos e em atividades na educação e na medicina.

 

O economista Richard Florida, professor de gestão na Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, e da Escola de Administração de Rotman, em Toronto, Canadá, tem uma visão oposta à de Brynjolfsson. Florida afirma que a tecnologia reduz o preço das mercadorias, gerando uma "economia marginal" para as famílias, um dinheiro extra, que as pessoas vão gastar em diferentes produtos e serviços. Esse gasto em novos produtos e serviços, diz Florida, cria novos empregos. Entre os economistas, no entanto, Florida é minoria.

 

Tyler Cowen, economista da universidade George Mason, em Washington, afirma que os Estados Unidos e outros países desenvolvidos estão entrando num estágio de grande estagnação, onde os benefícios imediatos dos avanços tecnológicos estão se exaurindo e as taxas de crescimento econômico e em inovação estão caindo. Portanto, é natural que a velocidade de geração de empregos diminua.

 

No Brasil, esse debate ainda engatinha, e a substituição do profissional por máquinas é uma realidade, principalmente nos bancos. Em outras áreas, como na medicina, a tecnologia possibilita ganhos de produtividade, que geram novos postos de trabalho.


"Uma operação de prostatectomia com robôs dura 3 horas, metade do tempo de uma cirurgia tradicional", diz Paulo Zimmer, gerente médico do hospital Albert Einstein, em São Paulo. Mas se engana quem acha que os robôs têm tirado o trabalho dos médicos e outros profissionais da saúde. A área de tecnologia em saúde deve gerar 35 000 empregos no mundo até 2018. “Estudar no exterior ainda é o melhor jeito de entrar no setor”, diz Rafael Coelho, coordenador do centro de cirurgia robótica do Einstein. 

 

Na mesma linha de Cowen, o economista Robert J. Gordon, da universidade Northwestern, nos Estados Unidos, diz que o avanço da computação e dos robôs se dá numa velocidade sem precedentes, mas que esse desenvolvimento não é acompanhado, na mesma proporção, de crescimento econômico. Gordon acredita, com base em seus estudos recentes, que os robôs devem eliminar empregos mais do que gerar novos postos de trabalho.

 

No Brasil, no setor de agropecuária a substituição de homens por máquinas já é uma realidade. Uma nova colheitadeira de algodão, por exemplo, pode substituir o trabalho de seis homens. Mas há espaço para quem se mantém atualizado nas novas tecnologias. Os engenheiros e agrônomos saem da universidade sem saber lidar com toda a tecnologia que o setor demanda.

"Os profissionais operam máquinas complexas e caras, que custam de 800.000 a 1 milhão de reais", diz Álvaro Dilli, diretor de RH da SLC Agrícola, com sede em Porto Alegre. Para sanar essa defasagem, a SLC instituiu 30 escolas técnicas agrícolas nas regiões Sul e Centro-Oeste.

“Quem sabe manejar a tecnologia não será substituído por ela”, diz Luciano Bizzi, de 37 anos, engenheiro de mecanização da SLC, se especializou na área porque sentia que teria boas oportunidades. Hoje, é o responsável pelos treinamentos da empresa. 

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