(Lucas Agrela/Site Exame)
Lucas Agrela
Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 14h53.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2019 às 16h48.
São Paulo – Desrespeitar a legislação europeia pode ter um custo bem alto — e afetar diretamente seus lucros no final do ano, como mostrou a Alphabet nesta semana. A empresa por trás do Google divulgou os resultados financeiros referentes aos últimos três meses e a todo o ano de 2018. E ainda que sua receita tenha crescido (e consideravelmente), é interessante notar o tamanho do rombo deixado por uma multa de 5 bilhões de dólares aplicada pela UE.
A empresa fechou o trimestre com uma receita de 39,2 bilhões de dólares. É um salto de quase 7 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado. Com o valor, a companhia encerra o ano com um faturamento total de mais de 136 bilhões de dólares, contra 110,8 bilhões de 2017.
O crescimento, como sempre, foi puxado pela publicidade, que sozinha representou 32,6 bilhões de dólares da receita. Pelos dados da consultoria eMarketer, o Google hoje controla mais de 37% do mercado de publicidade digital nos Estados Unidos. Assim, ainda que tenha um concorrente “novo” no ramo, a Amazon, a empresa aparentemente não deve perder esse domínio tão cedo.
Fora isso, a Alphabet também tem conseguido diversificar as fontes de renda para ficar menos dependente do marketing online. Tudo graças aos ganhos com Android, hardware (os alto-falantes inteligentes e os Chromecasts) e a nuvem, que dividiram quase todo o restante do faturamento foi dividido entre ganhos com Android.
No terceiro trimestre, essa "divisão" foi responsável por 13,8% do total da receita, um aumento de quase um ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado. No quarto, a representatividade aumentou para mais de 16%.
Mas se a receita total cresceu, ficou claro que o resultado poderia ter sido um pouco melhor sem as multas levadas no decorrer do ano — em especial a de 5 bilhões de dólares aplicada pela UE em julho, por violação de leis antitruste.
O alto valor fez os gastos com punições legais vindas da Comissão Europeia quase dobrarem em relação a 2017. É um crescimento notável para um gasto que, até 2016, a empresa curiosamente nem tinha — mas que já segurou, ainda que só um pouco, o crescimento da companhia no ano.