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Fundadores do Twitter se forçaram a sair, diz biógrafo

Em A Eclosão do Twitter, que chega às livrarias brasileiras nesta quarta-feira, 20, Nick Bilton mostra uma relação tensa entre os fundadores da empresa

Fundadores do Twitter Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Williams ao lado do CEO Dick Costolo: livro causou polêmica ao ser lançado nos EUA no começo de novembro (.)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 13h55.

São Paulo - Uma história marcada por disputas de poder, ego e amizades desfeitas. É assim que o jornalista Nick Bilton descreve os primeiros anos do Twitter em seu novo livro . Em A Eclosão do Twitter (ed. Portfolio-Penguin, 320 págs.), que chega às livrarias brasileiras nesta quarta-feira, 20, Bilton mostra uma relação tensa entre os fundadores da empresa que é uma das redes sociais mais influentes do mundo, avaliada em mais de 23 bilhões de dólares.

O livro causou polêmica ao ser lançado nos Estados Unidos no começo de novembro. Na história, Bilton revela que a participação do cofundador Jack Dorsey na criação do site é exagerada e mostra também que foi Dorsey quem forçou a saída de Noah Glass, o “fundador esquecido” do Twitter e que teve um papel essencial no desenvolvimento do serviço. “Foi injusto que Noah Glass tenha ficado de fora da história corporativa porque ele tinha uma influência muito grande”, disse Bilton em entrevista exclusiva a INFO.

Bilton disse a INFO que não sabia que havia tantos conflitos entre os fundadores antes de começar a fazer pesquisas para preparar o livro e que cada cofundador havia forçado o outro a sair. Hoje, Evan Williams, Jack Dorsey, Biz Stone e Noah Glass mal se falam e nem participam mais do dia a dia da empresa. “É fascinante e triste que essas quatro pessoas, que um dia foram amigas, criaram uma rede para se conectar e construir amizades, e isso de repente acabou com a amizade deles”, diz Bilton. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Por que decidiu focar mais na história dos fundadores do que no desenvolvimento do Twitter em si?

Não acho que houve muito desenvolvimento tecnológico no Twitter. A tecnologia não mudou muito desde que o site foi inaugurado sete anos atrás. Essencialmente, o Twitter tem quase a mesma aparência gráfica, com um pouco mais de conteúdo multimídia. O que achei fascinante foi como essas quatro pessoas, que um dia foram amigas, criaram uma rede com o propósito de se conectar e construir amizades e isso de repente acabou com a amizade deles. É fascinante, especialmente considerando que vivemos em um mundo hoje em que as pessoas usam essas tecnologias para se sentir mais próximas e, no fim, também não conseguem se conectar às pessoas da mesma forma que poderiam na vida real. Em vez de focar na tecnologia, usei a história dos fundadores para contar a história da companhia e como ela se tornou o que é.


Foi uma surpresa descobrir que havia tantos conflitos entre os fundadores?

Sem dúvida. Não tinha ideia do nível em que as disputas ocorreram. Sabia que havia interesses quando algumas pessoas foram forçadas a sair da empresa, mas não sabia que cada um dos fundadores forçou o outro a sair. É triste porque algumas pessoas se deram melhor do que as outras, mas também é fascinante porque a empresa que mudou tudo também acabou mudando os fundadores. Alguns deles se tornaram pessoas melhores com o tempo.

Como eles mudaram?

Noah Glass, por exemplo, é o fundador esquecido do Twitter e foi expulso da empresa por seus amigos. Ele aprendeu a importância da amizade, a importância das conexões entre as pessoas. Ele aprendeu lições que acho que não aprenderia se tivesse se tornado um bilionário como as outras pessoas na história.

Glass merecia mais crédito pelo papel na criação do Twitter?

Totalmente. Ele foi o cara que teve a ideia do nome do Twitter. Era um projeto dele logo no começo. Jack foi quem entendeu o que era uma atualização de status, mas o Twitter não era só uma atualização de status. Era para dizer outras coisas. E acho que foi injusto que Glass ficou de fora da história corporativa porque ele tinha uma influência muito grande, como um cofundador.


Quais foram as outras contribuições de cada um deles?

Jack foi quem percebeu o conceito da atualização de status, para compartilhar o que a pessoa está fazendo. Noah veio com a ideia de criar uma rede de amizades e conexões. Evan Williams, que já era conhecido por ter criado o Blogger, não só financiou o Twitter como queria criar uma experiência de linha do tempo. E Biz Stone, que também estava envolvido em blogs, era muito preocupado com a simplicidade e também tinha um cuidado com os usuários, do ponto de vista ético.

Como é a relação entre os fundadores hoje? Ela melhorou?

Não. Continua praticamente igual. Noah nunca mais falou com nenhum deles. Ainda há algum conflito entre Evan Williams e Jack Dorsey. Ambos veem as coisas de forma diferente. Jack sempre via que como um lugar para as pessoas falarem sobre si mesmas, e Noah via como uma maneira de dizer o que estava acontecendo ao redor, em diferentes contextos. Os fundadores eram amigos, quase sem dinheiro, que foram se transformando ao longo do tempo. E a empresa também mudou. Era uma empresa que começou por acidente e, de repente, estava sendo usada em revoluções e estava na capa da revista Time.

A cultura interna do Twitter parece ser muito diferente da encontrada no Google ou no Facebook, que são muito focadas na engenharia. Como você vê essa diferença?

A cultura é muito diferente mesmo. O Google e o Facebook foram fundados por estudantes de Stanford e Harvard. Já o Twitter, não, apesar de ter pessoas talentosas. Ele também tem uma abordagem muito mais solidária e preocupada com o usuário e com a privacidade. Embora as outras empresas, como Facebook e Google, também se preocupem, às vezes para algumas pessoas que trabalham lá isso é uma preocupação secundária. Acho que essa é a maior diferença entre essas empresas.


Acha que o Twitter vai mudar muito depois da abertura de capital?

Espero que não, mas não sei dizer se eles vão mudar. É a pergunta de um bilhão de dólares. Todos esperam que eles se mantenham assim, mas isso ainda terá que ser respondido.

Aplicativos de mensagens, como WhatsApp, são uma ameaça ao Twitter? Ou ameaçam mais o Facebook?

Eles são uma ameça tanto para o Twitter quanto para o Facebook. Esses serviços são plataformas muito importantes para as pessoas se comunicarem em aparelhos móveis. E qualquer coisa que faça isso bem será uma ameaça para as coisas que já existem. Acho que tanto o Facebook quanto o Twitter estão muito preocupados.

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São Paulo - Uma história marcada por disputas de poder, ego e amizades desfeitas. É assim que o jornalista Nick Bilton descreve os primeiros anos do Twitter em seu novo livro . Em A Eclosão do Twitter (ed. Portfolio-Penguin, 320 págs.), que chega às livrarias brasileiras nesta quarta-feira, 20, Bilton mostra uma relação tensa entre os fundadores da empresa que é uma das redes sociais mais influentes do mundo, avaliada em mais de 23 bilhões de dólares.

O livro causou polêmica ao ser lançado nos Estados Unidos no começo de novembro. Na história, Bilton revela que a participação do cofundador Jack Dorsey na criação do site é exagerada e mostra também que foi Dorsey quem forçou a saída de Noah Glass, o “fundador esquecido” do Twitter e que teve um papel essencial no desenvolvimento do serviço. “Foi injusto que Noah Glass tenha ficado de fora da história corporativa porque ele tinha uma influência muito grande”, disse Bilton em entrevista exclusiva a INFO.

Bilton disse a INFO que não sabia que havia tantos conflitos entre os fundadores antes de começar a fazer pesquisas para preparar o livro e que cada cofundador havia forçado o outro a sair. Hoje, Evan Williams, Jack Dorsey, Biz Stone e Noah Glass mal se falam e nem participam mais do dia a dia da empresa. “É fascinante e triste que essas quatro pessoas, que um dia foram amigas, criaram uma rede para se conectar e construir amizades, e isso de repente acabou com a amizade deles”, diz Bilton. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Por que decidiu focar mais na história dos fundadores do que no desenvolvimento do Twitter em si?

Não acho que houve muito desenvolvimento tecnológico no Twitter. A tecnologia não mudou muito desde que o site foi inaugurado sete anos atrás. Essencialmente, o Twitter tem quase a mesma aparência gráfica, com um pouco mais de conteúdo multimídia. O que achei fascinante foi como essas quatro pessoas, que um dia foram amigas, criaram uma rede com o propósito de se conectar e construir amizades e isso de repente acabou com a amizade deles. É fascinante, especialmente considerando que vivemos em um mundo hoje em que as pessoas usam essas tecnologias para se sentir mais próximas e, no fim, também não conseguem se conectar às pessoas da mesma forma que poderiam na vida real. Em vez de focar na tecnologia, usei a história dos fundadores para contar a história da companhia e como ela se tornou o que é.


Foi uma surpresa descobrir que havia tantos conflitos entre os fundadores?

Sem dúvida. Não tinha ideia do nível em que as disputas ocorreram. Sabia que havia interesses quando algumas pessoas foram forçadas a sair da empresa, mas não sabia que cada um dos fundadores forçou o outro a sair. É triste porque algumas pessoas se deram melhor do que as outras, mas também é fascinante porque a empresa que mudou tudo também acabou mudando os fundadores. Alguns deles se tornaram pessoas melhores com o tempo.

Como eles mudaram?

Noah Glass, por exemplo, é o fundador esquecido do Twitter e foi expulso da empresa por seus amigos. Ele aprendeu a importância da amizade, a importância das conexões entre as pessoas. Ele aprendeu lições que acho que não aprenderia se tivesse se tornado um bilionário como as outras pessoas na história.

Glass merecia mais crédito pelo papel na criação do Twitter?

Totalmente. Ele foi o cara que teve a ideia do nome do Twitter. Era um projeto dele logo no começo. Jack foi quem entendeu o que era uma atualização de status, mas o Twitter não era só uma atualização de status. Era para dizer outras coisas. E acho que foi injusto que Glass ficou de fora da história corporativa porque ele tinha uma influência muito grande, como um cofundador.


Quais foram as outras contribuições de cada um deles?

Jack foi quem percebeu o conceito da atualização de status, para compartilhar o que a pessoa está fazendo. Noah veio com a ideia de criar uma rede de amizades e conexões. Evan Williams, que já era conhecido por ter criado o Blogger, não só financiou o Twitter como queria criar uma experiência de linha do tempo. E Biz Stone, que também estava envolvido em blogs, era muito preocupado com a simplicidade e também tinha um cuidado com os usuários, do ponto de vista ético.

Como é a relação entre os fundadores hoje? Ela melhorou?

Não. Continua praticamente igual. Noah nunca mais falou com nenhum deles. Ainda há algum conflito entre Evan Williams e Jack Dorsey. Ambos veem as coisas de forma diferente. Jack sempre via que como um lugar para as pessoas falarem sobre si mesmas, e Noah via como uma maneira de dizer o que estava acontecendo ao redor, em diferentes contextos. Os fundadores eram amigos, quase sem dinheiro, que foram se transformando ao longo do tempo. E a empresa também mudou. Era uma empresa que começou por acidente e, de repente, estava sendo usada em revoluções e estava na capa da revista Time.

A cultura interna do Twitter parece ser muito diferente da encontrada no Google ou no Facebook, que são muito focadas na engenharia. Como você vê essa diferença?

A cultura é muito diferente mesmo. O Google e o Facebook foram fundados por estudantes de Stanford e Harvard. Já o Twitter, não, apesar de ter pessoas talentosas. Ele também tem uma abordagem muito mais solidária e preocupada com o usuário e com a privacidade. Embora as outras empresas, como Facebook e Google, também se preocupem, às vezes para algumas pessoas que trabalham lá isso é uma preocupação secundária. Acho que essa é a maior diferença entre essas empresas.


Acha que o Twitter vai mudar muito depois da abertura de capital?

Espero que não, mas não sei dizer se eles vão mudar. É a pergunta de um bilhão de dólares. Todos esperam que eles se mantenham assim, mas isso ainda terá que ser respondido.

Aplicativos de mensagens, como WhatsApp, são uma ameaça ao Twitter? Ou ameaçam mais o Facebook?

Eles são uma ameça tanto para o Twitter quanto para o Facebook. Esses serviços são plataformas muito importantes para as pessoas se comunicarem em aparelhos móveis. E qualquer coisa que faça isso bem será uma ameaça para as coisas que já existem. Acho que tanto o Facebook quanto o Twitter estão muito preocupados.

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