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Funcionários pedem a Zuckerberg para restringir anúncios políticos

"Liberdade de expressão e discurso pago não são a mesma coisa", defende o grupo de funcionários do Facebook em um documento interno

Mark Zuckerberg: presidente do Facebook defende que a empresa não pode restringir a liberdade de expressão dos usuário, mesmo de políticos mentindo em anúncios (Andrew Harrer/Bloomberg)

Mark Zuckerberg: presidente do Facebook defende que a empresa não pode restringir a liberdade de expressão dos usuário, mesmo de políticos mentindo em anúncios (Andrew Harrer/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de outubro de 2019 às 18h47.

Um grupo de funcionários do Facebook publicou uma carta na qual pede limites para anúncios políticos na plataforma - a demanda caminha de maneira oposta à visão de Mark Zuckerberg, presidente executivo da empresa. No dia 17, ele defendeu que a política da rede social de não impor limites nem mesmo a anúncios mentirosos.

Além disso, nas últimas semanas, o Facebook tem sido criticado por permitir que candidatos à presidência dos Estados Unidos façam anúncios contendo mentiras - algo que foi realizado por nomes de ambos os partidos políticos americanos.

Crítica das redes sociais e nome forte do Partido Democrata, a candidata Elizabeth Warren chegou a veicular um anúncio com uma mentira deslavada sobre Trump, só para denunciar a prática do Facebook.

A lógica do comando do Facebook é a de que qualquer interferência no discurso político da plataforma é uma maneira de restringir a liberdade de expressão dos usuários - a empresa refuta o papel de fiel da balança entre verdade e mentira.

A carta, porém, pede que a companhia assuma esse papel. "Liberdade de expressão e discurso pago não são a mesma coisa", diz o texto.

"Informações mentirosas afetam todos. Nossas políticas atuais de checagem de fatos para políticos eleitos, ou aquele que são candidatos, são uma ameaça para aquilo que o Facebook representa. Repudiamos fortemente essa política no formato atual. Ela não protege vozes, e, ao contrário, permite políticos usar a nossa plataforma como uma arma ao mirar em pessoas que acreditam que o conteúdo postado por figuras políticas é confiável", continua a carta.

O documento faz uma série de sugestões para a política de anúncios da companhia. Entre elas está submeter anúncios políticos a checagem de fatos por terceiros, usar alertas visuais mais claro para distinguir anúncios políticos de outros tipos de anúncio, restringir propagandas de nicho, aplicar períodos de silêncio antes da votação para limitar o alcance de informações mentirosas, limitar os gastos de candidatos com anúncios e avisar visualmente quando anúncios políticos não passaram por checagem.

Cerca de 250 dos 35 mil funcionários da companhia nos EUA já assinaram o documento, que foi postado em uma rede interna.

O Facebook respondeu à iniciativa dizendo que continua "empenhada em não censurar discurso político", e que continuará a explorar passos adicionais para aumentar a transparência de anúncios políticos".

Na sexta-feira, 26, o Facebook confirmou ter bloqueado um anúncio que afirmava falsamente que o senador republicano Lindsey Graham apoia o Green New Deal, pacote de medidas para combater as mudanças climáticas proposto pelo partido democrata.

Com isso, o Facebook quis mostrar fazer checagem de anúncios feitos por grupos políticos, mesmo não tendo o mesmo rigor com anúncios promovidos pelos próprios políticos.

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