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Funcionários do Facebook estão preocupados com anúncios do governo chinês

China tem publicado conteúdo com sua versão dos fatos da crise humanitária em Xinjiang, o que tem levantado discussões nas trincheiras do Facebook

Mark Zuckerberg em Pequim: funcionários do Facebook estão preocupados com uso da plataforma por governo e entidades chinesas. (EyePress News/AFP)

Mark Zuckerberg em Pequim: funcionários do Facebook estão preocupados com uso da plataforma por governo e entidades chinesas. (EyePress News/AFP)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 5 de abril de 2021 às 09h46.

Funcionários do Facebook estão preocupados e levantando questionamentos internamente sobre como os anúncios da plataforma estão sendo utilizados como propaganda de Estado pelo governo da China, afirmou uma reportagem do The Wall Street Journal.

Apesar de a plataforma ser proibida no país, a presença da China através de contas oficiais do governo e de organizações aumentou nos últimos anos, especialmente em outros países, incluindo o consumo de anúncios e publicidade.

De acordo com fontes e informações do WSJ, os funcionários do Facebook estão especialmente preocupados com publicidade retratando grupos minoritários religiosos, como os Uigures, de maneira feliz em regiões como Xinjiang, onde há acusações de perseguição do governo a essa minorias.

Governos da Europa e Estados Unidos acusam Pequim de cometer genocídio contra os Uigures, citando práticas como doutrinação política, encarceramento em massa e esterilizações forçadas. A China já negou violações de direitos humanos e mantém que suas ações são necessárias para dissuadir atos terroristas e ameaças. Nas redes sociais de embaixadas do país, é comum encontrar conteúdo com a posição chinesa sobre a situação em Xinjiang.

Em um grupo de discussões de funcionários muçulmanos do Facebook, um empregado da empresa publicou uma notícia de que os Estados Unidos havia declarado como genocídio o tratamento dos Uigures e que o Twitter já havia tomado ações contra um tuíte da embaixada chinesa sobre o caso que violava suas políticas.

Ao jornal, o Facebook afirmou, através de um porta-voz, que as publicidades sobre a província de Xinjiang não violam as políticas atuais da plataforma enquanto seguirem as regras de compra de anúncios, e disse que a companhia segue monitorando relatos da situação na região.

O Facebook remove anúncios relativos à região de Xinjiang se elas não forem classificadas da maneira correta, indicando tratar-se de um assunto político e social — o que obrigaria o anunciante a disponibilizar publicamente o nome da entidade que pagou pelo anúncio.

Internamente, de acordo com o WSJ, os funcionários levantam questões sobre se a plataforma está sendo utilizada para disseminar o que chamam de desinformação de Pequim ou permitindo que o Facebook seja utilizado como um canal de propaganda de Estado chines para questões humanitárias.

As discussões acontecem em um momento delicado para o Facebook, que luta globalmente para decidir como monitorar o conteúdo que é publicado na rede social. No final de março, CEOs das maiores empresas de tecnologia e redes sociais, incluindo Mark Zuckerberg, do Facebook, compareceram ao Congresso dos EUA para prestar informações sobre desinformação em suas plataformas.

 

 

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