Fórum debate desafios à inovação
Promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais, 4º Fórum Regional de Barueri discute educação, empreendedorismo e desenvolvimento em São Paulo
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 11h14.
São Paulo – Colocar em pauta os caminhos que levam à inovação, o que ela significa em termos econômicos e sua capacidade de induzir o desenvolvimento humano. Com esse objetivo, o 4º Fórum Regional de Barueri, realizado no sábado (30/11) na Câmara Municipal de Barueri (SP), propôs debater a qualidade da educação pública, os desafios e oportunidades para a inovação científica e tecnológica em São Paulo, além do papel das médias e pequenas empresas no crescimento do Estado.
Promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) – organização de caráter privado fundada no Brasil em 2003 que reúne empresários de 12 países e quatro continentes –, o fórum contou com a participação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que abriu o evento apresentando os números da economia paulista. “São Paulo é a 19ª economia mundial, mas, para manter ou avançar nesse patamar, o setor produtivo precisa inovar”, afirmou Alckmin.
Com base em dados sobre o papel da pesquisa no desenvolvimento de São Paulo, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado, Rodrigo Garcia, falou sobre a participação paulista na produção científica brasileira.
“São Paulo responde por 50% de toda a produção científica nacional e 1,6% do PIB do Estado é investido em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, mais de 12% do dispêndio anual do Estado é direcionado ao ensino superior e à pesquisa e desenvolvimento.”
Segundo o secretário, ações como a instalação, no dia 13 de novembro, do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (Concite) vão ajudar a identificar pontos críticos e a enfrentar com mais eficiência os gargalos.
“O Concite pretende fazer um levantamento detalhado das atividades relacionadas a Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) e a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) implementadas por instituições públicas e privadas no Estado, que tem um plano de investimentos de R$ 155,6 bilhões, sendo R$ 93,6 bilhões em verbas públicas e outros R$ 62 bilhões em parcerias público-privadas”, disse.
Uma das ações desse investimento destacada por Garcia são os Parques Tecnológicos. Segundo ele, 28 localidades no Estado possuem iniciativas efetivas para a implantação desses parques, como, por exemplo, São José dos Campos, o primeiro município do Estado a receber o credenciamento definitivo do sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec).
Em sua apresentação, o secretário destacou também a necessidade de implantar os centros de inovação, com laboratórios compartilhados por empresas incubadoras de base tecnológica. Ele destacou o sistema de incubadoras de Israel, que é sustentável e serve de modelo para o projeto paulista.
“Para criar produtos inovadores a preços competitivos é preciso aproximar a academia do setor produtivo, algo essencial para vencer o desafio da C&T no Estado”, disse.
Exemplificando esse tipo de cooperação, projetos de pesquisa realizados em parceria entre os setores público e privado foram apresentados por Celso Lafer, presidente da FAPESP, que esteve presente ao fórum como debatedor.
Segundo Lafer, a FAPESP realiza diversas ações para aproximar o setor produtivo das universidades, apoiando a pesquisa em conjunto entre universidades, institutos de pesquisa e empresas.
“As empresas que se relacionam com a FAPESP formam uma carteira relevante. Há casos em que elas aportam 50% dos recursos nessas parcerias público-privadas, a exemplo de acordos de cooperação firmados em 2013 para a implantação de centros de pesquisas em áreas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico do Estado de São Paulo”, disse.
Lafer citou os recentes acordos da Fundação com as empresas BG Brasil, GlaxoSmithKline Brasil, Peugeot Citroën Brasil e Natura, que juntas vão compartilhar investimentos de R$ 114 milhões, por período entre cinco e dez anos, em pesquisas voltadas a aplicações nas áreas de energia, química sustentável, engenharia de motores a combustão, neurociências e ciências do comportamento.
“No exercício de uma gestão, deve haver a combinação entre curto e médio prazo, além de uma visão de futuro. Esses projetos são de larga escala, com empresas líderes em suas áreas de atuação, porque precisamos trabalhar voltados para ampliar e potencializar essa sinergia entre o setor público e o setor privado”, finalizou.
Desafios da educação
Destacada como um alicerce para todas as demais ações de desenvolvimento econômico e social, a educação foi tema da apresentação do secretário da Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, que traçou um panorama do ensino e da aprendizagem.
Segundo o secretário, que é ex-reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a universalização promovida nos últimos anos elevou o índice de crianças de 6 a 14 anos que frequentam a escola para 98,8%, mas entre os jovens de 15 a 17 anos esse índice ainda não atingiu o ideal, ficando em 84,4%.
Para ele, manter esses jovens na sala de aula configura um dos maiores desafios de São Paulo para a inovação. O Estado possui uma rede de 5.300 escolas públicas de ensino fundamental e médio e 4,3 milhões de alunos.
“A solução para um ensino de qualidade, que mantenha os alunos na escola e tenha reflexos no desenvolvimento econômico e social, passa pelo ensino integral. Trata-se de um grande desafio, mas sabemos que, quanto mais tempo o aluno frequenta a escola, mais completa se torna sua formação”, disse.
Segundo ele, a média brasileira nesse quesito é ainda menor. Conforme dados do IBGE de 2009, 49,8% dos jovens brasileiros de 19 anos não conseguiram concluir o ensino médio e, dos que conseguem concluir, apenas cerca de 10% apresentam um desempenho considerado adequado ao término de sua série.
A mesma pesquisa aponta que apenas 14,4% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos frequentam o ensino superior, o que acarreta em falta de mão de obra especializada para 64% dos empregadores.
“Com qualidade abaixo dos níveis atingidos por países com PIB similar ao do Brasil, nosso desafio é acelerar o ritmo atual, que evolui apenas 1% ao ano, o que é muito lento. Caso contrário, seriam necessários 44 anos para atingir os índices recomendados. Não podemos esperar”, afirmou Voorwald.
Para tanto, de acordo com o secretário, foi iniciado em São Paulo um programa para elevar a qualidade do sistema de educação, com a melhoria na qualidade e na gestão dos investimentos, associando cada etapa dessa melhoria a um conjunto de intervenções.
Para o secretário, é preciso que os jovens tenham novamente no magistério uma opção profissional. “Não falta verba para a educação, mas ainda falta obtermos mais eficiência na gestão dos recursos.”
Setor produtivo
Representado pelas pequenas e médias empresas, o setor produtivo foi apresentado no fórum como o terceiro pilar para a inovação.
Em sua apresentação, com o tema Empreendedorismo, o presidente do conselho do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Alencar Burti, afirmou que há 1,8 milhão de pequenos negócios em atividade no Estado de São Paulo, responsáveis por 4,6 milhões de empregos com carteira assinada, conduzidos por 3,3 milhões de empreendedores.
“Precisamos de um sistema que ajude o empreendedor a manter seu negócio, como uma alíquota de impostos que o motive a crescer e não o obrigue a permanecer pequeno para manter menor sua carga de impostos”, enfatizou.
São Paulo – Colocar em pauta os caminhos que levam à inovação, o que ela significa em termos econômicos e sua capacidade de induzir o desenvolvimento humano. Com esse objetivo, o 4º Fórum Regional de Barueri, realizado no sábado (30/11) na Câmara Municipal de Barueri (SP), propôs debater a qualidade da educação pública, os desafios e oportunidades para a inovação científica e tecnológica em São Paulo, além do papel das médias e pequenas empresas no crescimento do Estado.
Promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) – organização de caráter privado fundada no Brasil em 2003 que reúne empresários de 12 países e quatro continentes –, o fórum contou com a participação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que abriu o evento apresentando os números da economia paulista. “São Paulo é a 19ª economia mundial, mas, para manter ou avançar nesse patamar, o setor produtivo precisa inovar”, afirmou Alckmin.
Com base em dados sobre o papel da pesquisa no desenvolvimento de São Paulo, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado, Rodrigo Garcia, falou sobre a participação paulista na produção científica brasileira.
“São Paulo responde por 50% de toda a produção científica nacional e 1,6% do PIB do Estado é investido em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, mais de 12% do dispêndio anual do Estado é direcionado ao ensino superior e à pesquisa e desenvolvimento.”
Segundo o secretário, ações como a instalação, no dia 13 de novembro, do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (Concite) vão ajudar a identificar pontos críticos e a enfrentar com mais eficiência os gargalos.
“O Concite pretende fazer um levantamento detalhado das atividades relacionadas a Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) e a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) implementadas por instituições públicas e privadas no Estado, que tem um plano de investimentos de R$ 155,6 bilhões, sendo R$ 93,6 bilhões em verbas públicas e outros R$ 62 bilhões em parcerias público-privadas”, disse.
Uma das ações desse investimento destacada por Garcia são os Parques Tecnológicos. Segundo ele, 28 localidades no Estado possuem iniciativas efetivas para a implantação desses parques, como, por exemplo, São José dos Campos, o primeiro município do Estado a receber o credenciamento definitivo do sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec).
Em sua apresentação, o secretário destacou também a necessidade de implantar os centros de inovação, com laboratórios compartilhados por empresas incubadoras de base tecnológica. Ele destacou o sistema de incubadoras de Israel, que é sustentável e serve de modelo para o projeto paulista.
“Para criar produtos inovadores a preços competitivos é preciso aproximar a academia do setor produtivo, algo essencial para vencer o desafio da C&T no Estado”, disse.
Exemplificando esse tipo de cooperação, projetos de pesquisa realizados em parceria entre os setores público e privado foram apresentados por Celso Lafer, presidente da FAPESP, que esteve presente ao fórum como debatedor.
Segundo Lafer, a FAPESP realiza diversas ações para aproximar o setor produtivo das universidades, apoiando a pesquisa em conjunto entre universidades, institutos de pesquisa e empresas.
“As empresas que se relacionam com a FAPESP formam uma carteira relevante. Há casos em que elas aportam 50% dos recursos nessas parcerias público-privadas, a exemplo de acordos de cooperação firmados em 2013 para a implantação de centros de pesquisas em áreas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico do Estado de São Paulo”, disse.
Lafer citou os recentes acordos da Fundação com as empresas BG Brasil, GlaxoSmithKline Brasil, Peugeot Citroën Brasil e Natura, que juntas vão compartilhar investimentos de R$ 114 milhões, por período entre cinco e dez anos, em pesquisas voltadas a aplicações nas áreas de energia, química sustentável, engenharia de motores a combustão, neurociências e ciências do comportamento.
“No exercício de uma gestão, deve haver a combinação entre curto e médio prazo, além de uma visão de futuro. Esses projetos são de larga escala, com empresas líderes em suas áreas de atuação, porque precisamos trabalhar voltados para ampliar e potencializar essa sinergia entre o setor público e o setor privado”, finalizou.
Desafios da educação
Destacada como um alicerce para todas as demais ações de desenvolvimento econômico e social, a educação foi tema da apresentação do secretário da Educação do Estado de São Paulo, Herman Voorwald, que traçou um panorama do ensino e da aprendizagem.
Segundo o secretário, que é ex-reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a universalização promovida nos últimos anos elevou o índice de crianças de 6 a 14 anos que frequentam a escola para 98,8%, mas entre os jovens de 15 a 17 anos esse índice ainda não atingiu o ideal, ficando em 84,4%.
Para ele, manter esses jovens na sala de aula configura um dos maiores desafios de São Paulo para a inovação. O Estado possui uma rede de 5.300 escolas públicas de ensino fundamental e médio e 4,3 milhões de alunos.
“A solução para um ensino de qualidade, que mantenha os alunos na escola e tenha reflexos no desenvolvimento econômico e social, passa pelo ensino integral. Trata-se de um grande desafio, mas sabemos que, quanto mais tempo o aluno frequenta a escola, mais completa se torna sua formação”, disse.
Segundo ele, a média brasileira nesse quesito é ainda menor. Conforme dados do IBGE de 2009, 49,8% dos jovens brasileiros de 19 anos não conseguiram concluir o ensino médio e, dos que conseguem concluir, apenas cerca de 10% apresentam um desempenho considerado adequado ao término de sua série.
A mesma pesquisa aponta que apenas 14,4% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos frequentam o ensino superior, o que acarreta em falta de mão de obra especializada para 64% dos empregadores.
“Com qualidade abaixo dos níveis atingidos por países com PIB similar ao do Brasil, nosso desafio é acelerar o ritmo atual, que evolui apenas 1% ao ano, o que é muito lento. Caso contrário, seriam necessários 44 anos para atingir os índices recomendados. Não podemos esperar”, afirmou Voorwald.
Para tanto, de acordo com o secretário, foi iniciado em São Paulo um programa para elevar a qualidade do sistema de educação, com a melhoria na qualidade e na gestão dos investimentos, associando cada etapa dessa melhoria a um conjunto de intervenções.
Para o secretário, é preciso que os jovens tenham novamente no magistério uma opção profissional. “Não falta verba para a educação, mas ainda falta obtermos mais eficiência na gestão dos recursos.”
Setor produtivo
Representado pelas pequenas e médias empresas, o setor produtivo foi apresentado no fórum como o terceiro pilar para a inovação.
Em sua apresentação, com o tema Empreendedorismo, o presidente do conselho do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Alencar Burti, afirmou que há 1,8 milhão de pequenos negócios em atividade no Estado de São Paulo, responsáveis por 4,6 milhões de empregos com carteira assinada, conduzidos por 3,3 milhões de empreendedores.
“Precisamos de um sistema que ajude o empreendedor a manter seu negócio, como uma alíquota de impostos que o motive a crescer e não o obrigue a permanecer pequeno para manter menor sua carga de impostos”, enfatizou.