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FBI poderia desbloquear iPhones de terrorista sem ajuda da Apple

Will Strafach, um hacker de aparelhos Apple e dono da empresa Guardian Farewell, diz que desbloquear iPhones 5 e 7 não é uma tarefa impossível

FBI: Will Strafach diz que não é impossível desbloquear iPhones 5 e 7, utilizados por autor de ataque terrorista na Flórida (Zhang Peng/LightRocket/Getty Images)

FBI: Will Strafach diz que não é impossível desbloquear iPhones 5 e 7, utilizados por autor de ataque terrorista na Flórida (Zhang Peng/LightRocket/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 13h58.

Última atualização em 16 de janeiro de 2020 às 14h01.

O FBI pressiona a Apple para ajudar a agência a desbloquear os iPhones de um terrorista, mas o governo pode conseguir esse acesso sem a gigante de tecnologia, de acordo com especialistas em segurança cibernética e forense digital. Os investigadores podem explorar uma série de vulnerabilidades de segurança - disponíveis diretamente ou por meio de provedores como Cellebrite e Grayshift - para desbloquear os celulares, disseram os especialistas em segurança.

Mohammed Saeed Alshamrani, autor de um ataque terrorista em 6 de dezembro em uma base naval na Flórida, tinha um iPhone 5 e um iPhone 7, modelos que foram lançados pela primeira vez em 2012 e 2016, respectivamente. Alshamrani foi morto e os aparelhos ficaram bloqueados, e o FBI teve que buscar maneiras de acessar os celulares.

“Um 5 e um 7? É absolutamente possível desbloqueá-los”, disse Will Strafach, um conhecido hacker de iPhone que agora comanda a empresa de segurança Guardian Firewall. “Eu não chamaria de brincadeira de criança, mas não é super difícil.” A avaliação não é compartilhada pelo governo dos EUA. Na segunda-feira, o procurador-geral dos EUA, William Barr, criticou a Apple, dizendo que a empresa não fez o suficiente para ajudar o FBI a desbloquear os iPhones.

“Estamos ajudando a Apple o tempo todo no comércio e em muitos outros problemas, e eles se recusam a desbloquear telefones usados por assassinos, traficantes de drogas e outros elementos criminosos violentos”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, em um tuíte na terça-feira. Os comentários aumentam a pressão sobre a Apple para criar maneiras especiais para as autoridades acessarem os iPhones. A Apple não quis criar essas portas, dizendo que também poderiam ser usadas por criminosos.

De fato, Strafach e outros especialistas em segurança disseram que a Apple não precisaria criar uma porta para o FBI acessar os iPhones que pertenciam a Alshamrani. Neil Broom, que trabalha com agências de polícia para desbloquear aparelhos, disse que a versão do software do iPhone 5 e iPhone 7 pode dificultar o desbloqueio dos aparelhos. Mas ainda seria possível.

“Se os telefones em particular estiverem em uma versão específica do iOS, pode ser tão fácil quanto uma hora e ‘boom’, estão dentro. Mas eles podem estar em uma versão iOS que não tem vulnerabilidade”, disse.

Na terça-feira, um porta-voz do Departamento de Justiça dos EUA disse que não tinha nenhuma atualização sobre os esforços do governo para desbloquear os dispositivos. Na segunda-feira, a Apple disse que forneceu “todas as informações” relacionadas aos celulares por meio de serviços baseados na Internet, como o iCloud.

No ataque em San Bernardino, em 2016, o governo usou a tecnologia da Cellebrite para debloquear o iPhone e, se os especialistas em segurança estiverem certos, provavelmente também será o caso desta vez. Mas isso não deve solucionar o impasse entre o FBI e a Apple. Está cada vez mais difícil para empresas como a Cellebrite desbloquearem iPhones, pois os aparelhos ficaram mais sofisticados, disse Yotam Gutman, diretor de marketing da empresa de segurança cibernética SentinelOne.

Desbloquear um iPhone 11, o modelo de smartphone mais novo da Apple, seria muito mais difícil, se não impossível, disse Strafach, da Guardian Firewall.

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