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Falha de design da Intel é oportunidade para a AMD

Os analistas dizem que a qualidade dos chips da AMD não se compara à da Intel ou da Nvidia, especialista em GPU, mas eles são mais baratos

AMD: processador da empresa lida bem com tarefas de produtividade e games (AMD/Divulgação)

AMD: processador da empresa lida bem com tarefas de produtividade e games (AMD/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 18h03.

Última atualização em 4 de janeiro de 2018 às 18h04.

A AMD está entre as ineptas fabricantes de semicondutores. Uma falha de segurança nos chips de computador de sua maior rival lhe dá uma pequena chance para mudar sua sorte.

A má notícia para a Intel foi uma reportagem que relata que uma falha de design em seus chips informáticos, amplamente utilizados, deixou muitos computadores pessoais vulneráveis a hackers durante cerca de uma década. As pessoas se acostumaram a um fluxo constante de más notícias sobre ataques cibernéticos, mas essa falha da Intel talvez seja a mãe de todas as notícias ruins do mundo cibernético. A Intel respondeu que está trabalhando para resolver a vulnerabilidade e que chips de outras empresas poderiam ser explorados de maneiras semelhantes.

Previsivelmente, as ações da Intel foram abaladas pela reportagem publicada pelo site de notícias de tecnologia The Register. E o preço das ações da Advanced Micro Devices, a única rival real da Intel em chips de computadores pessoais, ganhou um empurrãozinho. As ações subiram cerca de 6 por cento no início da negociação na quarta-feira. É um pequeno consolo para os acionistas da AMD. O retorno total da empresa no último ano, de 3 por cento negativos, ficou entre os piores desempenhos do setor de semicondutores.

A alta da ação da AMD é exagerada. A Intel é, de longe, a líder do mercado em CPUs (unidades de processamento central), que funcionam como cérebros para computadores pessoais e servidores de computadores. Nos laptops, por exemplo, a participação de mercado da Intel é de mais de 93 por cento, e a da AMD é de 7 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence. É difícil imaginar que os principais atores do setor de computadores pessoais, como a Lenovo ou a Microsoft, reagiriam a essa falha de design trocando CPUs da Intel por CPUs da AMD.

Mas a AMD é uma retardatária há tanto tempo que até mesmo uma pequena janela de oportunidade parece ser uma grande porta. E a AMD vem tentado aos poucos sair do buraco profundo e escuro que cavou para si.

A empresa tem trabalhado em novos modelos de CPUs e em uma classe diferente de chips, conhecidos como GPUs, que estão sendo cada vez mais usados na computação de inteligência artificial. Os analistas dizem que a qualidade dos chips da AMD não se compara à da Intel ou da Nvidia, especialista em GPU, mas eles são mais baratos. As empresas que compram chips estão sempre tentando encontrar maneiras de conseguir que a Intel e a Nvidia reduzam seus preços, e comprar um caminhão de produtos da AMD pode dar-lhes a vantagem de que elas precisam.

Os novos produtos da AMD estão ajudando. A receita da empresa cresceu 22 por cento nos primeiros nove meses de 2017, e o ano cheio deve registrar o melhor crescimento anual em mais de uma década. O recente tropeço da Intel oferece à AMD uma chance de conquistar algumas vendas entre fabricantes de PCs que já tinham vontade de diversificar para se afastar da Intel.

O que é potencialmente bom para o negócio da AMD é, obviamente, algo negativo para a Intel. A empresa sofreu porque ser a rainha da CPU já não é como antigamente. Os PCs deixaram de ser um negócio de crescimento, e GPUs estão se tornando mais essenciais na computação. Essa é uma categoria na qual a Intel está atrás da Nvidia.

A Intel e a AMD vão enfrentar um caminho difícil nos próximos anos, porque as inovações da computação estão afastando o setor das especialidades dessas empresas. Mas, na gangorra do presente, a Intel está em baixa, e isso significa que a sorte da AMD melhorou um pouco.

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